Nomes como Tame Impala e Boogarins resgatam a estética sessentista
Lucas Borges Publicado em 07/09/2015, às 11h11 - Atualizado às 11h25
Cores berrantes, mente aberta, livre experimentação, viagens sonoras. Os loucos anos 1960 podem parecer coisa de um passado romântico. Mas a psicodelia está viva e hoje espalha-se ao gosto dos ventos em um mundo globalizado, hiperconectado pela internet.
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A primeira irradiação da onda lisérgica tem origem bem definida. O falecido Jerry Garcia, líder do Grateful Dead, afirmou ter participado a partir de 1964 dos “acid tests”, experiências musicais movidas a substâncias alucinógenas realizadas em São Francisco, usando remessas de drogas testadas em universidades. Da Califórnia ainda sairia a música tecnológica e a moda viajaria ao Reino Unido para fazer a cabeça de grupos como Beatles, Led Zeppelin, Pink Floyd e outros, tomando diversos pontos do globo.
O “renascimento psicodélico” não tem pai definido: veio de várias iniciativas e bandas que surgiram nos últimos tempos. Dentre elas, a britânica MGMT (cujo primeiro hit, “Time to Pretend”, é de 2008) e a australiana Tame Impala. O fato é que a mistura de guitarras distorcidas, sintetizadores, reverbs e loops ganhou força novamente, arrebatando cada vez mais público.
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“Em todo lugar está rolando, tem bandas de vários países curtindo nossa música no SoundClound”, diz Julito Cavalcante, integrante dos grupos Macaco Bong e Bike. “Tem a Melody, da França, tem um pessoal da Nova Zelândia. Aqui no Brasil já havia Supercordas, Elefante Púrpura, Boogarins. Na Inglaterra, tem o Temples e outras várias. Nos Estados Unidos, dá para citar o Allah-Lahs.” Com o Bike, Cavalcante acaba de lançar o álbum 1943, homenagem ao ano em que o cientista suíço Albert Hofmann sintetizou o LSD, que foi testado durante um alegre passeio de bicicleta. O LSD hoje é proibido, mas estudos recentes nos Estados Unidos tentam avaliar possíveis benefícios da droga no tratamento de doenças como depressão.
“Há uma visível tendência ao resgate da música e da estética sessentista e setentista desde a década passada”, concordam Jimmy Pappon e Rodrigo Bourganos, do Bombay Groovy, que flerta com a música oriental. “Nosso finado baixista Danniel Costa dizia que isso acontece porque o mundo se tornou novamente muito careta e quadrado, trazendo a necessidade de uma nova perspectiva e o desenvolvimento de outros campos da percepção. Mais cores, texturas e possibilidades, uma sinestesia estética geral.”
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Ninguém coloca isso em palavras de forma mais deliciosamente delirante do que um dos mestres do gênero no Brasil, Arnaldo Baptista, cofundador dos Mutantes. “[Psicodelia] é música hipersensível no sentido de expandir o alcance dos instrumentos musicais, do teclado alcançar violinos, pistões com mellotron, a [guitarra] Fender alcançar os médios profundos e assim por diante”, viaja.
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