Imagem do filme <i>Pequeno Segredo</i> (2016) - Reprodução

Pequeno Segredo não disputará Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2017

O longa, que desbancou o favorito Aquarius, não foi selecionado pela Academia na lista de produções não norte-americanas a concorrer a uma estatueta

Redação Publicado em 16/12/2016, às 13h01 - Atualizado às 13h39

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou os títulos dos nove filmes produzidos fora dos Estados Unidos que concorrerão a um Oscar na premiação de 2017. O longa brasileiro escolhido para pleitear a vaga, Pequeno Segredo – que desbancou o favorito Aquarius –, não foi selecionado.

Entre os escolhidos para disputar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro estão Toni Erdmann (Alemanha), The Salesman (Irã), Paradise (Rússia), Tanna (Austrália), It’s Only the End of the World (Canadá), Land of Mine (Dinamarca), My Life as a Zucchini (Suíça), My Life as a Zucchini (Suécia) e The King’s Choice (Noruega).

A lista foi divulgada pela Academia norte-americana na noite da última quinta, 15, e a cerimônia de entrega dos prêmios Oscar acontece no dia 26 de fevereiro do ano que vem, em Los Angeles. Já a lista completa, com todos os indicados a prêmios no evento, só sai no dia 24 de janeiro.

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Pequeno Segredo foi selecionado entre outros 15 filmes brasileiros para concorrer à vaga no Oscar, em uma decisão polêmica, uma vez que parte do meio cinematográfico acredita que Aquarius sofreu uma espécie de boicote pelo governo de Michel Temer. Isto porque, em maio, no último Festival de Cannes, o elenco e o diretor protagonizaram um protesto bastante repercutido contra o impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

Aquarius chegou a receber a classificação indicativa para 18 anos de idade, o que gerou protestos pela equipe do longa, resultando na redução da censura para 16 anos. Além disso, a comissão do Ministério da Cultura, responsável pela escolha do representante brasileiro no Oscar, foi fortemente questionada (inclusive pelo diretor de Aquarius, Kleber Mendonça Filho) pela presença do crítico Marcos Petrucelli, que já depreciou publicamente o time de Aquarius devido aos protestos em Cannes.

Em texto publicado na Folha de S. Paulo, Mendonça Filho escreveu sobre Petrucelli: "A questão que vem sendo levantada pela imprensa e redes sociais é que o jornalista em questão, por posicionamento político, vem atacando há três meses Aquarius, filme escrito e dirigido por mim, e que o jornalista membro oficial da comissão já informou não ter visto".

Em entrevista ao mesmo jornal, o jornalista afirmou não ter havido "fator político" na decisão. "De maneira alguma. Avaliamos, basicamente, dois critérios: a qualidade artística de cada filme e a capacidade de agradar à Academia", disse ele.

No meio de toda a polêmica, três diretores – Anna Muylaert (Mãe Só Há Uma), Gabriel Mascaro (Boi Neon) e Aly Muritiba (Para Minha Amada Morta) – chegaram a retirar seus próprios filmes da disputa pela vaga no Oscar, em solidariedade e acreditando que Aquarius era a obra merecedora da posição.

Para ser elegível à vaga brasileira para uma indicação ao Oscar 2017, os filmes tinham de estrear até o dia 30 deste mês no país. Pequeno Segredo, cujo lançamento nacional aconteceu apenas em novembro, só poderia pleitear uma estatueta na edição de 2018 da premiação norte-americana. O longa ganhou exibições de menor porte para se tornar elegível.

No comunicado que divulgou o resultado com a escolha de Pequeno Segredo, a comissão da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura afirmou que os critérios tomados se basearam, entre outros aspectos, em “qualidade técnica e artística” e “adequação ao pensamento da Academia”.

Pequeno Segredo tem direção de David Schürmann e narra a história de Kat, menina adotada pela família de Schürmann – a primeira tripulação brasileira a rodar o mundo em um veleiro – e portadora de HIV. Baseado em fatos reais, o longa traz no elenco Julia Lemmertz, Maria Flor, Fionnula Flanagan, Marcello Antony e Mariana Goulart, entre outros.

Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, concorreu à Palma de Ouro em Cannes e colecionou prêmios e citações em listas de melhores filmes e atores do ano em todo o mundo. Mais recentemente, a protagonista Sonia Braga foi inclusa na lista da Rolling Stone EUA de 25 melhores atuações do cinema em 2016. “A grande dama do cinema brasileiro voltou”, disse o texto.

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