Vinte cantoras prestaram homenagem a Roberto Carlos em show pomposo nesta terça, 26, em São Paulo
Por Marcos Lauro Publicado em 27/05/2009, às 16h11
O congestionamento se estendia da Praça Ramos até a Rua da Consolação na noite desta terça, 26. No caminho, a rua Xavier de Toledo estava entupida, devido aos carros que se direcionavam ao Teatro Municipal, no centro velho de São Paulo. O helicóptero que sobrevoava o local só reforçava o porte do evento que aconteceria ali em alguns minutos. Nas comemorações dos cinquenta anos de carreira do cantor e compositor Roberto Carlos, vinte cantoras uniram suas vozes no espetáculo Elas Cantam Roberto para mostrar músicas que o fizeram se tornar conhecido como o Rei da música popular brasileira. E bota popular nisso.
Às 21h33, Hebe Camargo abriu a noite interpretando "Você Não Sabe". Com um vestido longo e branco, Hebe lembrou a todos que a sua face mais conhecida, a de apresentadora de TV, não é a única. Minutos depois foi a vez de Alcione subir ao palco. Nesse momento, o primeiro arrepio foi sentido por todo o teatro. Alcione pegou "Sua Estupidez" e comprou a briga. Pareceu até que a história da letra havia acabado de acontecer com ela, nos bastidores. Cantou com a alma, defendeu a música e já no primeiro verso, "meu bem", fez o teatro tremer. No seguinte, "você tem que acreditar em mim", já estavam todos boquiabertos e impressionados por aquela interpretação.
O repertório escolhido para esta noite foi romântico, mas também houve momentos rock 'n' roll. O primeiro, com Daniela Mercury, em "Se Você Pensa", com direito a dois dançarinos no palco. Depois, Marina Lima e sua guitarra, com "Como Dois e Dois". Entre elas, Wanderléa (que ganhou um enorme buquê de flores da plateia), Fernanda Abreu (para combinar com a levada funk de "Todos Estão Surdos") e Marília Pêra, que dividiu opiniões. Com movimentos exagerados e teatral ao extremo, a atriz interpretou "120... 150... 200 Por Hora", música que tem a estrutura de uma narração, uma fuga. A platéia reagiu com risos constrangidos pelos exageros e foi um momento de inquietação nas cadeiras. Se a intenção foi mexer com o público, ponto para a atriz.
Houve espaço também para o samba de Mart'nália com "Só Você Não Sabe". Na sequência, Adriana Calcanhoto dispensou a orquestra com cerca de vinte músicos para cantar "Do Fundo do Meu Coração" somente ao violão.
"Os Seus Botões" e "Olha" foram as últimas músicas, interpretadas pela grávida do momento, Ivete Sangalo. "Tô bonita?", perguntou no silêncio entre uma música e outra. "De frente ou de perfil?", mandou, só para mostrar a barriga, ainda pequena.
No final da noite, com um terno azul-escuro, o homenageado surge no palco, intercalando versos de "Emoções" com um discurso de agradecimento. Em seguida, Roberto Carlos inicia "Como É Grande o Meu Amor Por Você", com um trecho cantado por cada cantora, como se estivesse sendo disputado todas elas. Os beijos e abraços demorados fizeram jus ao duplo sentido de "Elas Cantam Roberto".
No bis, ainda com todos no palco, "É Preciso Saber Viver". Em pouco mais de duas horas, alegrias e tristezas foram cantadas pelas mais diversas vozes. Da doçura de Sandy à malandragem de Mart'nália. Do agudo de Zizi Possi ao grave de Ana Carolina, o repertório comprovou a importância que esse cantor e compositor tem na história cultural brasileira. Não somente pelo número de hits, mas pelo dom de transformar o dia-a-dia, as dores e as emoções em músicas.
Na TV
Quem não desembolsou entre R$ 30 e R$ 1.200 poderá assistir ao show no próximo domingo, 31, na Rede Globo. Além disso, a apresentação também deve virar CD e DVD. E para quem deseja um repertório que lembre o lado mais rock do Rei, está programado o espetáculo RC Rock Symphony para o dia 11 de agosto, no Ginásio do Ibirapuera. Segundo comunicado divulgado à imprensa, será "o encontro de várias gerações do rock brasileiro com o seu maior ídolo e precursor". As bandas e artistas confirmados ainda não foram divulgados.
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