Império dos Sonhos já gera lista de discussões sobre a trama
André Rodrigues, do Rio, para o site da RS Publicado em 29/09/2007, às 00h00 - Atualizado em 01/10/2007, às 13h29
As teorias já começaram a pipocar. Quem matou Nikki Grace? Ou melhor: será que Nikki Grace realmente está morta? Pra piorar um pouco: Nikki Grace existe ou é apenas uma imagem na tela de cinema? E os outros? Serão fantasmas?
Não faltam enigmas em Império dos Sonhos, novo filme de David Lynch (Cidade dos Sonhos, Veludo Azul), que tem sessões concorridíssimas no Festival de Cinema do Rio de Janeiro e promete também lotar suas exibições na Mostra Internacional de São Paulo - o filme deve estrear em circuito em outubro.
Mas o que é que Lynch tem? De cara, a invejável capacidade de desnortear o espectador, levando-o a acreditar numa trama para logo depois implodi-la em outros significados e sentidos.
O prólogo de Império dos Sonhos parece ser bem simples (tirando meia dúzia de imagens um tanto estranhas, como uma família usando cabeças de coelhos). Quando Laura Dern (atriz principal de Lynch em Coração Selvagem) entra em cena nos primeiros minutos, a platéia respira aliviada. Parece que estamos em seara conhecida, num longa-metragem com história, começo, meio e fim. Um pouco de metalinguagem, por certo, mas nada que nos tire o chão.
Laura é Nikki Grace, atriz que ganha um papel importante em "On High in Blue Tomorrows", provável sucesso de bilheteria que será dirigido por Kingsley (Jeremy Irons).
Então, acontecem as primeiras conversas com o elenco, a troca de idéias entre os atores e... Danou-se. Numa das leituras, vêem alguém espiando o ensaio. Tentam correr atrás do malandro, mas não conseguem descobrir quem anda xeretando as filmagens. É a senha para entrarmos de vez na brincadeira. E a montanha-russa começa. E não pára. O tal filme na verdade se revela um remake de uma obra inacabada, pois os atores dessa primeira versão foram assassinados... Na Polônia. Parece.
Surgem lendas sobre maldições, portas que se abrem para quartos fantasmagóricos, homens e mulheres falando numa língua estrangeira (sem legendas), crimes, nove garotas dançando animadamente dentro de um cubículo, traições, mais pessoas com cabeças de coelho, uma mulher dizendo que vai matar alguém, uma trupe de circo de algum lugar do Báltico... Ora bolas, afinal, estamos num longa de David Lynch, certo?
Filmando inteiramente no formato digital, muitas seqüências adquirem plasticidade exuberante, com sustos, rostos distorcidos e uma incontável fragmentação de tempo e espaço.
Há um imenso deslocamento da platéia, como se todos fossem levados a girar com os olhos vendados e depois soltos num labirinto.
Quando o filme foi lançado nos Estados Unidos, o próprio David Lynch se encarregou da promoção, carregando de cinema em cinema as cópias de Império dos Sonhos e depois participando de debate com o público. Além disso, fez campanha para que Laura Dern - de fato, extraordinária - fosse indicada ao Oscar, ficando sentado - ao lado de uma vaca - em ruas de Los Angeles e pedindo votos para sua atriz.
Sem dar certezas sobre suas intenções, o diretor costuma afirmar que seu mais recente trabalho é apenas sobre uma mulher com problemas. É, faz sentido.
Mas uma coisa podemos chutar sem medo de errar: o final deste Império... mostra que o negócio mesmo é se divertir com o cinema. E em época de Lost, até que David Lynch tem bastante lógica.
Império dos Sonhos, de David Lynch
Sábado - 29/09, às 18h30
Est Barra Point 2
Domingo - 30/09, às 22h
Estação Ipanema 2
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