Dona do hit "drivers license", Olivia Rodrigo não tem medo de mostrar inseguranças e angústias - e faz potente disco de estreia da carreira
Isabela Guiduci Publicado em 21/05/2021, às 10h00
Bem-vindos à era Olivia Rodrigo. Após o sucesso grandioso com os singles "drivers license", "deja vu" e "good 4 u", a cantora norte-americana de 18 anos entrega ao mundo nesta sexta, 21, o disco de estreia da carreira, Sour. Repleto de dores e incertezas, o álbum de onze faixas ecoa as inseguranças, vulnerabilidades e sentimentos da jovem artista enquanto ela narra sobre os romances tágicos e traumas deixados por eles.
Sour centraliza o desespero de uma adolescente apaixonada, tomada pela angústia da falta de reciprocidade. Olivia Rodrigo mostra a grandiosidade em transformar desassossegos em canções neste potente disco pop. Com uma singularidade impressionante, a cantora domina a arte de criar músicas sinceras, que parecem refletir as inquietações mais honestas da compositora.
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Em todas as canções, a lírica esboça a intensidade do álbum. Brilhantemente, Sour apresenta uma narrativa consistente e as faixas dialogam entre si. Olivia Rodrigo consegue dizer o que muitos adolescentes - ou até mesmo jovens - sentiram em algum momento com uma paixão não recíproca e, possivelmente, caótica e intensa.
Quase de forma mágica, Sour pode despertar nostalgia e reflexão em relação ao passado, assim como pode ser a trilha sonora perfeita para alguma realidade atual. Um traço incrível do disco é a potência em dialogar com os diversos públicos devido à deslumbrante pureza da lírica.
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Há uma forte estética do bedroom pop no disco. O gênero, que cresce constantemente na internet e foi popularizado por Billie Eilish, é conhecido por valorizar a independência e individualismo dos artistas os quais exploram musicalmente as experiências pessoais.
Desse modo, muitas vezes, a música classificada como bedroom pop se torna a própria a identidade artística do compositor ou cantor. Para além de gênero musical, Olivia Rodrigo faz das canções um espaço de criatividade e sensibilidade.
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Sem medo de revisitar diversos elementos do ‘pop alternativo’, Sour percorre por diferentes sonoridades e infinitas possibilidades do gênero - com guitarras para intensificar momentos conturbados; sintetizadores para potencializar sensações; e melodias serenas no piano para discorrer sobre dores mais profundas.
O disco viaja do pop rock agitado dos anos 2010 ao acústico suave da folk music. Olivia Rodrigo não esconde as referências - Taylor Swift, Lorde e Hayley Williams - e a identidade musical de cada uma parece inspirar ao menos uma ou duas canções. Nessa narrativa de romances trágicos, a cantora revive e reinventa fórmulas certeiras do pop.
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Essa história caótica começa grandiosamente com "brutal", que reflete a impetuosidade da adolescência. Acompanhada de um riff enérgico de guitarra, Olivia Rodrigo indaga: "Estou farta de 17 anos, onde está a por** do meu sonho de adolescente?". Convidativa e intensa, a primeira faixa é um ótimo cartão de visitas de Sour.
Apesar de iniciar com muita agitação, o ritmo desacelera e uma harmonia de piano dolorosa toma conta do disco em "traitor". Com os vocais mágicos, a cantora expressa a dor enquanto entoa a lírica igualmente sentimental.
Para a sequência, a escolhida foi um dos hits do álbum, a icônica "drivers license". A artista transborda sentimentos a partir dos vocais e a melodia viciante embala a música. Novamente, é a voz da cantora a responsável por intensificar o magnetismo da faixa - um pop alternativo característico da discografia de Lorde.
"1 step forward, 3 steps back" é conduzida pelo sample de "New Year’s Day", composição de Taylor Swift. Olivia Rodrigo reinventa a melodia para trazer a própria identidade à canção, que substancia a aura intimista do disco.
Segundo single e quinta faixa de Sour, "deja vu" apresenta uma lírica brilhante sobre o amado ter encontrado um novo alguém. Os sintetizadores do pop alternativo são mesclados com um magnífico riff de guitarra enquanto a letra brinca com o significado de deja vu: "Você tem déjà vu quando ela está com você?"
A dor dá espaço para a indignação de "good 4 u", terceiro single do disco. Apoiada por uma sonoridade pop rock dos anos 2010, lembra a fase "7 Things" de Miley Cyrus. Como em quase todas as músicas de Rodrigo, a qualidade da faixa é consolidada por uma impressionante ponte - seção contrastante de uma canção.
De volta às inseguranças, a compositora não tem medo de enfrentar os sentimentos e torná-los música. Sustentada pelo acústico do violão e pela voz inundada de emoções, "enough for you" compõe a narrativa do desassossego em relação à reciprocidade - e é um grito doloroso de uma paixão não-correspondida.
Rodrigo continua a acrescentar honestidade à história trágica ao som da melodia significativa de piano de "happier". Entre sussurros e falsetes, a cantora confessa o egoísmo e a inquietação em imaginar o seu amor mais feliz ao lado de outro alguém.
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Uma linha de baixo marcante guia a nona faixa, "jealousy, jealousy", que também explora um riff inebriante de guitarra. Mais sussurros de Olivia Rodrigo confidenciam novas intimidades, inseguranças e vulnerabilidades.
Intimista e acústica, a penúltima faixa ecoa a fase final da superação - "favorite crime" é aquele momento em que você reflete sobre o ex-relacionamento e todas as atitudes tomadas sob uma paixão incendiadora, possivelmente, durante a adolescência.
Escolhida para encerrar a viagem dolorosa de Sour, "hope ur ok" também é um passeio por pensamentos do passado. A cantora nunca escondeu ser uma grande fã de Taylor Swift e a sonoridade da faixa flerta diretamente com a estética musical apresentada pela cantora em folklore (2020).
Como o título sugere, Sour (“azedo”, em tradução livre) não é doce para ser digerido facilmente e reverbera o gosto amargo dos amores não-correspondidos. Olivia Rodrigo é uma sensação do pop exatamente por isso: conseguir gerar identificação ao compor e cantar sobre corações partidos com aguda sensibilidade.
O disco não esconde as particularidades da jovem cantora - do talento vocal às inspirações e referências. É um retrato adolescente incrivelmente viciante e, em diversos momentos, mágico. Com as onze faixas, a artista entrega um projeto interessante e bem-produzido pelo principal colaborador, o produtor e compositor, Dan Nigro.
Olivia Rodrigo é o destaque de Sour, que além de relembrar a inteligência dela para composição, reforça a grandiosidade da cantora em experimentar o talento vocal. Com uma voz doce, a cantora vai dos sussurros aos falsetes transbordando sentimentos em interpretações espetaculares.
Sour é um disco melancólico, intimista e identitário, o começo de uma discografia que certamente será lembrada. Lançado nesta sexta, 21 de maio, o álbum de estreia de Olivia Rodrigo já está disponível em todas as plataformas digitais.
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