- Especialistas analisando as obras destruídas, incluindo 'As Mulatas', de Di Cavalcanti (Foto: Divulgação/ Twitter/ @DanAdjuto)

Obra de Di Cavalcanti avaliada em R$ 20 milhões é danificada durante invasão ao Palácio do Planalto

Além do painel, outras peças foram destruídas durante os atos antidemocráticos, incluindo um raro relógio do século 18; confira imagens das obras

Redação Publicado em 09/01/2023, às 15h00

O Brasil assistiu com surpresa enquanto o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal eram invadidos e depredados em Brasília, na tarde do último domingo, 08. Dentro das sedes dos Três Poderes, os apoiadores de Bolsonaro responsáveis pelos atos não apenas quebraram vidraças e destruíram móveis e equipamentos, como ainda danificaram diversas obras históricas.

A primeira notícia que tomou conta das redes sociais foi sobre o painel As Mulatas, criado pelo famoso Di Cavalcanti em meados de 1962 e avaliado em cerca de R$ 20 milhões (via Veja). Exposta no Palácio do Planalto, a histórica obra do artista brasileiro foi atacada pelos invasores, e acabou sendo perfurada pelo menos cinco vezes, de acordo com informações da Folha.

“As mulatas”, de Di Cavalcanti. 7 rasgos. pic.twitter.com/1HMMbcF9JB

— Daniel Adjuto (@DanAdjuto) January 9, 2023

+++LEIA MAIS: Ministro revela cenas de destruição no Palácio do Planalto

Já no Salão Verde da Câmara dos Deputados, o icônico vitral Araguaia, criado por Marianne Peretti em 1977, também foi danificado pelos vândalos. Única mulher na equipe escolhida por Oscar Niemeyer para o projeto do Congresso Nacional, Peretti, que faleceu no ano passado, criou o vitral de vidro temperado com jatos de areia, a fim de representar a sensação do curso de um rio, segundo O Globo.

Ícone da justiça e da democracia no país, a famosa escultura A Justiça, criada por Alfredo Ceschiatti em 1961, chegou a ser pichada pelos vândalos — e, com isso, também foi utilizada por muitos como cenário de fotos do ato antidemocrático. A escultura Bailarina, de Victor Brecheret, por sua vez, chegou a ser retirada do lugar onde estava exposta e, mais tarde, foi encontrada jogada no chão.

A escultura "A Justiça", do artista mineiro Alfredo Ceschiatti, inaugurada em 1961, também foi vandalizada pelos terroristas golpistas bolsonaristas. pic.twitter.com/QvvnyZy4BR

— William De Lucca (@delucca) January 8, 2023

+++LEIA MAIS: Lula decreta intervenção federal no DF após invasão ao Congresso, Planalto e STF

Um quadro de Renan Calheiros foi rasgado, e a escultura O Flautista, de Bruno Giorgi, foi destruída. Criada em 1962, a peça de bronze ficava exposta em uma sala no Congresso Nacional e, conforme apontado pela Folha, era avaliada em R$ 250 mil. A escultura Vênus Apocalíptica, de Marta Minujín, foi retirada do Planalto, e o quadro Galhos e Sombras (1963), de Frans Krajcberg, foi danificado.

Agora, enquanto funcionários do setor de conservação da Câmara avaliam o grau da depredação, muitos brasileiros lamentam as grandes perdas no patrimônio histórico e cultural do país. Muito disso porque, segundo o Aventuras na História, até mesmo um raro relógio do século 18 — um presente da corte de Luis XIV trazido ao Brasil por Dom João VI, em 1808 — foi completamente destruído pelos vândalos.

Esse relógio, que foi destruído ontem na invasão do congresso, veio com a família real portuguesa em 1808.

Oriundo da corte do Luís XIV da França (o famoso Rei-Sol), foi dado de presente a família real portuguesa pela família real francesa.

Só existiam dois exemplares no mundo. pic.twitter.com/Q0VR0cQlwL

— Às vezes Wander (@absolutelytheo) January 9, 2023

+++LEIA MAIS: Jair Bolsonaro comenta invasões ao Congresso, Planalto e STF: 'Depredações e invasões fogem à regra'

Se engana, contudo, quem pensa que os bolsonaristas danificaram apenas obras de arte. Durante a invasão, os vândalos ainda quebraram e removeram de seus lugares alguns grandes ícones da democracia brasileira, como o brasão da República, que foi arrancado do plenário do STF e levado para fora do prédio, onde diversos invasores chegaram a tirar fotos segurando o símbolo.

Conforme repercutido pelo Aventuras na História, vídeos divulgados nas redes sociais mostraram cenas de desrespeito à Constituição de 1988. Nas imagens, os bolsonaristas aparecem com um dos exemplares da Carta Magna que estava exposto no Salão Branco da Suprema Corte. Da mesma forma, a cadeira de Rosa Weber, criada pelo designer Jorge Zalszupin, chegou a ser arrancada do Supremo.

O exemplar original da CF/88. pic.twitter.com/i7bVZkhksR

— Luiz Carlos da Rocha ADVOGADO (@rocha_lcr) January 8, 2023

É importante pontuar que, muito além das obras e peças que ficavam guardadas e expostas dentro do Congresso, do Planalto e do STF, as próprias edificações da Praça dos Três Poderes foram tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, em 2007. Dessa forma, os danos causados aos prédios podem ser penalizados com multas, uma vez que delitos cometidos contra propriedades tombadas são semelhantes aos crimes contra o próprio patrimônio nacional.

+++LEIA MAIS: Deputada norte-americana compara atos no Congresso Nacional com invasão ao Capitólio

notícia brasil jair bolsonaro brasília Luiz Inácio Lula da Silva invasão congresso palácio do planalto

Leia também

Blake Lively se pronuncia sobre acusação de assédio contra Justin Baldoni


Luigi Mangione enfrenta acusações federais de assassinato e perseguição


Prince e The Clash receberão o Grammy pelo conjunto da obra na edição de 2025


Música de Robbie Williams é desqualificada do Oscar por supostas semelhanças com outras canções


Detonautas divulga agenda de shows de 2025; veja


Filho de John Lennon, Julian Lennon é diagnosticado com câncer