Banda faz o último show da turnê do terceiro álbum na quinta-feira, 20, em São Paulo
Pedro Antunes Publicado em 19/12/2018, às 09h29
O som do sexteto de metais atravessava a porta de madeira e as janelas antirruído como se fossem papel. Lá dentro, o trio paulistano O Terno, com a adição de seis músicos de instrumentos de sopro, revisitavam "66", faixa que deu nome ao primeiro disco dos rapazes, lançado em 2012, um trote acelerado e existencialista - "Me diz meu Deus o que é que eu vou cantar?Já foi cantado por alguém", diz a primeira estrofe - que desemboca em um grito vagaroso de independência e confusão.
Parece que faz uma vida desde que a banda surgiu com essa canção, esse clipe divertido (eleito o melhor vídeo pelo Prêmio Multishow), e foi apontada como a revelação do ano pela MTV quando a premiação da emissora, o VMB, ainda existia.
De lá para cá, eles lançaram outros dois discos, O Terno (2014) e Melhor do que Parece (2016), e Tim Bernardes, o vocalista, letrista e guitarrista fez seu primeiro voo solo, com o álbum Recomeçar (2017). Para o terceiro álbum, Gabriel Basile, o Biel, entrou para a banda para ficar responsável pelas baquetas. Os rapazes rodaram o País, fizeram shows fora do Brasil, tocaram duas vezes no Lollapalooza paulistano e até no programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo.
"Eu nem fazia parte da banda ainda, mas posso falar com propriedade", brinca Biel, no papo com a Rolling Stone Brasil, depois do ensaio, "que esses seis anos coincidem com anos muito importantes para a vida adulta, dos 22 aos 28, a emancipação, um monte de primeiras vezes", ele diz. O baterista, com 30 anos, o mais velho do grupo, tem razão.
O Terno amadureceu nos palcos, musicalmente e pessoalmente. Viveram altos e baixos das paixões intensas que só os 20 anos podem proporcionar, encontraram novos questionamentos sobre a existência e celebraram o crescimento do seu público. As suas canções se tornaram mais complexas e, também, mais digeríveis. São capazes de pop travesso, azeitado, delicioso.
Por isso, parece chegar ao fim um capítulo ou um grande ciclo por parte do grupo, formado ainda por Guilherme D'Almeida, o Peixe, no baixo.
Nesta quinta-feira, 20, O Terno se despede de Melhor do Que Parece, um disco sobre amadurecer. Ano que vem, no início de 2019, vão soltar o quarto álbum da carreira.
Com gostinho de festa de fim de ano, O Terno recebe o sexteto de metais no palco do Cine Joia, a partir das 22h. Participa também da apresentação Rincon Sapiência, mas dar mais detalhes sobre a participação do rapper seria "spoiler", como brinca Tim. "Na verdade, só fomos descobrir o que seria, mesmo, ontem", diz Biel, sobre o ensaio com o Rincon, na segunda-feira, 17. Mais informações sobre o show, aqui.
É interessante se despedir de um disco como Melhor do Que Parece, uma espécie de raio de sol naquele ano de 2016, que vinha depois de um álbum acinzentado (O Terno, de 2014). Na entrevista realizada para o lançamento de MDQP, eles falavam sobre se tratar de um disco mais iluminado. Desenhavam um círculo no ar com as mãos e Melhor do Que Parece estava posicionado no alto.
Depois, vieram tempos mais sombrios (politicamente, economicamente e tal). "Veio Recomeçar", diz Tim, sobre seu álbum solo, mais denso, em 2017. Isso não quer dizer, contudo, que Melhor do Que Parece tenha envelhecido mal. Sua claridade ainda faz sentido.
"É um otimismo de 'zoom out'", explica Tim. "Porque ali estamos celebrando a vida, o amor", justifica. Biel conclui: "Não é que estamos ali, falando de coisas como eleições. Elas são músicas mais abertas, mais existenciais. O significado das canções se altera de acordo com o momento."
A despedida de Melhor do Que Parece também é um recomeço, afinal. Depois dele, surgirá o novo álbum d'O Terno. "É um álbum que faz sentido vir depois de Melhor do Que Parece e Recomeçar", indica Tim.
"É um disco mega e mini", brinca o vocalista. "É um disco de virada de fase, da gente, da nossa idade, de vida adulta. Trará esse tipo de reflexão e sentimento", ele explica.
O momento de se aprofundar no quarto álbum da banda está por vir, é claro. Entendimento mais pleno sobre o trabalho, contudo, só ocorre depois que ele está na rua (ou nas plataformas de streaming) e os shows circulam o País.
Assim foi num papo de agosto de 2016, quando Melhor do Que Parece estava prestes a sair e os três davam suas primeiras impressões. Hoje, quando eles tratam do álbum, têm mais consciência da própria obra. "Naquela época, o disco ainda estava só na nossa caverna, né?", relembra Biel, sobre a entrevista publicada aqui. "A gente não tinha tocado aquelas músicas para as pessoas", lembra Peixe.
Por isso, o papo sobre o quarto disco gira mais em torno de especulação e expectativas. As ideias e conceitos ainda são embrionárias e também limitadas às primeiras impressões do trio. "Não é um disco de rock", diz Tim e ele mesmo completa: "Mas, também, nenhum disco d'O Terno é de rock".
"O Tim toca violão em algumas músicas. Eu toco bateria com vassourinhas", explica Biel. Quem conclui é o companheiro de banda: "Isso pode passar uma impressão muito errada… Ou muito certa", diz Tim.
O certo, mesmo, é que O Terno aprendeu a viver os momentos da forma como eles se apresentam. Por isso, a cena que abre esse texto se mostra tão emblemática. Passada a afobação da juventude, eles dão passos com calma - e têm sido certeiros nisso.
"Me diz meu Deus o que é que eu vou cantar?", perguntava o Tim de 2012. A sua versão de 2018 não precisa de tanta ansiedade.
Parece que foi uma vida atrás. E foi, mesmo. "Vários retornos de saturnos vividos", brinca Tim.
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