O papel do som e escolha do elenco tornam o filme único
Marina Sakai (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 24/04/2021, às 13h00
O Som do Silêncio (2019) impressionou a crítica especializada e o público pela forma como abordou o som como um elemento essencial para uma narrativa. Dirigido por Darius Marder, é um dos concorrentes ao maior prêmio do Oscar 2021: Melhor Filme.
Ruben Stone (Riz Ahmed) é um jovem baterista de heavy metal e vive em um trailer com a namorada e companheira de banda Louise (Olivia Cooke). Em um dia comum de turnê, Ruben começa a perder a audição rapidamente e decide procurar ajuda para, além da surdez, a saúde mental.
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Assim começa O Som do Silêncio, filme o qual vê a surdez como além de uma deficiência, mas uma cultura e oportunidade de autoconhecimento profundo. Para entrar no clima do Oscar 2021, listamos 5 curiosidades sobre este incrível filme:
O longa é focado no som como linguagem e em como usá-lo para ajudar a construir a narrativa. O som conduz e dita o ritmo para criar uma experiência cinematográfica sensorial. Esse era um dos objetivos principais dos irmãos Marder — Darius colaborou com o irmão Abraham, compositor da trilha sonora e co-roteirista.
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O filme tinha orçamento limitado, então muito dele foi feito às pressas. Mikkel Nielsen, editor de som, queria criar uma experiência cinematográfica única, com interação entre ruído e imagem. Não é difícil imaginar por que a mixagem de som levou 23 semanas e as filmagens, apenas quatro. O Som do Silêncio também foi indicado na categoria de Melhor Som.
Para entender como transmitir os sons para o público, Nicolas Becker, o designer de som e Darius Marder experimentaram com alguns objetos. Colocaram microfones dentro de crânios preservados, capacetes e bocas para tentar imitar como alguém em processo de perda de audição ouve, criar as experiências de Ruben de dentro para fora. Contribui mais ainda para a experiência sensorial do filme.
Representatividade no elenco
Grande parte do longa acompanha a jornada de Ruben na comunidade surda. Para representar essas pessoas da melhor maneira, a maioria dos atores do elenco são surdos. Uma das exceções é Paul Raci (Joe). Apesar de poder ouvir, Raci cresceu filho de pais surdos, aprendeu a linguagem de sinais e é um ativista pela causa. Raci também foi indicado a Melhor Ator Coadjuvante.
Jeremy Stone é um professor de Língua Americana de Sinais, não apenas no filme, mas fora das telas. Também se tornou assistente criativo de Marder e ajudou a dirigir os atores surdos. “Trouxe um nível de nuance que eu não poderia ter ou compreender… Era necessário, é uma cultura diferente da minha,” disse Marder ao Collider.
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Ideia antiga
Apesar de ter sido filmado em apenas quatro semanas, a ideia para O Som do Silêncio nasceu há 13 anos. Em entrevista ao Observer, Marder revelou como, depois de 30 segundos de conversa com Derek Cianfrance, o conceito surgiu. Cianfrance não tinha intenção de trabalhar no filme e Marder escreveu o roteiro com seu irmão, Abraham.
Não à toa, Riz Ahmed é um dos concorrentes ao prêmio de Melhor Ator; realmente fez o máximo para entrar no personagem e viver como alguém no processo de perda de audição. Em entrevista ao USA Today, revelou como usou bloqueios auditivos dentro dos ouvidos para parar de ouvir.
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Além disso, Ahmed passou sete meses aprendendo a Língua Americana de Sinais em preparação para o papel. Passa pelo mesmo processo de crescimento do personagem, Ruben, quem aprende a se comunicar sem ouvir ao longo do filme.
Ahmed e Olivia Cooke interpretam musicistas de uma banda de heavy metal. Os atores aprenderam bateria e guitarra, respectivamente, para poderem entregar uma performance mais convincente. As apresentações da banda foram em uma boate de verdade para um público real. “Queríamos sentir como se estivéssemos vivendo aquilo de verdade,” disse Ahmed em entrevista a Joaquin Phoenix.
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