Uma resposta da epidemiologista Maria Van Kerkhove durante uma entrevista coletiva causou grande confusão
Redação Publicado em 10/06/2020, às 08h00
Maria Van Kerhove, coordenadora de resposta da OMS à pandemia de coronavírus, disse nesta segunda-feira (8) que era "muito raro" que infectados assintomáticos transmitissem a doença. A fala gerou confusão no público e respostas de epidemiologistas no mundo todo dizendo que a colocação foi equivocada.
Devido à confusão, Van Kerhove se retratou nesta terça-feira (9) via live. A cientista esclareceu que ainda não se sabe qual a porcentagem das contaminações de covid-19 são feitas por pessoas que não apresentaram sintomas.
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Além disso, boa parte das contestações do público se deu porque Van Kerhove não deixou claro inicialmente a divisão que a OMS faz das pessoas infectadas. Há três categorias de contaminados:
- Pessoas com sintomas - pessoas que têm diagnóstico positivo para o vírus e apresentam sintomas como tosse, febre, falta de ar;
- Pessoas pré-sintomáticas - que estão com o vírus e ainda não apresentaram os sintomas, mas nas quais esses sintomas vão aparecer mais para frente;
- Pessoas assintomáticas - pessoas que estão com o covid-19 e não apresentam sintomas em nenhum momento da infecção.
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Pessoas sem sintomas podem tanto ser pré-sintomáticas, ou seja, ainda não apresentaram nenhum sinal, quanto assintomáticas, que nunca terão sintomas. Porém, essa diferenciação é muito difícil de fazer, porque não há como definir se a pessoa vai ou não desenvolver sintomas no futuro.
Além disso, segundo a OMS, quando se analisa mais detalhadamente muitos dos relatos de pessoas contaminadas e sem sintomas, percebe-se que, na verdade, elas tinham alguns sintomas leves que passaram despercebidos.
Não existem índices percentuais da infeção, mas as evidências apontam que as pessoas com sintomas são as que mais transmitem coronavírus por tossir e espirrar. Mas isso não significa que a transmissão por pré-sintomáticos seja nula. Esses indivíduos têm cargas virais tão altas quanto de quem tem sintomas e estão sim transmitindo o vírus.
Segundo o infectologista Babak Javid, da Universidade Cambridge, há muitas evidências que mostram grandes quantidades de vírus no sistema de pessoas contaminadas poucos dias de elas começarem a ter sintomas, o que as torna capazes de espalhar a infecção nesse período - especialmente no dia anterior ao dia em que os sintomas aparecem.
Quanto às pessoas verdadeiramente assintomáticas (que nunca desenvolverão os sintomas), ainda não existem pesquisas suficientes para afirmar com certeza o quão transmissíveis elas são, segundo esclarecimento da própria OMS.
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