- Lagum no clipe de "Ninguém me Ensinou" (Fotos: Pedro Milagres )

O futuro da Lagum: como a banda quer homenagear legado de Tio Wilson nos próximos lançamentos [ENTREVISTA]

Grupo mineiro lançou o clipe emocionante para "Ninguém me Ensinou" como uma celebração à vida do baterista

Yolanda Reis | @_ysreis Publicado em 10/10/2020, às 10h00

A madrugada de 13 de setembro entristeceu o pop brasileiro. Tio Wilson, baterista da Lagum, morreu depois de um show na zona metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, cidade natal do grupo. Breno Braga tinha 34 anos, e teve um problema cardiorrespiratório.

A tragédia precoce correu o país. Muita gente - fãs da banda ou não, alguns colegas músicos, jornalistas - prestaram as homenagens a Tio Wilson. Uma das mais emocionante delas veio algumas semanas depois, pela própria banda.

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Nos primeiros dias de outubro, Lagum lançou um clipe para “Ninguém me Ensinou.” O vídeo, emocionante do início ao fim, trouxe a banda recordando o baterista ao lado da família e amigos dele - Ellen Cassim, esposa dele há seis anos (grávida do primogênito, agora); Janice Braga e William Vieira, pais dele; Bruno, irmão, e os sobrinhos Amora e Bernardo Braga.

Todos estavam ali, com um sorriso, celebrando Breno. Apesar da chuva do clipe, da tristeza da situação, e do clima agridoce da recepção. A alegria generalizada daqueles que detestam despedidas parece ser, finalmente, a melhor das homenagens: Tio Wilson é descrito, por quem esteve perto dele, como alguém alegre. Nunca o contrário. Então tudo isso faz sentido.

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"Ninguém me Ensinou" começa na bateria e foi gravada pela Lagum lá pelo meio de 2020. Foi uma de algumas deixadas pelo Tio Wilson. Como um prenúncio irônico, a letra diz: “Tenho 20 e tantos planos / pra antes dos 30 anos / Alguém diz pra onde vamos / Tenho pressa de existir / Me disseram ‘calma, mano / cê tem tempo sobrando pra errar’ / E estou certo que não vou parar aqui.”

 

Em entrevista para Rolling Stone Brasil, os meninos da Lagum - Otávio Cardoso e Jorge, guitarras; Pedro Calais, vocal; e Chico Jardim, baixo - explicaram que, de fato, não vão parar aí. Nem Tio Wilson: nos próximos meses, lançarão o material gravado com Breno ao longo dos últimos meses. Depois, tudo isso fará parte de novo disco. E depois… Ainda estão pensando sobre. Leia a entrevista:

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Vocês lançaram esta semana o clipe de “Ninguém me Ensinou.” Até me fez chorar… Como foi gravar algo tão emocionante assim? 

Otávio Cardoso (Zani): 

Na pré-produção, tivemos uma conversa sobre a questão do nosso emocional, como estávamos, se daríamos conta de gravar. Cada um estava de um jeito. Quem estava melhor fortaleceu o outro. Era algo muito recente, a morte do Tio, então tivemos bastante dificuldade.

Porém, no dia da gravação, foi maravilhoso, sabe? O [Alexandre] Stehling , diretor do clipe, e a equipe dele deixaram a gente super à vontade. Trocamos ideia, nos demos força. Foi um dia massa, um dia feliz, mesmo. Foi algo bem legal. Principalmente a chuva. Chegamos 4h para fugir da chuva, mas mesmo assim ela chegou e ajudou bastante no clipe.

O outro dia de gravação também foi massa. Durante todo o tempo, tivemos contato com a família e amigos do Tio, porque são amigos nossos, e praticamente nossa família, também. Foi legal, sabe? A vibe foi boa, do início ao fim da gravação. Nossa preocupação não se concretizou. Então, foi maravilhoso demais!

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No clipe vocês convidaram os pais do Breno, o irmão, os sobrinhos… O clima com a família estava bem legal, bem vibe de homenagem. No set foi assim também? 

Otávio Cardoso (Zani):

O clima estava excelente! Os familiares e amigos do Tio são pessoas que sempre estiveram presentes na Lagum. Os primos do Tio, por exemplo, acredito que foram as pessoas que mais foram nos nossos shows, em várias cidades diferentes, sempre acompanhavam a gente. Quando ensaiávamos na casa do Tio, a mãe dele sempre fazia um cafezinho para nós, uma beleza. Uma vez viajei com o pai dele…

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São pessoas próximas, realmente próximas, com quem a gente sempre teve contato. Então, foi excelente. Não teve aquela tristeza. Foi vibe de homenagem, mesmo. Estamos aqui felizes por poder fazer isso pelo Tio, poder mostrar o quão importante ele era para gente. Isso foi muito compartilhado com os amigos e familiares.

