- Gary Oldman em Mank (Foto: Divulgação/Netflix)

Oscar 2021: Por que prestar atenção na trilha sonora de Mank

O filme de David Fincher relembra Cidadão Kane - e as músicas celebram a Era de Ouro do cinema da melhor maneira;confira

Mariana Pastorello | @mari.pastorello (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 02/04/2021, às 11h30

A produção de David Fincher, Mank (2020), é um dos filmes mais promissores do Oscar 2021. Conta a história de Herman J. Mankiewicz, roteirista do clássico dos anos 1940, Cidadão Kane, dirigido por Orson Welles e considerado uma das melhores obras de cinema de todos os tempos. 

Em 1942, Cidadão Kane foi ao Oscar com nove indicações e, seguindo a tradição de sucesso,  Mank  foi indicado em dez categorias. Entre elas, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Filme e Melhor Diretor

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O motivo para prestar atenção na trilha sonora? Simples, é feita por Trent Reznor (fundador da banda de rock Nine Inch Nails) e Atticus Ross (compositor e produtor musical). A dupla dinâmica colabora pela quarta vez com David Fincher e são famosos por produzir trilhas sonoras de grandes filmes e ótimos discos. 

Entre os trabalhos deles, estão: Garota Exemplar (2014), A Rede Social (2010) e o parceiro de Oscar, Soul (2020). Além disso, Reznor produziu o primeiro disco de Marilyn Manson, Portrait Of An American Family (1994).

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Em Mank, a dupla não decepcionou. Para criar uma sonoridade similar aos anos 1940, utilizam instrumentos musicais típicos da época, aproximando-se do som único e hollywoodiano do filme de inspiração. Além disso, o áudio é todo feito em mono (diferente de produções mais modernas, que utilizam stereo 5.1, de maior qualidade) ajudando a criar a ambientação de ‘filme antigo’.

Em entrevista à revista New York, Fincher disse: “A música foi gravada com microfones antigos, então, tem uma espécie de chiado nas bordas - é possível ouvir sons de cordas, mas principalmente de metais (...) Mostrei para algumas pessoas e elas perguntaram: 'O que está acontecendo com o som? É tão caloroso' E  respondi: 'Bem, quando diz 'caloroso' é porque parece um filme antigo. Soa como analógico.'” 

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“Para cada instrumentista havia um conjunto de notas e partituras, e para a primeira sessão, tivemos videochamadas de todos tocando. Eram músicos fantásticos, mas em suas cozinhas - ou talvez um deles tenha um estúdio, ou esteja em seu quarto. Todo mundo gravou suas partes e depois precisamos montá-las," contou Atticus Ross em entrevista à Netflix Queue.

"Juntamos tudo e suavizamos a uma extensão absurda para tentar combinar com o visual da época. Provavelmente, perdemos dois terços da resolução para ter a mesma sensação, então, colocamos pequenos arranhões, escavações e queimaduras de cigarro,” declarou Fincher à revista New York

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Reznor e Ross transmitem uma época inteira nas 52 faixas da trilha sonora. A sinfônica funciona perfeitamente para o filme, cada detalhe minuciosamente pensado fez desse um dos melhores trabalhos da dupla. 

Ao ouvir as músicas com atenção, é possível perceber particularidades da sonoridade - os arranhões e 'marcas de tempo' - evidenciando a época. Com certeza, após tanto trabalho e dedicação dos produtores musicais, vale a pena assitir ao filme com ouvidos claros e abertos para essa obra-prima. 

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