Olimpíadas: França investiga incêndios criminosos que atingiram trens pouco antes da cerimônia de abertura

A companhia pública de trem SNCF anunciou na manhã desta sexta-feira, 26, que foi alvo de atos de vandalismo e roubos de cabos de fibra ótica. 

"Esse é um ataque maciço em grande escala para paralisar a rede TGV [rede de trem de alta velocidade]", declarou a SNCF, adicionando que os crimes resultaram no cancelamento de diversas rotas e que levará "ao menos todo o fim de semana para conduzir os reparos" necessários. Por isso, a companhia pede aos passageiros que adiem as viagens.

"Incêndios foram iniciados para danificar nossas instalações", continuou. Segundo o presidente da SNCF, Jean-Pierre Farandou, cerca de 800 mil passageiros serão afetados. A rede de trens da empresa centraliza linhas que levam a Paris, onde ocorrerão os Jogos Olímpicos de 2024.

O primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, expressou indignação e escreveu: "Penso em todos os franceses, em todas as famílias, que se preparavam para sair de férias. Compartilho a sua raiva e saúdo a sua paciência, a sua compreensão e o espírito cívico que demonstram".

No momento, a estação Gare du Nord é a que mais sofre impacto, com atrasos que chegam a duas horas, principalmente nos destinos Lille, Amsterdã e Bruxelas. A Eurostar, empresa de trens que conectam o Reino Unido à França, também foi afetada.

Segurança

Devido à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris nesta sexta-feira, 26, cerca de 45 mil policiais, 20 mil agentes de segurança privada e 18 mil militares estão posicionados em Paris. Eles devem garantir a segurança de atletas, artistas, espectadores e membros do governo.

O ministro dos Transportes da França Patrice Vergriete argumentou que existem evidências de que os incêndios foram causados propositalmente. Já a ministra dos Esportes Amélie Oudéa-Castéra descreveu a situação como "verdadeiramente horrível".

Suspeitas

Até o momento, ninguém reivindicou a autoria dos crimes. Especialistas de inteligência e segurança apontam que a Rússia pode estar por trás dos atos de vandalismo. O país foi banido das Olimpíadas e participa usando outro nome.

"Uma operação russa é uma hipótese razoável", afirmou o professor de criminologia Alain Bauer ao jornal l’Opinion (via Deadline).

O correspondente de segurança da BBC Frank Gardner acredita que as autoridades francesas terão "ativistas e extremistas conhecidos" como principais focos de investigação, "além de explorar possíveis conexões com o Kremlin".