O filme conta com lacunas criativas, mas é uma emocionante e necessária carta de amor
Julia Harumi Morita Publicado em 18/04/2021, às 10h00
Na animação A Caminho da Lua, Fei Fei é uma garota determinada em construir um foguete, voar até a lua e provar que a deusa Chang'e é real, e não apenas uma lenda contada por sua falecida mãe.
A aventura espacial é motivada pela chegada de Srta. Zhong, que está prestes a se casar com o pai de Fei Fei. A menina desaprova a união até ir para lua, onde aprende um pouco mais sobre o amor e o luto, e, no final, abraça a nova integrante da família.
Dirigido por Glen Keane, o filme é uma boa aposta da Netflix ao lado da Pearl Studio, a qual foi indicada na categoria Melhor Animação do Oscar 2021 ao lado de Dois Irmãos:Uma Jornada Fantástica, Shaun, o Carneiro, o Filme: A Fazenda Contra-Ataca, Soul e Wolfwalkers.
Contudo, ao mesmo tempo que o longa-metragem chama atenção com elementos singulares, marcantes e relevantes, a obra perde o brilho com uma trajetória calculável e unidimensional.
No seu melhor, A Caminho da Lua nos apresenta uma nova protagonista asiática em cenários cheios de símbolos da cultura chinesa, das casas aos bolinhos da lua. A representatividade se prolonga oscilante até o elenco, formado por artistas asiático-americanos, como Ken Jeong, e a atriz canadense Sandra Oh.
Claro, um dos pontos altos do filme é a execução das animações. As cores, as texturas, as expressões faciais iluminam a produção - literalmente, considerando o show de Chang'e, os habitantes da lua e toda a magia ao redor deles.
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Mas a belíssima animação não consegue distrair o espectador ao ponto de não notar as lacunas criativas, por exemplo, o raso desenvolvimento dos personagens. Com exceção dos obstáculos durante a corrida pelo presente Chang'e, Fei Fei possui um único dilema: impedir o casamento do pai para manter a memória da mãe viva.
E este conflito é apenas resolvido no clímax de forma súbita em comparação com o arco do irmão Chin, o qual se desenvolve aos poucos ao longo da narrativa - mas, ainda sim, perde a oportunidade de explorar com mais profundidade a personalidade e as motivações do irmão. A situação se repete com o pai e a futura madrasta, que surgem brevemente no início e no fim do filme.
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A lacuna fica mais evidente ao lado de Dois Irmãos, da Pixar. Ian quer conhecer o pai, mas também lida com a falta de confiança e de amigos. Ao entrar em uma jornada com o irmão Barley, mergulhamos na complexidade da relação de irmãos, ora carinhosa, ora irritante.
Sem grandes reviravoltas, Fei Fei aprende que é possível seguir em frente sem se esquecer da memória de um ente querido após uma conversa com Chang'e, um dos momentos mais comoventes do filme.
A mensagem é extremamente válida e foi deixada pela roteirista Audrey Wells (Duas Vidas e Treinando o Papai), que morreu de câncer dois anos antes da estreia do longa-metragem, para a filha dela.
O resultado desta carta de amor é uma animação encantadora com uma protagonista necessária e uma lição potente, a qual reverbera com muito mais intensidade fora da órbita de premiações de Hollywood.
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Concorrendo ao Oscar como Melhor Atriz Coadjuvante por Meu Pai (2020), Olivia Colman nasceu em Norwich, Inglaterra, em 1974. O primeiro papel grande foi na sitcom Peep Show (2003) e, desde então, participou de produções famosas, como a série The Crown (2016) e o longa A Favorita (2018), pelo qual ganhou o Oscar como Melhor Atriz em 2019.
Colman estudou na Universidade de Cambridge, onde participou do grupo de teatro Footlights. Nas audições, conheceu os criadores do Peep Show e logo entrou para o meio artístico, participando de diversas séries de comédia. Além do Oscar, também ganhou três Globo de Ouro e quatro Bafta. Confira cinco papéis para conhecer a carreira de Olivia Colman:
Broadchurch (2013)
A pequena cidade de Broadchurch se torna centro de uma investigação policial quando o corpo de um garoto de 11 anos é encontrado na praia. Agora, a policial Ellie Miller (Olivia Colman) e o detetive Alec Hardy (David Tennat) precisam trabalhar juntos para solucionar o caso. Colman foi indicada ao Emmy como Melhor Atriz pela série.
The Crown (2016)
The Crown acompanha a trajetória da Rainha Elizabeth II desde os preparos para assumir o trono inglês até hoje. Colman interpreta a versão mais velha de Elizabeth, a partir da terceira temporada. A série tem uma ótima recepção da crítica e recebeu indicações ao Emmy e Globo de Ouro.
Fleabag (2016)
Fleabag (Phoebe Waller-Bridge) é uma jovem britânica tentando lidar com os problemas do início da vida adulta, como relacionamentos, trabalho, família e vida sexual. Colman interpretou a madrasta de Fleabag. A série também foi escrita e criada por Waller-Bridge e recebeu 100% de aprovação da crítica especializada no Rotten Tomatoes.
A Favorita (2018)
Colman interpretou a Rainha Ana no longa ambientado na Inglaterra do século XVIII. Em A Favorita, Sarah Churchill (Rachel Weisz), a Duquesa de Marlborough, é conselheira e amante da Rainha, mas vê o posto ameaçado com a chegada da criada Abigail (Emma Stone), que conquistou a atenção da majestade.
O filme concorreu a nove Oscars, além de ser indicado ao Globo de Ouro, Bafta, SAG Awards e Festival Internacional de Cinema de Veneza.
Meu Pai (2020)
Anthony (Anthony Hopkins) é um senhor de 81 anos e mora sozinho em um apartamento em Londres. A filha Anne (Olivia Colman) tenta a todo custo ajudar o pai, contratando cuidadoras para supervisioná-lo, mas Anthony sempre dá um jeito de demiti-las.
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Quando Anne decide se mudar para Paris com o novo namorado, o pai começa a mostrar ainda mais os sinais da velhice, não reconhecendo mais os familiares. O longa foi dirigido por Florian Zeller e possui cinco indicações ao Oscar 2021.
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