Segundo procuradores, produção da Netflix teria priorizado a atuação da Polícia Federal na operação e prejudicado o Ministério Público Federal
Henrique Nascimento Publicado em 04/03/2024, às 12h30
A série O Mecanismo, criada por José Padilha (Tropa de Elite) e exibida entre 2018 e 2019 pela Netflix, inflamou uma rixa entre os procuradores do Ministério Público Federal e a Polícia Federal por conta da forma em que ambos eram retratados na produção, que é baseada na Operação Lava Jato, deflagrada em 2014.
Segundo uma reportagem da revista Piauí, os procuradores da Lava Jato, incluindo o coordenador Deltan Dallagnol, acreditavam que os colegas "eram desleais" e queriam roubar o "protagonismo da operação", que aconteceu até 2021, com a intenção de investigar crimes relacionados a um esquema bilionário de desvio e lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras.
A série da Netflix, que era estrelada por nomes como Selton Mello (O Auto da Compadecida), Caroline Abras (Vale dos Esquecidos), Enrique Diaz (Amor de Mãe), Jonathan Haagensen (Impuros) e Antonio Saboia (Deserto Particular), ajudou a intensificar essa rixa após a sua estreia, em 2018, o que teria preocupado os procuradores.
"Foda pra gente mesmo. Louva a PF. Detona MP como soberbo, ingênui e não ponta firme. Sobrou até pro Moro também", declarou Dallagnol, que chegou a brincar sobre querer "um galã" para interpretá-lo antes de assistir à série. "Fiquei na dúvida até se não é o caso de deixar bem claro que tem um pequeno percentual de realidade, mas a maioria é criação.”
Orlando Martello Júnior, procurador do MPF do Paraná, também se preocupou com a série: “Bomba!! Assisti O Mecanismo. Pinta o MPF da pior forma possível. Preocupou-me que isso irá para o mundo. A PF é mais ética que o juiz e o MPF. Se a coisa continuar assim, a defesa de Lula vai chamar o diretor para depor na ação […]. Essa temporada está perdida para nós", afirmou.
A reportagem também revelou que a preocupação com a série era antiga. O procurador Alan Mansur Silva chegou a questionar Dallagnol sobre o assunto: “Deltan, alguém da Lava Jato está fornecendo informações ao José Padilha […]? Nosso receio é que como há consultoria dos delegados, [a série] saia muito ‘pró-delegado’", disse.
A Piauí também procurou Padilha para comentar as declarações: “Sobre os procuradores reclamarem que a PF tem mais protagonismo na série: não me surpreende em nada. Durante a produção o Dallagnol me procurou para que eu assinasse as dez medidas DELE contra a corrupção. Eu achei descabido e recusei", declarou.
"Depois, na filmagem do documentário que estou fazendo, em parte sobre meu próprio erro crasso de avaliação da Lava Jato, pedi que a turma do Intercept desse um search nas mensagens usando meu nome. Apareceu uma mensagem dos procuradores dizendo pro Dallagnol me procurar que era certo que eu iria apoiar a sua lista! A procuradoria buscava o apoio de pessoas conhecidas para ganhar visibilidade. Queriam os holofotes", acrescentou o cineasta.
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