Liam Neeson e Joel Kinnaman no filme - Reprodução

Novo thriller de Liam Neeson, Noite Sem Fim mistura explosões e debate sobre ética policial

Filme dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra (A Casa de Cera) chega aos cinemas do Brasil em 30 de abril

Lucas Borges Publicado em 29/04/2015, às 12h39 - Atualizado às 14h12

Jimmy Conlon, protagonista de Noite Sem Fim, tem um quê de Liam Neeson. Assim como o ator que o interpreta, Conlon está cansado de ação. Ao contrário da estrela de Hollywood, que promete estar longe das explosões e tiros nos cinemas em até dois anos, o veterano criminoso mostra não ter perdido o gosto por sangue. O longa-metragem chega aos cinemas do Brasil nesta quinta-feira, 30.

Exclusivo: atores comentam thriller de ação Noite Sem Fim.

As cenas iniciais de Noite Sem Fim mostram um vilão decadente. Afogado no álcool, passando vergonha enquanto é obrigado a ser o Papai Noel em uma festa da máfia, para ganhar uns trocados no final do ano.

Quando um detetive de polícia de Nova York cruza com a solitária figura mastigando um sanduíche duro, em uma lanchonete da Big Apple, e pergunta a ele quantos assassinatos cometeu durante a “carreira”, Conlon dá as caras. Nos dez minutos seguintes de trama, ele manda com a maior tranquilidade do mundo mais três corpos para a vala.

Ed Harris, indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em quatro oportunidades por Apollo 13, O Show de Truman, Pollock e As Horas, oferece peso ao longa-metragem como Shawn Maguire, pai de uma das vítimas do amigo e funcionário Conlon. É esse controverso assassinato o responsável pela noite sem fim.

A ação fica um pouco de lado quando o protagonista é obrigado a conviver novamente com o filho dele, vivido por Joel Kinnaman, o novo RoboCop, do diretor brasileiro José Padilha. Noite Sem Fim também é dirigido por um latino, o espanhol Jaume Collet-Serra (Sem Escala, A Orfã). Além do espaço para o drama familiar, a ética policial, no olho do furacão dos debates sociais nos Estados Unidos atualmente, vira alvo de questionamento.

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Agentes invadem apartamentos de famílias negras em um conjunto habitacional e uma rebelião aos moldes de Ferguson ou Baltimore (cidades dos EUA que se tornaram caldeirões raciais recentemente depois de jovens afrodescendentes serem mortos pela polícia) parece prestes a estourar.

Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Kinnaman, que é sueco, filho de um soldado do exército dos Estados Unidos desertor da Guerra do Vietnã, reforça os indícios de engajamento identificados no filme.

“Tem uma disputa nos Estados Unidos com uma rude e profunda estrutura racista e também existe uma divisão de classes. Gente pobre é tratada como cidadãos de segunda classe e muitas vezes suprimida pela polícia”, diz ele.

O próprio personagem de Kinnaman acaba sendo acuado pela corrupção da corporação que deveria servir e proteger. Até que um matador de aluguel com toques de ciborgue aparece distribuindo balas e o espectador se lembra de que não está vendo Spike Lee.

O novo longa de Neeson, que estreia em 30 de abril no Brasil, não foge à regra da maioria dos trabalhos recentes do irlandês, como a trilogia Taken e Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Entre um momento alucinante e outro, porém, há espaço para reflexão.

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