No palco do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, cantora mostra que evoluiu, mas que não é uma artista completamente diferente da garota que surgiu há quatro anos na internet
Lucas Reginato Publicado em 01/07/2012, às 11h48 - Atualizado às 12h20
Mallu Magalhães não é mais a garota que surgiu em 2008 na internet com voz infantil e hits onomatopeicos. Ela mudou – e isso já é senso comum, principalmente após um ensaio publicitário em que apareceu sensual, no início do ano, e o clipe de “Velha e Louca”, em que ela mesma canta: “Amigo, eu tô em outra. Eu tô ficando velha”. Mas se o álbum Pitanga, lançado no ano passado, mostra uma evolução tão grande e completa em seu trabalho, a apresentação ao vivo fica no meio do caminho entre a primeira e a segunda fase da carreira da cantora. Pelo menos foi essa a impressão deixada no show de lançamento do disco (que, na verdade, saiu em 2011), no palco do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, na noite deste sábado, 30.
A faixa de abertura, “Cena”, evidencia logo de cara a influência do namorado Marcelo Camelo na elaboração deste projeto. A escolha por timbres delicados e melódicos atravessa toda a apresentação, mas esta primeira canção em especial tem uma guitarra melancólica e um solo que facilmente estariam em uma composição do Los Hermanos. Mallu mostra intimidade com os acordes da música, que já toca desde antes do lançamento de Pitanga. O mesmo não aconteceu em alguns outros momentos, como por exemplo quando ela errou a letra de “Xote dos Milagres”, surpreendente cover do Falamansa escolhido para integrar o repertório. Levando em consideração que é uma turnê nova, não foram raros os desencontros não só da cantora como de sua banda, composta por Davi Bernardo na guitarra, Rafael Miranda na bateria, Thiago Consorti no baixo e Rodolfo Guilherme nos instrumentos de sopro.
Faixa a faixa, o novo álbum é apresentado ao público, que, no decorrer da apresentação, percebe que a transformação da artista não é tão gritante como aparentou àqueles que se surpreenderam com o som de Pitanga. Durante as primeiras músicas, Mallu não conseguiu se desvencilhar de sua já tradicional timidez. Sua imagem juvenil ressuscitou quando, ao acabar de cantar o belo samba “Ô, Ana”, agradeceu sem jeito à plateia com um singelo “obrigado a todo mundo”.
“In the Morning” é uma das faixas do novo disco que remetem à “antiga Mallu”. Embora mais complexa e entoada por uma voz mais madura, conserva a felicidade ingênua dos tempos de “Tchubaruba”. Foi no fim desta música que uma transformação começou a acontecer no palco. Até esta que foi a sexta canção do set list, a cantora parecia ter dificuldades para se entregar às canções e cantá-las com mais segurança. Mas a deliciosamente preguiçosa “Por Que Você Faz Assim Comigo?” finalmente mostrou a mulher que a plateia estava curiosa para conhecer – e as palmas exaltadas provaram isso.
Pela temática e repercussão, “Velha e Louca” é sem dúvida a música que mais divulgou a nova fase de Mallu Magalhães, que por sua vez deu a devida atenção à composição, mostrando-se mais segura, ensaiando até mesmo alguns passos de dança e explorando um pouco mais o palco. Não fosse um teatro, o público com certeza a acompanharia com mais vigor (a própria cantora reclamou da distância entre ela e a primeira fileira). O problema foi solucionado quando Mallu pediu que os presentes se levantassem e se aproximassem antes de ela cantar “Me Gustas Tu”, cover de Manu Chao.
A última música do set list não poderia ser mais representativa. “Sambinha Bom” já demonstra ser outra faixa bastante querida pelos fãs, e é uma das canções que dificilmente Mallu cantaria não fosse a influência de Camelo. Ele, inclusive, apareceu nos últimos acordes junto à equipe de apoio, cada um com um chocalho na mão, em uma aparição sem qualquer pretensão técnica, mas explicada pelas merecidas palmas que homenagearam o principal influenciador na evolução musical da estrela da noite.
Mallu de fato mudou. Hoje sua música tem consistência estética e um repertório muito mais criativo e apurado. Não se pode, por outro lado, supor que as singularidades da cantora foram deixadas de lado (a timidez, por exemplo), pois a “mulher” Mallu, como dizem, é, assim como acontece com qualquer pessoa, a evolução natural de uma menina que talvez nunca deixe de existir.
Alfa Anderson, vocalista principal do Chic, morre aos 78 anos
Blake Lively se pronuncia sobre acusação de assédio contra Justin Baldoni
Luigi Mangione enfrenta acusações federais de assassinato e perseguição
Prince e The Clash receberão o Grammy pelo conjunto da obra na edição de 2025
Música de Robbie Williams é desqualificada do Oscar por supostas semelhanças com outras canções
Detonautas divulga agenda de shows de 2025; veja