Inspirada no romance de Sally Rooney, a série britânica acompanha a transformação de amor jovem e honesto que precisa encarar a vida
Nicolle Cabral Publicado em 21/06/2020, às 19h00
Fenômeno de audiência da BBC e no Hulu, Normal People chegará ao Brasil pela plataforma de streaming Starzplay no dia 16 de julho. Inspirada no romance homônimo de Sally Rooney, a série foi aclamada pela crítica pelo desenvolvimento de roteiro e atuações dos protagonistas Daisy Edgar-Jones como Marianne e Paul Mescal, no primeiro papel para a televisão, como Connell.
Roteirizada pela própria autora do best-seller e Alice Birch, a série é um drama sensível e complexo sobre o primeiro amor que perdura a adolescência até a vida adulta. Ambientada na Irlanda, no início de 2010, Normal People acompanha, inicialmente, o cotidiano de Connell, um jovem atleta, popular, mas modesto e Marianne, uma figura curiosa, solitária, inteligente e sarcástica — que aos olhos dos colegas de Connell é vista como alguém repugnante — durante o ensino médio.
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O contato entre os personagens é posto pela mãe de Connell, Lorraine (Sarah Greene), que trabalha na casa da família de Marianne — essa diferença de classe social dos personagens é sutilmente exposta na produção, mas ecoa ao longo de toda a narrativa como um detalhe intrínseco da relação dos dois.
Ao admitirem atração um pelo outro, Marianne e Connell se envolvem sexualmente e constroem um relacionamento que passeia entre o orgulho e a vergonha: quando a sós, se reconhecem pela afinidade intelectual e a atração sexual magnética, contudo, quando circulam pelos mesmos corredores da escola, mantém a relação em segredo. A escolha é socialmente confortável para Connell, que enfrenta o medo de ser provocado pelos colegas, porém, assombra os personagens durante todos os anos da relação.
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Dirigida por Lenny Abrahamson e Hettie Macdonald, Normal People se desenvolve entre a dor e a beleza de um amor genuíno que sofre pelos impasses de quem o vive. As inseguranças de Marianne com a própria aparência, a falta do aconchego familiar e de uma figura paterna dificultam o entendimento da personagem na busca da própria identidade e acentuam a concepção distorcida que ela tem sobre relacionamentos. O irmão Alan (Frank Blake) e a mãe Denise (Aislín McGuckin) aparecem pontualmente ao longo da série de forma fria e perturbada para Marianne.
Por outro lado, Connell vive em uma relação gentil com a mãe, que apresenta picos de motivação e também desaprovação. Individualmente, Connell é um personagem cheio de emoções, mas que raramente consegue dialogar com isso, exceto quando escreve contos ou troca e-mails com Marianne. Ainda assim, ele vive um conflito interno e constante sobre a própria capacidade, luta contra crises de ansiedade e um quadro de depressão.
Ao longo dos 12 episódios, os personagens se transformam e esses impasses individuais também. A cada novo capítulo, Normal People indica o novo período da vida a ser retratado: o ensino médio, a faculdade e os planos de uma carreira no futuro. Tudo isso com Marianne e Connell juntos — seja amorosamente ou não — porque a única coisa que realmente importa é o vínculo que eles criaram.
As cenas em que os personagens se encontram, longe de qualquer clichê, são sempre um triunfo de emoções. A impressão é que, na série, tudo é muito silencioso, mas a forma como os sentimentos dos personagens são colocados a flor da pele nos mostra que toda a comunicação deles é sobre o que eles não estão dizendo e sim o que estão sentindo. Então, todos os toques e olhares são emocionalmente bonitos. As cenas de sexo são frequentes, mas nunca gratuitas ou vazias, e transmitem — com suspiros pesados — a correspondência de um amor.
Normal People é uma narrativa intensamente íntima que nunca se esforçou para estar imune aos fatores externos da vida: não é só porque eles se amam que podem fugir dos contratempos do mundo — ou deles mesmos. Sem fantasias, a narrativa foge do padrão das outras séries de televisão para te hipnotizar com um retrato honesto, confuso, exaustivo e bonito sobre como é amar alguém.
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