- Henry Cavill como Geralt de Rívia (foto: reprodução Netflix)

Os paralelos entre The Witcher e a história da Polônia, especialmente durante o Holocausto [ANÁLISE]

A obra de Andrzej Sapkowski tem diversas similaridades com a história do país do autor, apesar dele nunca admitir as conexões

Vinicius Santos Publicado em 08/01/2020, às 12h06

Um reino que sofre com a guerra devido a invasões de diversos países vizinhos, com uma população diversa e, no centro do enredo, há uma família que tenta se reencontrar e sobreviver. Essa é a história da série e dos livros de The Witcher, mas também pode se aplicar a Polônia, país do autor Andrzej Sapkowski.

O autor nunca reconheceu a inspiração na contexto social e histórico da pátria para a obra, mas os paralelos são muito válidos e trazem relevância e profundidade as aventuras de Geralt, além de justificar o sucesso da série da Netflix estrelada por Henry Cavill.

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Explicamos em alguns pontos simples as semelhanças, inspiradas na análise feita pelo site Polygon.


A diversidade do povo e as migrações constantes


A Polônia e demais regiões da Europa central já foram território de diversas etnias e tribos diferentes durante a Idade Média: eslavos, hunos, magiares, franco-germânicos e outros. The Witcher emula esse atmosfera ao retratar o Reino de Cintra também com diversas tribos: Elfos, anões, humanos, e vários outros seres sencientes interagem na sociedade.

Porém, essa convivência entre povos tão diversificados não é pacífica nos livros, e também não era na vida real.


A complexidade da história e os conflitos raciais


Sapkowski
retrata um mundo moldado por tensões entre as diferentes criaturas. O racismo no mundo fictício existe para quem tem orelhas pontudas, ou uma estatura menor do que um humano comum, para falar do preconceito racial sempre presente na história da Polônia.

Inclusive, a série da Netflix enfrentou problemas quanto a diversidade. O elenco é diverso, e alguns reclamaram da escolha de atores negros e de descendência indiana, inclusive quando foi levantada a possibilidade de Ciri não ser interpretada por uma atriz branca.

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A diretora Lauren S. Hissrich deixou de usar o Twitter por um período devido ao volume de reclamações sobre o assunto, e ao voltar a rede social (após a estreia da série), fez um comentário sobre:

“Os livros são poloneses e repletos com o espírito eslavo. Era importante manter esse mesmo tom na série [...] The Witcher é MUITO interessante quando se trata de descrever o racismo porque fala de espécies, não de cor da pele. O que torna os personagens ‘outros’ é o formato de suas orelhas, altura etc. Nos livros, ninguém presta atenção à cor da pele. Na série... ninguém nota isso também. Ponto final. ”


O país destruído pela guerra e o Holocausto

Geralt e a 'filha adotiva' Ciri fogem e lutam pela vida através do reino, que sofre de invasões militares e um genocídio promovido por um reino cujo o exército veste tons de cinza e preto e é movido por um fanatismo racial e um sistema de crenças que faz os invasores acreditarem que tem direito divino sobre a terra que conquistam.

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A similaridade dessa sinopse com o Holocausto é inegável. É também de onde a história tira força para o público se identificar e ter conexão emocional com os personagens. Elementos como a corrupção dos governantes, a escolha dos poderosos de não agir contra a injustiça e o reacionismo marcam a história polonesa.

Como outro grande autor de fantasia, J.R.R. Tolkien, disse: “Um único sonho é mais poderoso do que mil realidades.” A fantasia de The Witcher ecoa diversos temas e episódios trágicos da história polonesa, e o sucesso da franquia significa que cada vez mais pessoas são atingidas e conscientizadas indiretamente.


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