Apresentação do ex-beatle em São Paulo durou quase três horas
Por Paulo Cavalcanti Publicado em 23/05/2011, às 11h28
Atualizada às 15h56
Este foi um ano repleto de grandes shows, incluindo pesos-pesado como Beyoncé, Metallica, Bon Jovi, Rush e muitos outros - sem contar os inúmeros festivais. Mas nada disto pode ser comparado à presença de Sir Paul McCartney. Cerca de 64 mil pessoas atestaram o fato ontem à noite no estádio do Morumbi. Foi a segunda apresentação em solo brasileiro da Up Coming Tour (a primeira aconteceu no dia 7 deste mês, em Porto Alegre; clique aqui para saber como foi). Não importa que Paul não varie o repertório, que ele não permita abertura para improviso e que suas falas sejam rigorosamente idênticas, só mudando as referências dependendo do local onde esteja no momento. A música e a figura de Paul tocam as pessoas de uma maneira que nenhum outro artista consegue. Não era incomum ver famílias inteiras chorando e se abraçando nos quatro cantos do estádio.
Paul entrou no palco às 21h35, com apenas cinco minutos de atraso. Vestido com um blaser azul claro, calça preta, suspensórios e botas iguais as do tempo dos Beatles, Paul empunhou seu baixo Hofner e, ao lado dos fenomenais músicos de sua banda (o guitarrista Rusty Anderson, o guitarrista e baixista Brian Ray, o tecladista Paul Wickens e o baterista Abe Laboriel Jr.), começou os trabalhos com "Venus and Mars/ Rock Show", um inequívoco convite à festa. A abertura desembocou na também agitada "Jet", de Band on The Run (1973), considerado o melhor disco do Wings, banda que Paul montou depois do fim dos Beatles.
O primeiro sinal de gritaria beatlemanica aconteceu quando o ex-beatle entoou "All My Loving", com imagens do Fab Four sendo projetadas no telão aos fundos do palco. "Letting Go" foi a seguinte. "Drive My Car", canção que abre o álbum Rubber Soul, foi muito festejada. "Highway", do projeto The Fireman, foi uma pausa para o pessoal respirar. Mas Paul, que a essa altura já tinha a tirado o blaser reclamando do calor, voltou com tudo para "Let Me Roll It", tributo a John Lennon e um dos clássicos do Wings, citando no final "Foxy Lady" (de Jimi Hendrix). Paul então foi para o piano e executou a balada "The Long and Winding Road", ironicamente emulando o arranjo concebido pelo produtor Phil Spector, que ele sempre criticou ao longo dos anos. O músico continuou no teclado para tocar "Nineteen Hundred and Eighty-Five", outro ponto alto de Band on The Run.
Na pausa entre as músicas, Paul arranhava um português razoável, perguntando "E aí, paulistas", "E aí galera", e coisas assim. O hino de igualdade "Let 'Em In", também da época dos Wings, foi bem recebido. A ultrarromântica "My Love", que Paul dedicou "a minha gatinha Linda, e a todos os namorados daqui", arrancou suspiros. Saindo do piano, Paul empunhou um violão e deu início ao segmento acústico, começando com "I've Just Seen a Face", country rock do disco Help!. A romântica "And I Love Her" veio depois e transformou o Morumbi numa sala de espera de motel, com vários casais se agarrando. A banda saiu e Paul ficou sozinho para cantar a emblemática "Blackbird" .
Em "Here Today", ele anunciou: "Fiz essa para John [Lennon]". Em "Dance Tonight", o astro foi o bonachão baterista Laboriel, que em vez de tocar, dançou e fez divertidas coreografias, incluindo aí aquela de "Macarena". O bubblegum "Mrs. Vandebilt", também de Band on The Run, conduzido pelo baixo de Paul, fez o público literalmente pular ao som do refrão "ho he ho". Depois deste momento de "frivolidade", o show voltou novamente à sobriedade com "Eleanor Rigby", clássico do álbum Revolver, com o tecladista Wix reproduzindo o som do quarteto de cordas no teclado. A versão de "Something", imortal criação do amigo George Harrison, também foi um momento de alta carga emotiva, com Paul no começo entoando a música apenas no ukelele. Depois toda a banda entrou, criando um momento verdadeiramente catártico.
"Sing the Changes", do The Fireman, amansou um pouco o povo. A faixa título de Band On the Run foi outro ponto algo. E Paul continuou sacudindo o Morumbi com a festeira "Ob-La-Di, Ob-La-Da" e o pastiche de Beach Boys "Back in the U.S.S.R.", ambas de The Beatles (mais conhecido como White Album, de 1968).
No geral, a voz de Paul continua como antes, falhando apenas em raras ocasiões. E a prova de fogo aconteceu em "I've Got a Feeling", do álbum Let it Be, uma música que exige um poderio vocal acima da média. O resto da banda ajudou nas harmonias vocais em "Paperback Writer", clássico do Beatles lançado em 1966. "A Day in the Life", célebre colaboração de Paul e John Lennon, imortalizada no final do álbum Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band, hipnotizou o público. Paul emendou a canção com "Give Peace a Chance", hino pacifista de seu ex-parceiro, e em seguida voltou ao piano para uma sequência matadora. Primeiro, cantou "Let It Be", momento em que o Morumbi ficou iluminado por um mar de celulares. "Live And Let Die", com suas explosões e efeitos pirotécnicos, foi simplesmente um deslumbre. "Hey Jude", obviamente, ganhou um coral de 64 mil pessoas, com todo mundo entoando de forma entusiasmada o refrão "na na na na, Hey Jude!".
Paul e a banda saíram do palco e retornaram para o primeiro bis, que teve mais três clássicos do Beatles: "Day Tripper", "Lady Madonna" e "Get Back". Paul se despediu e saiu de novo, mas voltou sozinho com um violão para cantar a esperada "Yesterday". Depois da calmaria oferecida pela canção, ele perguntou: "Você querem rock?", e mandou ver em "Helter Skelter", sem dúvida a música mais pesada que os Beatles gravaram. Algumas pessoas já estavam indo embora e Paul, desta vez falando somente em inglês, adotou um tom sério para avisar que o show estava realmente acabando e assim queria agradecer a todos os que tornaram o evento possível. E logo depois de homenagear o público, ele e seus músicos tocaram a reprise da canção "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", emendando com a breve "The End", música que encerra Abbey Road (1969), o último álbum que os Beatles gravaram juntos.
Depois das saudações finais da banda, o ex-beatle ainda teve tempo de correr para lá e para cá com uma bandeira do Brasil. Mas acabou tropeçando e levou um tombo feio, que foi visto por todo mundo por meio dos telões de alta definição. Paul não perdeu a esportiva: sorriu, levantou, agradeceu pela última vez e não voltou mais.
Nesta segunda, 22, ele estará de novo no Morumbi para sua segunda apresentação na capital paulista.
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