Oitavo ano da trama ficção científica mais cultuada de todos os tempos estreia neste sábado, 23
Guilherme Guedes Publicado em 23/08/2014, às 10h00
Jenna Coleman parece ainda mais uma boneca pessoalmente. Simpática, atenciosa e belíssima, a atriz de 28 anos interpreta a professora Clara Oswald desde a sétima temporada de Doctor Who, a série inglesa de ficção científica mais cultuada de todos os tempos, cujo oitavo ano estreia neste sábado, 23, no Brasil e no Reino Unido, simultaneamente.
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A britânica esteve no país durante a passagem da Doctor Who World Tour pelo Rio de Janeiro no começo desta semana, uma espécie de evento itinerante que passou por seis cidades ao redor do mundo para aumentar as expectativas em torno da nova temporada, que marca a estreia de Peter Capaldi como Doctor Who. Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Jenna revelou detalhes sobre as mudanças que a série atravessará nessa nova etapa e avaliou a importância de um papel tão significativo para a própria carreira. Veja abaixo:
Como você está? Disseram que você estava fazendo as unhas agora há pouco.
Que vergonha (risos)! Eu geralmente faço essas coisas antes das entrevistas, mas chegamos do México há pouco tempo. Estamos fazendo [a Doctor Who World Tour] em esquema de guerrilha, rock n’ roll total, porque não tem outro jeito. Mas tem sido muito legal.
Quer dizer que falta tempo ao elenco de Doctor Who? Isso é meio irônico, não?
Pois é. Mas voltamos para o futuro em um voo que fizemos durante esses dias, de Sydney para Nova Iorque. Foram 22 horas de voo, e… Bem, eu não sei nem como explicar o que houve (risos). Em algum momento atravessamos os fusos horários e as coisas ficaram meio “Doctor Who”.
Deve ser influência da série.
Sim. Provavelmente (risos).
Bom, os teasers dão a entender que a nova temporada da série será mais sombria. O que os fãs podem esperar, tanto da saga quanto da relação entre o Doutor e Clara?
Houve algumas mudanças. Quando eu assisti ao primeiro episódio [da nova temporada] eu fiquei chocada porque ainda é essencialmente Doctor Who, mas é muito diferente da temporada anterior. O tom da série mudou, e obviamente o décimo-segundo doutor é bem diferente. A dinâmica da série é totalmente nova, mais impetuosa, mais sagaz, mais sombria… É difícil explicar.
Você passou por uma transição parecida com a que Peter está passando agora, quando Clara substituiu Amy na sétima temporada. Como é fazer parte de um seriado em que os personagens mudam constantemente, e como Peter tem encarado essa mudança?
A série está em mutação constante. O segredo é encontrar a minha própria maneira de enxergá-la, e eu ainda estou aprendendo a fazer isso. É um processo longo; você pode chegar com muitas ideias sobre tudo aquilo, mas em Doctor Who é que você precisa estar preparado para se deixar levar pela história, e para jogar fora as ideias pré-concebidas. Peter encarou esse papel com muita garra, e muita disposição de tentar coisas novas. Uma vez, no set de gravação, o diretor disse para ele correr dentro da TARDIS [a cabine policial usada como máquina do tempo no seriado] fazendo isso ou aquilo, mas ele respondeu: “isso é o que as pessoas esperam que o Doctor faça, mas não é o que eu faço”. Isso exigiu muita coragem dele, e é por isso que eu acho que essa temporada será um sucesso. Ele criou algo diferente.
E como Clara se adaptou ao novo Doctor?
Ela enlouqueceu totalmente! O legal é que a gente não simplesmente disse “ah, temos um novo Doctor, vamos seguir em frente”. Nós realmente exploramos a regeneração, e o que representa quando o seu melhor amigo muda de rosto, de corpo e de personalidade. É por isso que tudo parece tão complicado entre os dois nesta temporada. De repente, ela não reconhece mais o Doctor. Ele age de outra forma, é completamente imprevisível, e é muito difícil para Clara superar isso.
