Atriz fala sobre o sucesso e o papel em O Lado Bom da Vida, pelo qual é indicada ao Oscar
Mayra Dias Gomes Publicado em 24/02/2013, às 20h13 - Atualizado às 20h19
Mesmo que não leve o Oscar de Melhor Atriz em 24 de fevereiro, Jennifer Lawrence já fez história ao se tornar a mulher mais jovem a ser indicada à estatueta duas vezes. Em 2010, quando foi lembrada por Inverno da Alma, tinha apenas 20 anos. Dois anos depois, entrou para a cultura pop como a heroína Katniss, no primeiro filme da trilogia Jogos Vorazes (cujo segundo longa, Em Chamas, será lançado em novembro). Agora ela é a problemática Tiffany Maxwell e contracena com Bradley Cooper em O Lado Bom da Vida, que já rendeu à atriz os prêmios do Globo de Ouro e do Screen Actors Guild. De bom humor e relaxada, um dia antes do anúncio das indicações ao Oscar, ela ri de si mesmo e declara: “Finalmente comecei a gostar de me vestir para ir a premiações. Antes era um pesadelo.”
Você já disse que fica com medo ao ser indicada a prêmios. Isso ainda é verdade?
Claro que ser indicada é muito emocionante, é como receber uma grande promoção no trabalho. Mas o que isso tudo significa para mim é que vou ter de ir a muitas festas. E eu fico muita ansiosa nessas festas.
A ideia de vestir o look perfeito se tornou algo importante para você?
Mas não é a coisa mais importante? Sempre tenho essa sensação. Eu costumava odiar ir ao shopping, experimentar roupas, fazer ajustes, essa coisa toda, mas acho que estou aprendendo a gostar. Não sei se estou crescendo ou se estou sendo vencida pelo cansaço. Finalmente comecei a gostar de me vestir para ir a premiações. Antes era um pesadelo.
No ano passado, você afirmou estar relutante em entregar uma parte de sua vida para a loucura que seria protagonizar a saga Jogos Vorazes. Como se sente agora?
Quando a fama acontece pela primeira vez, é horrível. Sua vida inteira vira de cabeça pra baixo, porque todas as pessoas te tratam diferente e é difícil se ajustar. As pessoas me disseram que viria em ondas, e elas estavam certas. Ontem mandei uma mensagem para uma pessoa dizendo: “Estou caminhando pela [avenida] Rodeo Drive! E nada está acontecendo comigo!”. Tenho dias bons e dias ruins.
Você se identifica com Tiffany, sua personagem em O Lado Bom da Vida?
Não. Eu sou fascinada por ela, porque não consigo entendê-la. Quando li o personagem de Katniss, em Jogos Vorazes, senti que era muito consistente, consegui entendê-la bem. Com Tiffany, eu não consigo entender seus motivos. Como atriz, é difícil interpretar uma personagem que não sabe se estará gritando, chorando, ou rindo ao final de uma frase.
Para você, na vida real, como é pedir perdão?
Eu tenho um caso grave de ansiedade desde criança. Odeio fazer algo errado e entrar em algum tipo de confusão. Odeio burlar leis. Eu tento fazer o que acredito que é melhor para mim e não ter que pedir desculpas. Mas se peço desculpas, é porque é de verdade.
Você usa um top em uma cena. Como se sentiu?
Eu deveria ter ficado mais intimidada com a ideia de usar um top curtinho. Não sou tão consciente quanto deveria ser. Estava comendo muito todos os dias. No final, a edição me ajudou, ainda bem.
Trabalhar com o Robert De Niro não lhe intimidou?
Robert De Niro é um dos atores mais intimidadores do mundo. Mas Bob, o homem que eu conheci, é o homem mais carinhoso, doce e humilde.
E como foi fazer a cena em que você colocou a virilha no rosto do Bradley Cooper?
Novamente, eu deveria ter me sentido mais consciente. Só depois que assisti à cena pronta que percebi o quanto eu realmente estava na cara dele! Juro que na hora nem percebi.
Você já alcançou bastante coisa com 22 anos de idade, em uma carreira relativamente curta. O que ainda pretende para o futuro?
Eu quero uma vida normal. Quero uma vida como a que eu tive, ter uma família. O sucesso me ajudou porque nunca tive um momento em que desejei algo que não tenho. Sempre me senti feliz por poder trabalhar. Não sinto que preciso provar nada para ninguém, não me sinto pior ou melhor do que ninguém, e estou em paz comigo mesma. Eu só rezo para que minha filha – quando eu tiver uma filha – não seja uma atriz. Porque seria ruim demais vê-la lidando com rejeição. Eu tive muita sorte porque nunca fui rejeitada.
É verdade que você já escreveu um testamento?
Meus empresários estão me mandando fazer isso, caso eu morra. É mórbido, mas eu vou fazer.
Esta entrevista foi originalmente publicada em 1 de fevereiro.
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