- Beatles (Foto: AP)

Os Beatles podem ser considerados protofeministas, diz pesquisador

Segundo Kenneth Womack, o icônico quarteto estava à frente do próprio tempo ao abordar a temática feminista nas canções

Redação Publicado em 16/12/2019, às 11h18

Quando ouvimos algumas músicas clássicas dos Beatles, através da lente atual de empoderamento feminino, o grupo pode ser até digno de admiração. Durante a trajetória do icônico quarteto, vimos músicas cheias de mulheres independentes que não precisam de um homem, muito menos de um Beatle. 

Pioneiros na música, no cinema, na moda e na cultura popular, os Beatles estavam à frente do próprio tempo ao "abraçar" o feminismo, argumenta Kenneth Womack, um pesquisador renomado e reitor da Universidade de Monmouth. 

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Afim de discutir sobre o assunto que poucas bandas de rock ousaram refletir sobre nos anos 1960, na última quinta, 12, a Ideological Diversity, uma organização estudantil da Harvard Kennedy School, promoveu uma conversa gratuita com Womack. 

Antes do encontro, o The Harvard Gazette questionou o pesquisador sobre o assunto e inicialmente, comparou a reputação dos Rolling Stones com a dos Beatles, em relação às atitudes notoriamente sexistas até para os padrões da época. Mas pontuou que "não sabe se as pessoas pensam neles como 'protofeministas'", como Womack se referiu ao quarteto. 

"O rock and roll, a música popular no geral, era altamente sexista. Era paternalista nos anos 1960 e até antes disso, quando pensamos em canções que se referiam às mulheres como objetos, mulheres que precisavam ser 'aconselhadas' sobre o amor, ou sobre como abordá-las, mesmo que fosse apenas algo inocente e romântico como 'quero segurar a sua mão'."

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"E os Beatles, conscientemente, em 1965, começaram a mudar de tom. Eles criaram um tipo muito específico de personagem feminina que pensava por si só e não precisava de um homem. E isso é revelador, realmente. Temos muitas músicas que começam a aparecer nesse ponto que são altamente progressivas sobre as mulheres que vivem seus próprios interesses, objetivos e prazeres, em vez de servir homens. É uma coisa muito emocionante. E é um ótimo momento em que ensino os Beatles, porque você pode ver os alunos aprendendo o que eles estavam tentando fazer e como era incomum naquela época, e talvez até agora", explica Womack.

Ao analisar esse quadro, o pesquisador relata o momento em que a personagem feminina surgiu pela primeira vez para os Beatles

"Nós realmente começamos a vê-la aparecer em Help!. Embora você possa dizer que ela aparece ainda mais cedo em Beatles for Sale, onde há uma música chamada "No Reply", que é fascinante porque é sobre um homem que está a observando do outro lado da rua, sentado em uma árvore. Ele observa essa mulher que tomou a decisão de abandoná-lo."

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"Com certeza, eles não a chamavam de personagem protofeminista, obviamente, mas diziam: "Vamos trazê-la de volta [para as músicas]". Segundo ele, Paul McCartney que liderou essas ideias. Principalmente na época em que ele vivia com os Ashers e a namorada Jane Asher, que não queria se casar com ele. Com a recusa, McCartney reagiu muito mal. 

"Existem várias músicas autobiográficas em que ele sai como um idiota. Em 'We Can Work It Out', ele não está oferecendo nada para resolver! Ele está dizendo: 'Tente ver do meu jeito ou continuaremos lutando'. 'Things We Said Today' também, meu Deus, essa é uma música feia e ameaçadora. 'I’m Looking Through You', essas eram as músicas de Jane. Em "For No One" ele não vê mais amor nos olhos dela. Ela ainda o ama; mas é um amor que ele pensa que não merece receber. Intelectualmente ele parece estar indo para um lugar melhor, mas na vida pessoal, ele não estava necessariamente vivendo isso."

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Durante a conversa, GAZETTE questionou a razão pela qual os Beatles buscavam o "protofeminismo" sendo que nenhum dos integrantes, principalmente McCartney e John Lennon, pareciam lutar por isso na vida pessoal. Womack enfatizou que "eles estavam muito conscientes de que estavam sendo contraditórios e que as próprias ações não alcançaram as habilidades intelectuais". 

"Acho que eles estavam conscientes do fato de serem hipócritas. Eu acho que isso, na verdade, os torna mais interessantes até certo ponto pelo fato de quererem melhorar. Além disso, eles sabiam o suficiente para acreditar que era mais importante usar o enorme megafone deles, que ainda é o maior da história, para falar sobre essas coisas."


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