A quinta edição do festival trouxe os artistas Castello Branco, MC Tha e Pitty para a abertura
Nicolle Cabral* Publicado em 18/05/2019, às 09h34
Na última sexta, 17, a plataforma MECA e o Instituto Inhotim deram início a quinta edição do Festival MECAInhotim na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais.
O primeiro dia do evento foi realizado entre a memória do crime ambiental cometido na cidade, que chegou a 228 mortos devido o rompimento da barragem, a lembrança dos desaparecidos pelas camisetas cobertas de lama penduradas na entrada de Brumadinho e a tentativa da celebração da união, da cultura e da resistência do país por meio da arte.
Com uma gama de artistas brasileiros engajados em causas políticas e sociais, o MECA trouxe para o palco principal – e intimista – os artistas Castello Branco, MC Tha e Pitty para a abertura.
A cantora baiana foi o ponto alto do festival. Entre seus hits “Admirável Chip Novo”, “Equalize” e “Na Sua Estante”, a artista se debruçou em seu mais novo disco Matriz, lançado em abril. “Essa é a turnê Matriz”, apresentou o projeto ao cantar “Noite Inteira”, que se misturaram com os refrãos marcantes, o coro do público e as projeções ao fundo do palco como uma leitura de uma história em quadrinhos sobre uma cidade e a revolução acontecendo entre os coquetéis de molotov sendo arremessados nos versos “Gente se junta para fazer revolução / Gente se junta pra falar besteira”.
Pitty, que diz ter reencontrado a sua ‘matriz’ neste sexto álbum, revelou que desde muito jovem foi influenciada pela música, e em um determinado momento, sentiu necessidade de expressar um lado mais intimista, buscar uma gênese das suas canções, e por isso, explica “nessa turnê eu quis convidar todos vocês pro meu quartinho em Salvador”. E então, o público aceitou o convite.
Com quase uma hora e quinze minutos de show, os fãs presenciaram até uma palhinha do hit "rockstar" do rapper Post Malone em parceria com o 21 Savage. A apresentação que transita entre os três tempos (passado, presente e futuro) entrega o retrato da cantora de 41 anos sobre a sua Bahia ao resgatar suas origens e a habilidade de transportar o projeto diretamente para 2019 sem medo de experimentações.
Antes da baiana, quem aqueceu o palco e o público ao levar todo mundo para rebolar até o chão, foi a MC Tha que chegou pela primeira vez no MECAInhotim e apresentou os seus singles “Pra Você”, “Valente” e “Olha Quem Chegou”.
A artista ganha destaque ao se enraizar no ritmo do funk e incorporar a ancestralidade da Umbanda em suas canções com muita propriedade. O público foi tomado pela energia e simpatia da cantora de 26 anos. “Eu vou lançar o meu primeiro álbum mês que vem”, revelou. MC Tha até ensinou o refrão da nova música, também revelada no show, intitulada de “Coração Vagabundo”.
Ainda falando sobre as novidades, Castello Branco, que abriu a programação da primeira noite de shows da edição mineira do MECA pedindo um minuto de silêncio em menção as vítimas de Brumadinho, revelou o lançamento do seu novo disco ainda para este ano. O verso “Eu te amo que dá até gastura te ver” integra sua nova canção que já tem sintomas de ser o hit do novo projeto.
Com um intervalo menor entre os álbuns – anteriormente, Castello havia mergulhado em quatro anos de produção para encontrar quem era artisticamente –, desta vez, o carioca parece transitar com maior desprendimento do amargo sofrer e experimenta, em uma fórmula que funciona, cantar sobre amor de maneira mais leve mas abusando da sonoridade.
Além das as atrações quase orgânicas, o festival abriu espaço para as DJs Ana Flávia e Cláudia Assef (Womans Music Event) e Mentrix.
O MECAInhotim 2019 acontece até domingo, 19, e apresenta os artistas Gilberto Gil, Duda Beat e Erasmo Carlos, Céu, Tulipa Ruiz, Alta Fidelidade, RARA, Lamparina e a Primavera e MAREH.
* A Rolling Stone Brasil viajou para o Festival MECAInhotim à convite da Campari Brasil.
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