Com a segunda (e última) parte da 6ª temporada já disponível na Netflix, reunimos alguns dos momentos mais marcantes da série
Nicolle Cabral Publicado em 01/02/2020, às 16h00
Exclua qualquer ideia de otimismo. Em Bojack Horseman isso soa mais como um oásis no meio de um deserto (provavelmente por um efeito de alucinação).
Na produção escrita por Raphael Bob-Waksberg e lançada pela Netflix em 2014, temas como depressão, alcoolismo, abuso de drogas e relacionamentos tóxicos são detalhados como um ciclo-vicioso - e que beiram não ter um fim.
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Esses mal-estares são, de certa forma, amenizados com trocadilhos sobre a cultura pop e a mídia - afinal, estamos falando sobre uma série de comédia. Ainda assim, as questões existenciais de animais antropomórficos (ou as nossas?) se sobressaem para ser o maior foco da produção.
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Ao longo de seis temporadas, Bojack Horseman (Will Arnett), um ator que fez sucesso nos anos 1990 em Hollywood, questiona a própria jornada, comportamentos e revisita locais de traumas. De monólogos existenciais à simplesmente nenhuma palavra, um cavalo nos fez pensar mais sobre as nossas vidas do que nós mesmos.
Com a segunda parte da 6.ª temporada já disponível na Netflix, decidimos reunir alguns dos episódios mais marcantes da série que acaba de chegar ao fim. Veja abaixo:
[Atenção! Esta publicação contém spoilers de Bojack Horseman]
Depois de tentar - e conseguir - um novo papel de sucesso com a série Secretariat, Bojack vai ao Pacific Ocean Film Festival para ver os indicados da premiação e ser notado pela grande mídia.
Acompanhamos a jornada do personagem em um cenário submarino. Em uma série que se apoia firmemente nos diálogos, esse episódio ganha um destaque a mais por ambientar Bojack - sempre bom lembrar de que ele é um cavalo - no Oceano Pacífico com o auxílio de um escafandro.
Isso supostamente deveria impedir a comunicação entre os personagens, e o uso de textos em placas e jornais ajudam a entender o episódio. Mas as situações mais dolorosas são facilmente entendíveis apenas com as expressões dos personagens. Principalmente quando vemos Bojack cuidar de um bebê cavalo-marinho que está perdido. Ao longo do episódio, eles criam um vínculo e isso precisa ser desfeito quando o bebê volta para casa.
Essa rápida interação faz com que o ator se sensibilize e vá atrás de Kelsey, uma amizade que se desfez por conta da negligência e imaturidade do personagem. Mas infelizmente (e mais uma vez), ele não consegue se desculpar.
Neste episódio, Bojack convida Sarah Lynn (Kristen Schaal) para se embriagar e usar drogas em uma tentativa de esquecer o fracasso do Oscar. No meio disso, os dois personagens estragam uma reunião do A.A. e Sarah Lynn desabafa com Bojack sobre como conseguiu ficar sóbria por tanto tempo e se redimir com as pessoas que ela magoou. Com isso, Bojack resolve visitar quem ele tem questões mais resolvidas.
O episódio chama atenção principalmente pelos blackouts de BoJack, que são lembrados depois. Ao acompanhar essa jornada, os personagens perdem a noção do tempo (e nós também). Com isso, os dias, as semanas e meses passam sem que percebamos.
Esses recursos de narrativa são usados com excelência para mostrar a confusão mental de Bojack e como as drogas e a culpa afetam o discernimento do personagem.
Apesar de as ações estarem centradas na mente de Bojack, Sarah Lynn é quem se destaca no episódio. Até então, a personagem parecia servir apenas como um alívio cômico, mas revela-se como uma pessoa frágil e que não acredita em redenção para si mesma.
Neste episódio, BoJack vai até Michigan, a antiga casa do avô materno. Lá, ele conhece o vizinho Eddie, uma libélula amargurada com a vida que oferece ajuda para reparar a casa de veraneio que está caindo aos pedaços.
Os acontecimentos do presente são intercalados com os flashbacks do passado a cada interação de Bojack com as memórias da casa. Durante uma dessas lembranças, a série mostra os Sugarman na época em que Beatrice, mãe de Bojack, era uma criança e as crises enfrentadas pela família quando o irmão mais velho morre na guerra do Vietnã. Enquanto isso, Bojack aparece se escondendo do mundo, da vida que vivia em Hollywoo e imerso pelo remorso.
A casa de veraneio é o principal elemento do episódio e as histórias dos personagens giram em torno dela. Assim como o lugar aparenta ser um refúgio, ele também é interpretado como um problema. Durante todo o tempo que Bojack tenta consertá-la sozinha, ele fracassa. Apenas quando aceita a ajuda de Eddie, o lugar começa a ficar habitável.
Quando o personagem, pela primeira vez, finaliza algo, a sensação de "dever cumprido" surge, e algum sentimento bom desperta em Bojack.
No entanto, quando Eddie se revela alguém emocionalmente instável, Bojack pede para uma empresa demolir a casa para voltar para Hollywoo. É possível fazer uma relação entre a casa reformada - e que depois foi destruída - como reflexo da tentativa de superar um relacionamento tóxico de uma família desnaturada.
Diferentemente dos outros episódios, esse é contado a partir da perspectiva de Ruthie. Durante a narrativa, a personagem descreve a história dos antepassados para a turma da própria escola e comicamente cita Diane e BoJack - que não estão na trama principal.
Ao contrário do que o episódio nos leva a pensar, Ruthie não é uma narradora tão confiável assim, e mais uma vez, é bom lembrar que não existe otimismo aqui. No fim, isso é enfatizado quando a gata revela que Ruthie era apenas uma fantasia que ela criou para se sentir melhor.
De lembrança em lembrança, exploramos mais a fundo os eventos que tornaram Beatrice na mulher amarga e angustiada da série. Assim como no episódio "That's Too Much, Man", os recursos usados ilustram a realidade de alguém que sofre de demência.
Isso nos proporciona um contato maior com o outro lado de Beatrice Horseman, alguém, inclusive, completamente diferente da mãe pintada por Bojack. Neste episódio, conhecemos uma jovem que cresceu em uma família completamente desestruturada e presa aos padrões da sociedade. É claro que nada disso justifica a relação construída entre os dois, mas nos apresenta uma ótica mais humanizada para a personagem.
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