Gogol Bordello no Lollapalooza - Thais Azevedo

“O Gogol Bordello é um estilo de vida”, diz Eugene Hütz

Vocalista do Gogol Bordello, que fez show no Lollapalooza neste domingo, 8, compara show de rock a artes marciais

Bruna Veloso Publicado em 08/04/2012, às 18h13 - Atualizado às 18h24

Eugene Hütz poderia estar exausto após o show do Gogol Bordello, mas o cantor não parece se cansar facilmente. Em entrevista à Rolling Stone Brasil após a apresentação da banda no Lollapalooza, ele explicou que seu passado permite que ainda tenha energia de sobra após shows altamente energéticos, como o que ele realizou na tarde deste domingo, 8. “Você tem que abordar o rock como uma arte marcial. É a única forma, se não quiser morrer em uma turnê. Antes de me tornar músico, eu era atleta, fazia corridas de longa distância”, conta o cantor, nascido na Ucrânia.

Crescendo na Europa, Hütz viveu sob a influência de “bandas punk melancólicas”, conforme ele define, como Joy Division, e chegava a esconder esse lado esportista. “Quando mudei para os Estados Unidos, foi muito libertador, porque conheci gente como Henry Hollins, o Fugazi, e a cena skate no punk. A celebração da trindade de mente, espírito e corpo em aceleração é muito próxima de mim”, ele afirma, de forma abstrata. “Naturalmente, me interessei por kung-fu e outras artes marciais orientais, porque vejo uma semelhança com o que fazemos no palco.”

Para ver um show do Gogol Bordello, não é preciso conhecer profundamente o repertório da banda. A atmosfera animada do gypsy punk do grupo faz com que até mesmo garotas que costumam fugir de rodas de pogo se aventurem entre os marmanjos. “As garotas amam o Gogol Bordello, sempre foi assim. E nós amamos as garotas”, brinca Hütz. “Mulheres são uma grande inspiração para mim como artista e compositor. Às vezes as pessoas escrevem que minha trajetória ao redor do mundo ocorreu por conta de uma razão política ou filosófica, mas foi basicamente por mulheres.”

O último disco do Gogol é Trans-Continental Hustle, de 2010. A vida corrida de Hütz – quando não está em turnê ele se divide entre Brasil (Rio de Janeiro), Estados Unidos (Nova York) e Ucrânia - faz com que a banda não se preocupe em lançar discos anualmente. Mas a produção nunca para, segundo ele. “Eu sempre tenho novas músicas. Vamos começar a gravar em agosto. Não somos uma banda que tem que ir lá e escrever, e se preparar. Só precisamos arrumar tempo entre turnês. Já está feito.”

“O Gogol Bordello é um estilo de vida. É uma família de mentes e é uma coisa que acontece no dia a dia”, ele continua, complementando que, apesar de tocar em uma banda de rock, também aprecia um tempo como anônimo. “Há meses em que vivo apenas como um vizinho comum, ninguém sabe quem eu sou. Eu moro lugares diferentes pelo mundo, e muita gente não tem ideia de que canto em uma banda. E é assim que gosto – passo por essa loucura do rock and roll e depois por esse tempo recluso."

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