Longa da Netflix conta história baseada em fatos e é um dos favoritos da crítica de 2021
Gabriela Piva | @gabriela_piva (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 17/02/2021, às 18h22
E se um filme reunisse humor, drama e história? Pois bem, Os 7 de Chicago, de Aaron Sorkin, produzido pela Netflix, preencheu esses requisitos e, inclusive, recebeu diversas indicações ao Globo de Ouro 2021. O longa, lançado em outubro de 2020, acompanha oito ativistas na luta contra a Guerra do Vietnã no final da década de 1960.
Após participarem de um dos protestos mais violentos dos EUA, Abbie Hoffman (Sacha Baron Cohen,) Tom Hayden (Eddie Redmayne,) Jerry Rubin (Jeremy Strong,) Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II,) John Froines (Daniel Flaherty,) Rennie Davis (Alex Sharp,) David Dellinger (John Carroll Linch) e Lee Weiner (Noah Robbins) foram acusados de incitar uma rebelião e viveram um dos mais famosos julgamentos políticos do país. A história é baseada em fatos históricos.
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O filme causa repulsa e um dos culpados por isso é o juiz Julius Hoffman (Frank Langella), responsável pelo caso e considerado "incapaz" de julgar: parece fazer tudo ao seu alcance para os oito homens serem injustamente condenados. O papel evidencia discussão sobre justiça e preconceito no longa.
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O estresse da trama sobe à cabeça dos personagens e causa, inclusive, uma briga interna entre Abbie Hoffman e Tom Hayden - gostosa de ser assistida por ser uma discussão com entretenimento e diálogos riquíssimos. Porém, o filme é muito sensível e pode causar gatilhos: violência policial e racial entrelaçam o roteiro da obra. Abaixo, confira motivos para assistir Os 7 de Chicago:
Os personagens são, de longe, uma das razões mais chamativas - e importantes - de Os 7 de Chicago: A liderança e paixão de Hayden, a inteligência acadêmica de Rennie David e o humor satírico de Abbie Hoffman só acrescentam ao roteiro.
Outro nome de destaque é Bobby Seale. Apresentado como cabeça dos Panteras Negras (movimento contra violência policial, de acordo com Superinteressante), tem a história mais sensível do filme. Para defender seus ideias de independencia de negros, o personagem enfrentou diversas torturas físicas e psicológicas, e também foi julgado sem um advogado.
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As abordagens sobre os oito julgados e a forma intensa como os atores se entregaram aos papéis fizeram o filme valer a pena. Com toda a injustiça inerente à obra, as histórias também exibem a importância da política e manifestações.
O ganhador do Oscar Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo e Garota Exemplar) é protagonista. Ao assistir Os 7 de Chicago, o bom trabalho do ator é exaltado: o artista desenvolve trejeitos para personagem e exibe a razão pela qual mereceu o papel principal.
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Além dos oito julgados, a obra apresenta procuradores e advogados com papéis relevantes, como William Kunstler (Mark Rylance), Richard Shultz (Joseph Gordon-Levitt) e Ramsey Clark (Michael Keaton). Os atores são nomes de peso para o elenco e provam isso: os diálogos e embates dentro e fora do tribunal mostram não só a força e naturalidade dos interpretados, mas dos intérpretes.
Nem sempre um elenco de peso transforma o filme em um bom produto, - como aconteceu com Cats - contudo, esse não é o caso em Os 7 de Chicago. A escalação de Eddie, Cohen, Keaton,Yahya Abdul-Mateen II chama atenção do espectador e contribui para a desenvoltura da obra cinematográfica.
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Para o elenco poder brilhar, o roteiro precisava ser de qualidade. Sorkin, responsável pelo cargo, combinou diversos elementos - drama, violência, paixão, humor - e deu vida a uma história com começo, meio e fim.
