Amy, que tem direção de Asif Kapadia, conta com imagens inéditas da cantora
Andy Greene | Tradução: Ligia Fonseca Publicado em 23/07/2015, às 13h16 - Atualizado às 13h39
Há cerca de dois anos, o documentarista Asif Kapadia começou a entrevistar amigos, colaboradores e parentes de Amy Winehouse em um estúdio de Londres. A cantora havia morrido menos de dois anos antes e as emoções ainda estavam à flor da pele. Então, ele deixou a câmera de lado e usou apenas um gravador de áudio para fazer com que os entrevistados se sentissem mais à vontade. “Estavam nervosos e havia muito sentimento de culpa”, relembra Kapadia. “Virou uma espécie de terapia. Todo mundo se abriu e falou sobre coisas que não havia nunca dito a ninguém.”
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O filme de Kapadia, Amy – lançado no Festival de Cannes em maio, com resenhas elogiosas, ainda sem data para chegar aos cinemas do Brasil –, conta a história da problemática cantora com uma profundidade inédita. O diretor usou imagens de arquivo nunca vistas e mais de 100 entrevistas recém-gravadas para documentar o talento e a decadência dolorosa de Amy, que culminou em sua morte aos 27 anos por intoxicação alcoólica.
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Mais conhecido por Senna ,filme de 2010 sobre o brasileiro tricampeão de Fórmula 1, o cineasta britânico afirma que sabia pouco sobre a cantora quando assumiu o projeto. “Descobri o ser humano criativo, inteligente e engraçado que ela era”, conta Kapadia. “Não sabia de nada disso. Não sei se alguém sabia.”
À medida que lentamente ganhava a confiança de quem era próximo dela – incluindo sua melhor amiga, o empresário e o polêmico ex-marido, Blake Fielder-Civil –, recebia das fontes fotos e vídeos raros que compõem boa parte do filme. Cenas do começo, como a de uma Amy adolescente cantando “Feliz Aniversário” na festa de 14 anos de uma amiga, revelam o talento natural da cantora, enquanto a metade final do filme documenta seus agonizantes problemas com as drogas. Menos conhecida do público é a luta que ela travou contra a bulimia, que provavelmente teve um papel considerável na morte precoce da artista, ao enfraquecer seu coração. “Ela fazia reuniões em restaurantes e comia muito, mas não tinha nada de massa corporal”, conta Kapadia.
Uma cena poderosa mostra Amy gravando os vocais para “Back to Black” com o produtor Mark Ronson. “Isso chegou até a gente puramente por acaso”, revela o diretor. “Ouvimos um boato de que alguém havia registrado a sessão e acabamos encontrando as imagens.”
O filme mostra repetidamente enxames de paparazzi agressivos perseguindo a frágil cantora aonde quer que ela fosse, mesmo quando tentava entrar na reabilitação e consertar sua vida. “É bastante visceral. Através dos tabloides, a vida dela virou uma piada, e ela era uma alma sensível. Não era confiante o suficiente para lidar com essas questões.”
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O pai de Amy, Mitch Winehouse, um taxista de Londres que começou a lançar as próprias músicas depois que a carreira da filha decolou, deu amplas entrevistas a Kapadia e é visto em boa parte das imagens de arquivo – em um momento, aparecendo até em uma visita a ela durante férias no Caribe, embora Amy não tivesse ideia de que ele chegaria com uma equipe de filmagem. O retrato geral é de um pai profundamente dedicado, mas que também estava muito interessado em maximizar o potencial de lucro da filha, mesmo enquanto a saúde dela degringolava. Mitch ficou extremamente irritado com a edição final do filme. “Estão tentando me retratar do pior ângulo possível”, afirmou ao jornal The Guardian, em maio (ele se recusou a falar com a Rolling Stone para esta reportagem).
Além da música: o legado fashion de Amy Winehouse.
Mitch fez objeção a uma passagem que o mostra sugerindo que a filha não precisava de reabilitação – afirma que quis apenas dizer que ela não precisava daquilo em 2005, mas que posteriormente apoiou a ideia à medida que a condição dela piorou. Kapadia defende o retrato mostrado no filme. “Estamos contando a história no presente. Naquele momento específico, foi o que aconteceu.”
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As cenas finais, em que uma Amy doente mal consegue cantar no palco, podem ser difíceis de assistir, assim como o momento em que as autoridades saem da casa dela em Londres carregando um corpo. “Parte da intenção do final é perguntar: ‘Como deixamos isso acontecer?’”, declara Kapadia. “Como deixamos esse negócio continuar e ninguém interveio e impediu isso?”
Veja o trailer de Amy abaixo
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