O baixista britânico ainda recebeu o vocalista do The Mission, que cantou "Temptation"
Paulo Terron Publicado em 05/10/2013, às 13h14 - Atualizado às 17h41
Peter Hook criou uma banda, The Light, para realizar uma missão: executar ao vivo todas as músicas que ele escreveu, do Joy Division ao New Order, passando pelo Monaco e Revenge. A proposta é clara, mas longe de simples: além de não ser cantor, Hook tem cruzado com músicas que nunca foram tocadas em um show. Isso acontece na turnê atual - na qual mostra a íntegra dos álbuns Movement (1981) e Power, Corruption & Lies (1983), os dois primeiros do New Order –, que passou pelo Cine Joia, em São Paulo, nesta sexta, 4.
Entrevista: “Eles são tão New Order quanto eu sou Joy Division”, diz Peter Hook sobre ex-banda.
Antes mesmo de a noite começar oficialmente, Hook subiu ao palco com a banda – apresentado como Slaves of Venus – para tocar um set curto de músicas do Joy Division. “Vamos começar chutando os seus dentes”, anunciou, sorrindo, antes de faixas como “Transmission”, “Digital” e “Shadowplay”, fechando com “In a Lonely Place”, do New Order. Já suado ao fim das oito músicas, o britânico tirou a camiseta apertada e a jogou para a plateia.
Cerca de 15 minutos depois, o The Light estava de volta ao palco para a atração principal. Não é um show fácil: as músicas da primeira fase do New Order são densas, em especial as de Movement, ainda em período de luto e recuperação depois da morte de Ian Curtis, o que levou o Joy Division ao fim. Exatamente por isso, ao serem executadas assim, como um pacote, exigem um pouco mais da paciência do público. É mais uma exibição de arte do que um show de entretenimento. E, no outro extremo, já na parte dedicada a Power, Corruption & Lies, faixas mais alegres, como “Ecstasy”, quando tocadas nesse contexto soam como meros tapa-buracos.
Os trabalhos foram apresentados integralmente, com faixas avulsas, da mesma época, complementando o setlist – incluindo o hit monstruoso “Blue Monday” no bis e “Ceremony” (a conexão perfeita entre Joy Division e New Order, como os músicos dessas bandas costumam sempre lembrar), que abriu o show principal. O The Light pode não ser uma banda perfeita – em mais de uma ocasião uma música precisou ser recomeçada -, mas tem mais energia e dedicação para executar o material do que o New Order atual.
Já no bis, depois do aquecimento com uma versão gravada de “The Beach”, Hook recebeu Wayne Hussey, do The Mission, para cantar “Temptation” – lendo a letra em um pedaço de papel e tão empolgado quanto hesitante. Para premiar o paciente e dedicado público, versões fieis de “Blue Monday” e “Love Will Tear Us Apart” fecharam a apresentação. “Vocês vão roubar o meu emprego”, brincou Hook ao escutar o coro vindo da plateia lotada.
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