Equipe de Tudo que Aprendemos Juntos foi ovacionada em exibição histórica da Mostra, encerrada com orquestra sinfônica
Lucas Borges Publicado em 04/11/2015, às 17h24 - Atualizado em 30/11/2015, às 18h29
Nada de Jardins, Higienópolis, Perdizes, Alto de Pinheiros ou Itaim Bibi. Umas das mais glamorosas noites da 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo aconteceu no centro da cidade, na Sala São Paulo, e teve como grande estrela a periferia. Nessa terça-feira, 3, a Heliópolis, maior comunidade da capital paulista, literalmente tomou para si a batuta na classuda casa de concertos e recebeu de pé a ovação do público durante a exibição de gala de Tudo Que Aprendemos Juntos.
O diretor Sérgio Machado (Cidade Baixa), o elenco mirim do filme e os rappers Criolo e Rappin Hood, que participam da produção na trilha sonora (encerrada por uma faixa inédita com Sabotage) e atuando, estiveram presentes para assistir à sessão. Em tempos de ânimos acirrados e discussões políticas à flor da pele, nada mais elegante do que convidar o lado mais prejudicado da história para expor a sua versão.
Veja clipe exclusivo sobre "No Rolê (Eu Vou)", faixa feita por Rappin Hood para o filme:
Lázaro Ramos vive em Tudo Que Aprendemos Juntos o violinista Laerte. Rejeitado pela Orquestra Sinfônica de São Paulo (Osesp), resta a ele dar aulas de música clássica na periferia para sobreviver. Chegando lá, o artista encontra a realidade na parte esquecida da cidade: pobreza, violência e famílias desestruturadas.
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Contra todas as adversidades, Laerte ensina a refinada arte para aquelas crianças supostamente sem futuro. Uma história de conto de fadas que não pode ser rotulada como piegas simplesmente porque é verdadeira. O roteiro é baseado na peça Acorda Brasil, do empresário Antônio Ermírio de Moraes, que por sua vez conta os feitos do Instituto Bacarelli e da criação da Orquestra Sinfônica do Heliópolis.
Lázaro Ramos e Criolo contracenam em Tudo que Aprendemos Juntos; veja o trailer.
Além do belíssimo retrato, Sérgio Machado não alivia na realidade: os diálogos entre os jovens atores (entre eles Kaique de Jesus, presente anteriormente em Linha de Passe) são pesados, à beira do constrangimento social. O dilema entre o estado e os marginalizados também está ali, sem maniqueísmos. “Foi um filme que de alguma maneira transformou minha vida. Aprendi principalmente no convívio com os meninos, o quanto eles com uma pequena fagulha, uma pequena chance, viram um foguete, viram a solução do país”, disse o diretor à Rolling Stone.
Como se o relato ficcional não fosse suficiente, ao final da exibição, a própria Orquestra do Heliópolis se postou diante dos espectadores na Sala São Paulo interpretando música clássica e canções brasileira em um emocionante encerramento.
“No meu tempo a orquestra não existia”, disse à reportagem Rappin Hood, também criado em Heliópolis. “Hoje temos esse projeto monstro e podemos ver a comunidade aqui, a sinfônica aqui, os rappers também. Esse filme merece muito, tomara que seja premiadíssimo, ele representa nossa comunidade. Acho que é uma coisa fácil de se ver: quando se investe na qualidade de vida do povo, em educação, cultura, saúde, o povo responde assim. Dessa maneira maravilhosa.”
Já exibido em festivais internacionais e vendido para 19 países até aqui, Tudo que Aprendemos Juntos estreia em 3 de dezembro nas salas comerciais do Brasil.
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