Fotos de Pedro Milagres 

 

A música começa na bateria. Ela já estava mixada antes, vocês precisaram alterar…? 

Jorge:

É engraçado que, no processo de estúdio, essa música acabou tendo várias possíveis introduções, com outras levadas na ‘batera’, outros riffs de guitarra… Mas recordo da gente estar lá com Los Brasileiros - o Dan Valbusa, Marcelinho Ferraz e Pedro Dash [produtores] - e eles têm uma escola muito grande na vida deles de rock, hard rock.

O Dan sugeriu essa batida inicial da batera, o “bacun bacun” [risos]. Aí, o Tio fez, ficou na pressão. Mas isso já existia, a música estava do jeito que tá. Meio que tudo aconteceu na forma que aconteceu, a música do jeito que estava acabou fazendo muito sentido.

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Na descrição do vídeo, vocês disseram que essa é uma das algumas faixas que o Breno deixou gravadas. Vocês já trabalham nas próximas, quais são os planos?

Pedro Calais:

Na verdade, já estava tudo pronto. Tínhamos a ideia de lançar um álbum, e já tínhamos começado o processo de lançamento das músicas, nossos primeiros singles foram “Hoje Quero me Perder” e “Será” [com IZA]. Antes do Tio partir, tivemos a ideia de adicionar mais duas músicas nesse projeto. Fomos pro sítio do Tio, passamos uns dias lá compondo. Quando voltamos para Belo Horizonte, tínhamos uma diária num estúdio para gravar um conteúdo que ia para uma premiação. Esse compromisso caiu, mas tínhamos a diária. Aí pensamos: “Vamos aproveitar esse tempo e gravar um ensaio da gente tocando as músicas novas para ter uma guia do que vai ser…”

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Aí o Tio ficou numa sala separada com a bateria microfonada. Nem chegamos a produzir essa música juntos… Mas temos a ‘batera’ do Tio perfeitinha gravada. Vamos começar a trabalhar em cima dessas duas músicas em breve, vamos produzir elas em cima do que tio já gravou.

Fotos de Pedro Milagres 

 

E quais são seus planos com as músicas? Um disco, lançamento isolado…

Pedro Calais:

Para os planos futuros, vamos replanejar tudo. Antes, a gente tinha um conceito, um storytelling que a gente já estava bolando, inclusive, com os primeiros lançamentos feitos. Mas vamos replanejar tudo. Em breve, vamos lançar música nova e mais alguns lançamentos vão acontecer. Isso com certeza vai resultar em um álbum e em uma turnê.

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Para a banda, vocês já têm algum plano para o futuro próximo? 

Chico Jardim:

Depois dessa homenagem que fizemos para o Tio Wilson, com toda nossa energia, força e carinho, planejamos várias coisas para o futuro próximo, médio e longo também… Mas é pensar nos próximos lançamentos, música por música, e aproveitar que o Tio Wilson deixou esse legado maravilhoso que está gravado.. Aí é pensar direitinho como vamos prosseguir, os próximos lançamentos. Estamos pensamos nisso. 

Vamos dar continuidade no nosso trabalho, no flow… No workflow, para pensar em turnê e no fim do coronavírus - estamos torcendo e almejando essa vacina. 

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No mais, algo que queiram dizer?

Chico Jardim:

Acho que, no momento, quero agradecer profundamente a todo mundo que nos fortaleceu desde o que aconteceu. A todos os fãs, quem esteve presente… Soltamos essa homenagem para o mundo, porque acho que todo mundo precisava disso, e não só nós, a banda - qualquer pessoa que sentiu a energia do Tio. Agradecemos a todos, essa foi uma homenagem para todos.

Agora, vamos que vamos para frente, continuar seguindo a vontade da banda, que o legado vai para frente e ainda vai para muito longe. Estamos juntando força para continuar com tudo!

Cena do clipe de "Ninguém me Ensinou"

+++ TERNO REI: ‘ANTES DE LANÇAR, VOCÊ NUNCA SABE SE É BOM OU RUIM’ | ROLLING STONE

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