Paul McCartney voltou a tocar no Rio de Janeiro depois de 21 anos - Marcos Hermes/Divulgação

De volta ao Rio

Após 21 anos, Paul McCartney se reencontra com plateia carioca

Por Pablo Miyazawa Publicado em 26/05/2011, às 21h02

Atualizada às 11h14

Paul McCartney aguentou apenas seis meses longe do Brasil. Dessa vez, o porto escolhido para receber o incansável ex-beatle foi o Rio de Janeiro - a cidade ficou de fora da perna brasileira da turnê Up and Coming, realizada em novembro passado, que passou por Porto Alegre e São Paulo. Para conferir o retorno de McCartney ao país, por volta de 45 mil pessoas parcialmente tomaram as dependências do moderno estádio do Engenhão na noite de domingo, 22 (segundo a organização, ainda há ingressos disponíveis para o show desta segunda-feira, 23).

O repertório de Paul no Rio trouxe poucas novidades em relação a suas apresentações recentes no Brasil. Como de praxe, o músico subiu ao palco com 15 minutos de atraso em relação ao horário previsto (21h30). O céu aberto e a temperatura amena formaram condições propícias para um evento musical de grandes proporções, e Paul e seu quarteto, visivelmente empolgados desde o primeiro instante, corresponderam às expectativas. Surpresas, porém, não faziam parte do cardápio da noite: a abertura," Hello, Goodbye", acabou sendo a única música inédita em relação aos três shows brasileiros realizados por Paul em 2010.

Descontadas algumas ligeiras mudanças de ordem no repertório, os shows de Paul McCartney são espetáculos milimetricamente arquitetados, que não permitem variações ou qualquer tipo de improviso. Ao longo da apresentação no Engenhão, o ex-beatle até exagerou na simpatia ao proferir frases previamente traduzidas, apenas se permitindo modificar as referências ao local onde se apresenta (não foram poucas as vezes que o músico puxou o coro de "Rio, Rio!" - a última vez que McCartney tocou na cidade foi em abril de 1990).

Para quem também teve a chance de assistir aos shows de seis meses atrás, o clima era de completo déjà vu: vestido com um blaser azul claro, calça preta, suspensórios e botas, o ícone de 68 anos surgiu acompanhado de uma banda igualmente virtuosa e carismática (o guitarrista Rusty Anderson, o guitarrista e baixista Brian Ray, o tecladista Paul Wickens e o baterista Abe Laboriel Jr.) e entregou um espetáculo grandioso e irrepreensível, digno do quilate de um dos maiores artistas pop de todos os tempos (apesar de a voz de Paul ter dado sinais de que poderia falhar nas primeiras faixas, ela "esquentou" e comprometeu menos no decorrer da apresentação).

O set list de 34 faixas passeou pelos sucessos de Paul com o Wings (faixas do álbum Band on the Run, de 1973, foram privilegiadas) e atravessou praticamente todas as fases dos Beatles, de "All My Loving" (de With the Beatles, 1963) a "I've Got a Feeling" (de Let it Be, 1970). "Something", iniciada pelo ukelele solitário de Paul ("um tributo ao meu amigo George", declarou, se referindo ao guitarrista George Harrison, morto em 2001) proporcionou o primeiro momento de emoção genuína vinda da plateia (a homenagem a John Lennon, em "Here Today", foi recebida de maneira muito mais contida). Em "Live and Let Die", explosões e fogos de artíficio contribuíram para o clima de apocalipse generalizado.

Durante o catártico refrão de "Hey Jude", o momento mais memorável do primeiro show no Rio: centenas de pessoas levantaram simultaneamente folhas de papel com a sílaba "NA", proporcionando um interessante efeito combinado aos balões coloridos que flutuavam por cima da plateia. O movimento, acertado pelos fãs através da internet, pareceu surpreender até o próprio Paul: "You are so cool! That 'na, na, na'...", ele declarou, logo após retornar para o primeiro dos dois bis da noite, que contaram apenas com canções dos Beatles: "Day Tripper", "Lady Madonna", "Get Back", "Yesterday", "Helter Skelter" e o final energizado com "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise)" e "The End". Na despedida, Paul fez graça com um presente arremessado no palco por um fã: uma camiseta amarela com a palavra "Macca" posicionada acima de um número 10. "Agora estou jogando na seleção brasileira, é oficial", ele brincou, antes de dar um "até a próxima" a um público fanático e já com saudades.

Confira abaixo o repertório completo da apresentação de Paul McCartney no Engenhão, realizada no domingo, 22:

"Hello Goodbye"

"Jet"

"All My Loving"

"Letting Go"

"Drive My Car"

"Sing the Changes"

"Let Me Roll It" / "Foxy Lady"

"The Long and Winding Road"

"Nineteen Hundred and Eighty-Five"

"Let 'Em In"

"I've Just Seem a Face"

"And I Love Her"

"Blackbird"

"Here Today"

"Dance Tonight"

"Mrs. Vandebilt"

"Eleanor Rigby"

"Something"

"Band on the Run"

"Ob-La-Di Ob-La-Da"

"Back in the U.S.S.R."

"I've Got a Feeling"

"Paperback Writer"

"A Day in the Life" / "Give Peace a Chance"

"Let it Be"

"Live and Let Die"

"Hey Jude"

Primeiro bis:

"Day Tripper"

"Lady Madonna"

"Get Back"

Segundo bis:

"Yesterday"

"Helter Skelter"

"Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise)" / "The End"

paul-mccartney up-and-coming

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