Com duas horas e 10 minutos de duração, o enredo de Os 7 de Chicago faz o espectador rir, chorar e frustrar-se, seja pela curta "história de amor" de Rubin ou pela torcida para os oito homens serem inocentados. (Um bom exemplo de história de amoe é quando Jerry Rubin se encanta por uma mulher em pouco tempo, mas descobre estar apaixonado por uma agente secreta. Mesmo conhecendo a trama, a forma como é contada causa envolvimento).
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Ao proporcionar sensações fortes, o roteiro mostra algumas qualidades de uma história bem contada: é possível se conectar com tantos aspectos de diferentes personagens - e tudo faz o espectador se envolver em várias questões, mesmo aquelas aparentemente não tão importantes. O roteiro transforma o final de uma história conhecida em uma descoberta em conjunto.
Na lista de pré-indicados ao Oscar 2021, a trilha sonora de Os 7 de Chicago ganhou destaque nas categorias Trilha Sonora Original e Canção Original, por "Hear My Voice," interpretada por Celeste, quem faz participações na faixa.
A sonoridade do filme é do compositor Daniel Pemberton. O músico criou 17 canções originais- reunidas em um disco homônimo ao longa e disponível nas plataformas digitais.
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Quem quiser relembrar cenas emblemáticas, como quando manifestantes e policiais entram em confronto, consegue: é só ouvir o disco.
Apesar de não ser nenhum Hans Zimmer, a introdução da música na cena é apenas um exemplo da vasta contribuição musical de Daniel Pemberton ao filme. (Emocione-se com a lembrança da cena na qual um homem diz: "Dominem a colina." Logo em seguida, a música, "Take the Hill" começa a tocar e ajuda o espectador a se envolver em um dos pontos tensos de Os 7 de Chicago.)
Por ser baseado em fatos, Os 7 de Chicago dão aula de história norte-americana: Guerra do Vietnã, embate policial e política dos Estados Unidos no final da década de 1960 são apenas alguns pontos destacados.
Mas alguns trechos não são 100% verdadeiros: a agente infiltrada entre os manifestantes, o depoimento de Ramsey Clark, soco de David Dellinger - um manifestante pacífico - em um dos policiais do tribunal ou a leitura de Tom Hayden sobre os mortos durante a guerra possuem apenas parcelas da verdade. (Via É Tudo História, da Veja.)
Vale ressaltar: o motim, o julgamento, o preconceito e os personagens são fatos. Os destinos de cada integrante de Os 7 de Chicago também são conhecidos na vida real. Para completar, os temas são atuais e fáceis de relacionar à história contemporânea. As questões políticas e de direitos humanos são debates atuais - tanto no Brasil quanto no mundo.
Uma das cenas mais icônicas de Os 7 de Chicago é o embate entre policiais e manifestantes na colina. Apesar da história não ser 100% verídica, por acontecer de forma inversa ao filme, é um dos pontos altos por combinar violência, paixão, música e drama em um único trecho. (Via É Tudo História, da Veja.)
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O momento no qual Bobby surge algemado e impedido de falar no tribunal também é marcante. O ativista, inclusive, escreveu Seize the Time para descrever o maltrato durante o julgamento.
Ao final, Tom lê os nomes dos mortos durante a Guerra do Vietnã e, para estrangeiros, exibe um dos pontos irritantes do filme. Mesmo sendo emocionante, é heroísmo estadunidense escancarado: tudo termina bem e, para completar, foram "heróis" dos EUA quem fizeram dar certo - apesar de os mesmos causarem tanto sofrimento à luta por direitos humanos.
Pela forte narrativa, boas escolhas de personagens e ter sido uma das apostas da Netflix, o filme foi cotado para concorrer às mais diversas premiações.
Apesar de aparecer apenas em categorias musicais em parte da lista dos pré-indicados ao Oscar 2021, Os 7 de Chicago foi destaque no Globo de Ouro como Melhor Ator Coadjuvante, pelo papel de Sacha Baron Cohen, Melhor Filme Dramático, Melhor Diretor e Melhor Roteiro de Cinema.
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