As companheiras do Doctor sempre são influenciadas pelas diferentes encarnações dele e vice-versa. Com a chegada do novo Doutor, o que os fãs de Clara podem esperar dela na oitava temporada?
Ele faz com que ela se revele alguém que quer controlar tudo à volta dela. O novo Doctor é muito mais agitado, e leva o caos aonde vai. Tudo fica mais complicado para Clara, que tem dificuldade de acompanhá-lo - e ele, por sua vez, não consegue entender que ela é uma mulher, por exemplo. Ela acabando ficando de fora do processo dele em alguns momentos, o que a deixa furiosa. É como um casal que se ama intensamente, mas um odeia o outro na mesma proporção. E também conseguimos ver um pouco mais da vida cotidiana dela, de como ela equilibra as aventuras com o Doctor e o dia-a-dia comum.
As possibilidades são infinitas em Doctor Who: você pode estar em qualquer lugar no espaço e em qualquer momento na história, o que possibilita explorar várias facetas de um mesmo personagem. É o trabalho dos sonhos para uma atriz como você?
Eu acho que sim. É uma oportunidade única por duas razões: em primeiro lugar, por todas essas mudanças. Podemos estar na Inglaterra medieval e segundos depois em um cenário futurista no espaço, e isso é ótimo porque cada episódio pode ter um gênero próprio, pode ser mais sombrio, mais engraçado… Além disso, a dinâmica entre o Doctor e as companheiras é muito interessante. É muito bom poder aprofundar essa amizade nas telas e fora delas.
Você ainda é muito jovem. Você tem algum tipo de receio de ficar marcada como “a Clara do Doctor Who” para o resto da carreira?
Não, de jeito nenhum. Eu sei que isso é algo que só acontece uma vez na vida, e só quero aproveitar enquanto posso. Conversei sobre isso com Matt [Smith, o último ator a protagonizar a série antes de Capaldi], inclusive. Não existe outro trabalho nesse ramo com o mesmo nível de liberdade que nós temos, com tantos desafios, é como um parque de diversões para a gente. Então não há porque se preocupar com o futuro desde que você continue a buscar papeis interessantes que te inspirem a emocionar as pessoas.
Em sua opinião, há espaço para vermos uma versão feminina do Doctor, um dia? E caso o papel fosse oferecido a você, você aceitaria?
Ah (risos), me perguntaram isso recentemente, e eu disse que houve tantas versões de Clara, tantos “ecos” dela pela história que acho que ela atingiu a cota de personagens diferentes, ou versões de um mesmo personagem em uma mesma série (risos). Quanto ao Doctor ser uma mulher, eu não vejo porque isso não poderia acontecer. Acredito que dependerá muito da atriz escolhida para isso, porque o Doctor sempre tem algumas características peculiares, e se for alguém capaz de transmitir isso, por que não?
Antes de entrar para o elenco, você não acompanhava a série. Hoje, que você é parte essencial dela, e pôde viajar pelo mundo e observar esse fenômeno global que Doctor Who se tornou, como você explicaria o fanatismo que os fãs têm pela série?
Acho que é porque, em sua essência, Doctor Who fala sobre fugir e se aventurar, e acredito que não exista um único ser humano que não gostaria da ideia de viajar pelas estrelas, por todo o espaço/tempo. E também porque temos todos esses filmes de super-heróis fantásticos, mas que são especialistas em artes marciais, têm super poderes… Não são aquela pessoa comum que moraria na casa ao lado. Clara é uma professora de ensino fundamental que viaja pelas estrelas e volta a ser uma professora. É fácil se relacionar com a série, e por isso existem fãs de todas as idades, no Brasil, na Coreia do Sul ou na Austrália.
Você seria amiga do Doctor?
Uau (risos)! Boa pergunta… Estou tentando imaginar o que eu faria se o Doctor chegasse com a TARDIS e… Quero dizer, você iria, não?
Provavelmente.
Quem diria não? “Você quer viajar pelas estrelas, pelo tempo e pelo espaço?” É claro!
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