A rede social é uma das tendências de viralização de hits, mas protagoniza uma série de polêmicas
Camilla Millan Publicado em 11/06/2020, às 07h00
Nova promessa de lançamento de hits, o TikTok atua como uma das principais redes de interação entre os mais de 500 milhões de perfis - além de ser uma crescente tendência em fazer músicas viralizarem. Por meio de danças, vídeos cômicos e tutoriais, o aplicativo chinês se tornou uma febre mundial.
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“Old Town Road”, de Lil Nas X, foi uma das canções que viraram febre do aplicativo, uma vez que protagonizou um desafio que consistia nos indivíduos se transformarem em cowboys. Outro famoso e mais recente hit foi “Savage”, de Megan Thee Stallion. A faixa fez tanto sucesso que, posteriormente, Beyoncé fez parceria na canção. No entanto, apesar do alcance e benefícios para a indústria musical, nem tudo são flores na rede social.
Apesar de aparentar ser um ótimo meio de interação - principalmente durante o isolamento social devido à pandemia de coronavírus -, o TikTok está envolvido em algumas grandes polêmicas que incluem censura e invasão de privacidade.
Em 2017, o TikTok surgiu da maneira que conhecemos atualmente. Antes disso, ele se chamava Douyin, famoso na China. Quando alcançou muita popularidade, a ByteDance, empresa criadora, comprou o aplicativo Musical.ly - e assim criou-se o TikTok, um app mais completo e com um enorme potencial de expansão.
O TikTok é, praticamente, uma segunda versão do Douyin, sendo uma das principais diferenças o fato de não haver filtros exigidos pela censura do governo ditatorial Chinês - pelo menos explicitamente. Ambos os apps continuam existindo paralelamente em um vínculo que gera preocupações.
Não é apenas o Facebook que lida com uma grande polêmica envolvendo invasão de privacidade. Segundo o TechTudo, em 2019, uma ação coletiva foi movida em um tribunal da Califórnia, alegando que o TikTok coletaria dados de perfis sem consentimento e enviando as informações para servidores na China.
Segundo a estudante Misty Hong, meses após baixar e testar o TikTok - tudo sem criar uma conta - o aplicativo criou um perfil para ela cuja senha era o próprio número de telefone. Além disso, o app gravou os vídeos feitos no modo rascunho e usou vários dados particulares dela, como informação biométrica e reconhecimento facial.
A ação também identificou que dois servidores chineses estariam armazenando as informações, mesmo ilegalmente.
A captação ilegal de dados não para por aí. De acordo com o El País, em 2019, o TikTok pagou uma multa de US$ 5,7 milhões por captar ilegalmente dados pessoais de menores da plataforma. Mais do que isso, as polêmicas se intensificaram quando, em 2018, o diretor-geral do aplicativo se comprometeu em “aprofundar a cooperação” com o Partido Comunista da China. Por causa disso, o app teve que lidar com vetos temporários na Índia, Indonésia e Bangladesh.
Segundo documentos analisados pelo The Intercept, mediadores do TikTok foram instruídos a esconder vídeos de deficientes, pessoas consideradas “feias” e casas consideradas “pobres” - tudo isso para atrair mais pessoas e criar um ambiente “perfeito”.
Os documentos, utilizados pelo aplicativo no último semestre de 2019, detalham características corporais e locais que definem o fato de perfis serem barrados, de forma invisível, de aparecerem da seção “Para Você”, que recomenda automaticamente vídeos por meio de algoritmos.
Assim, as orientações explicavam que moderadores deveriam “esconder” uploads de perfis considerados “feios” ou com falhas congênitas. Alguns dos termos usados foram: “forma corporal anormal”, “aparência facial feia”, “barriga de cerveja óbvia”, “muitas rugas” e “problemas nos olhos".
De acordo com a reportagem, o ambiente no qual o vídeo é gravado também deveria ser inspecionado: “ambientes em ruínas”, podendo ser “favelas ou campos rurais” também seriam escondidos de novos perfis por não serem atrativos. “Paredes descascadas” ou “decoração de mau gosto” também entraram na lista.
Em entrevista ao The Intercept no início de 2020, o representante da plataforma Josh Gartner falou que as diretrizes não são mais utilizadas.
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Em 2019, também surgiram denúncias de bloqueio de vídeos políticos, principalmente quando se trata de direitos humanos na China. Um dos casos mais famosos é o de Feroza Aziz, de 17 anos. A jovem publicou um vídeo que aparentava ser um tutorial de maquiagem, mas no meio da filmagem iniciou uma série de críticas à China, alegando que as autoridades estariam colocando muçulmanos em campos de concentração.
Após o vídeo viralizar, ela denunciou que não conseguia mais acessar a conta no aplicativo, no qual aparecia a mensagem “temporariamente suspenso”. Apesar de ter acontecido após a publicação da filmagem, um porta-voz do TikTok afirmou que a conta dela foi suspensa devido a um vídeo antigo no qual ela mencionava o terrorista Osama Bin Laden.
Em matéria do The Intercept, ex- funcionários do aplicativo explicaram que a política de regras do TikTok é ditada pela equipe da China - e, segundo documentos divulgados pelo site, o aplicativo estabelece censura manual para “discursos políticos sérios considerados inflamatórios ou perigosos”.
Assim, haveria a proibição de lives que citassem a Praça da Paz Celestial, onde aconteceu o maior massacre da história da China, nos anos 90. Além disso, a independência do Tibete também seria um assunto censurado pelo TikTok.
No documento, 64 infrações são classificadas para transmissões ao vivo na plataforma, entre elas lives “perigosas à segurança nacional” e “sobre órgãos estatais como a polícia, as forças armadas, etc”. Além disso, há punição permanente para mulheres que fizerem lives “com roupa que marque os mamilos” ou se aparecerem “grávidas e tiverem menos de 18 anos”.
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No início de 2020, foi publicado pelo The Intercept uma matéria sobre um jovem brasileiro que se suicidou ao vivo no TikTok. Aconteceu durante uma live, e apesar das denúncias de espectadores, o aplicativo quis preservar a própria imagem antes de chamar a polícia ou contatar a família.
De acordo com uma ex-funcionária da ByteDance, empresa dona do TikTok, os moderadores souberam do ocorrido 40 minutos depois, e a conta do garoto só pode ser excluída posteriormente, com o vídeo sendo exibido durante uma hora e meia.
Assim que notificados sobre o ocorrido, funcionários entraram em contato com a equipe de relações públicas para divulgar uma nota de pêsames para perfis e imprensa - e os funcionários foram proibidos de comentar sobre o assunto, devendo apenas monitorar as redes sociais para saber se algo seria comentado.
Apenas 4 horas e meia após o suicídio - ou duas horas e meia depois de terem conversado com a equipe de relações públicas - os funcionários do TikTok acionaram a polícia. O escritório brasileiro da imprensa falou ao The Intercept que, desde o ocorrido, atualizou as políticas de transmissões ao vivo e adicionou ferramentas e protocolos de denúncia.
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