A Esperança – Parte 1, novamente com direção de Francis Lawrence, estreia nesta quarta-feira, 19, em 1,3 mil salas de cinema espalhadas pelo Brasil
Pedro Antunes Publicado em 19/11/2014, às 18h15 - Atualizado às 19h37
Katniss Everdeen, novamente interpretada por Jennifer Lawrence, está destruída. Esfacelada mentalmente, a personagem sobreviveu a dois Jogos Vorazes e chega ao terceiro filme da franquia homônima, A Esperança – Parte 1, como uma arma em potencial, mas fragilizada demais para ter utilidade na causa rebelde.
Jennifer Lawrence estampa a capa da edição de novembro da Rolling Stone Brasil.
A senhorita Everdeen seria um prato cheio para um cinema denso e dramático. Estamos falando, contudo, de um dos maiores lançamentos do planeta – no Brasil, por exemplo, Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 chega a 1,3 mil salas nesta quarta-feira, 19. E, no mundo dos blockbusters, a heroína definitivamente não pode se perder em si mesma. Deve andar de queixo erguido e partir logo para o ataque.
O diretor Francis Lawrence tinha, diante dele, um filme político, com altas cargas dramáticas, com críticas à sociedade na qual vivemos em diversos níveis e profundidades. Entrega um produto extremamente pop, embora razoavelmente embasado, mas com deficiências estruturais tamanhas que é impossível vê-lo como um produto incompleto.
Trailer final de Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1
Lançado como uma trilogia de livros, Jogos Vorazes entrou para a máquina do entretenimento – como era de se esperar – e o terceiro e último livro da série, A Esperança, foi transformado em duas partes na adaptação para os cinemas. Já vimos isso acontecer com outras franquias de sucesso como Harry Potter e Crepúsculo, mas no caso das obras de Suzanne Collins, o resultado é deficitário pela ausência de uma identidade própria maior do que “aquele filme que serve como prólogo para o grande final”.
Como Jennifer Lawrence tornou-se a garota mais interessante de Hollywood?
Infelizmente, Francis Lawrence não conseguiu criar uma trama única e própria para A Esperança – Parte 1. O filme, por si só, não vale como produto com início, meio e fim. Na verdade, ela é um grande “meio”, com pequenas subtramas que se resolvem ali mesmo, mas irrelevantes, como o reaparecimento do gato da irmã de Katniss.
A história da heroína é dividida em duas tramas correlacionadas. Katniss ainda quer salvar Peeta Mellark (Josh Hutcherson), companheiro dela nos dois Jogos Vorazes anteriores e preso pelo verdadeiro inimigo deste longa, a poderosa Capital, comandada pelo presidente Snow (Donald Sutherland).
Entrevista: “Quando a fama acontece pela primeira vez, é horrível”, diz Jennifer Lawrence.
O drama dela é infantil, quase birrento, para conseguir reencontrar o colega. Enquanto ela deveria ser o rosto de uma revolução civil diante de um governo opressor e violento, Katniss se vê obrigada a proteger apenas Peeta – e o coloca no topo de suas prioridades. O equivoco de Francis Lawrence é alimentar um triângulo amoroso entre Katniss, Peeta e o outro pretendente da heroína, Gale Hawthorne (Liam Hemsworth). Não há tempo para isso quando se é refugiado político e está arquitetando uma revolução que colocará abaixo um governo totalitário poderosíssimo, certo?
Assista ao clipe:
Enquanto Katniss segue a saga para convencer os líderes da revolução de que o resgate de Peeta é importante para a causa libertária – e tenta se decidir se gosta ou não do grandalhão Gale –, Jogos Vorazes: A Esperança – Parte Um, mostra o grande trunfo: a batalha política e o marketing de guerra. É aí que o longa-metragem de pouco mais de duas horas ganha relances daquilo que poderia ser por inteiro: thriller político de intrigas, espionagem e de um duelo através da televisão e propaganda.
Era a deixa de Jogos Vorazes: Em Chamas, lançado no ano passado, no encerramento do filme, quando Katniss é resgatada de mais uma disputa mortal. Todos os planos da revolução foram escancarados, vilões se tornam mocinhos. Um desfecho empolgante, mas que se perde na sequência imediata.
A propaganda da revolução é a especialidade de Plutarch Heavensbee (interpretado por Philip Seymour Hoffman), que se torna o principal articulador das artimanhas da rebelião, em acertar em cheio o rival, no caso, a Capital, sem o derramamento direto de sangue. O ânimo do povo é transformado graças à estratégia de Heavensbee, disparadamente o melhor do filme e cabeça inteligente o bastante para manipular a heroína a assumir o papel de líder involuntária da revolução.
É inegável que o público sairá do cinema ansioso pela segunda e parte final do longa e colocará mais alguns milhões nas contas dos poderosos-chefões de Hollywood, em novembro de 2015. Mas a pergunta é: precisava, mesmo, disso?
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