Iggy Pop, ex-vocalista do Stooges, e o rapper paulistano Emicida - Montagem/AP/Divulgação

Popload Festival 2015: Iggy Pop e Emicida comandam primeiro dia; saiba o que esperar das atrações

Sondre Lerche e Natalie Prass também se apresentam nesta sexta-feira, 16, no Audio Club, em São Paulo

Lucas Brêda Publicado em 16/10/2015, às 16h14 - Atualizado às 16h45

Em sua terceira edição, o Popload Festival volta crescido e diversificado. Se nos dois primeiros anos o indie foi hegemônico – com nomes como The xx, Lumineers, Metronomy e Tame Impala, entre outros – nas escalações, em 2015, o evento abre o leque, com atrações que conversam com o punk rock (Iggy Pop), rap (Emicida), folk (Natalie Prass) e pop (Barbara Ohana).

Lembre como foi o Popload Festival 2014.

Assim como no ano passado, o Popload Festival 2015 volta a acontecer no Audio Club, com dois dias de duração e uma tenda eletrônica, além do palco principal. Em 2013, o evento estreou de maneira tímida no HSBC Brasil, também em São Paulo, muito mais com cara de show solo do The xx (com Silva, então com apenas um álbum na bagagem, e Yuck, fazendo a abertura).

O primeiro dia da terceira edição do festival acontece nesta sexta-feira, 16, com uma escalação que destaca Iggy Pop e Emicida nos horários principais. Além deles, os gringos Todd Terje, Sondre Lerche e Natalie Prass preenchem a programação a partir das 20h. Os ingressos para o Popload Festival 2015 custam entre R$ 270 e R$ 480 (há meia-entrada) e ainda não esgotaram para nenhum dos dois dias.

Abaixo, saiba o que esperar dos shows do primeiro dia de festival.

Natalie Prass (20h)

Cantora e compositora norte-americana, Natalie Prass lançou o primeiro álbum cheio da carreira, autointitulado, este ano. Ela já havia revelado dois EPs, Small & Sweet (2009) e Sense of Transcendence (2011) anteriormente, mas só estrou em disco no último mês de fevereiro.

Com predileção por texturas retrô, ela se apoia nos vocais agudos e suaves, com canções construídas majoritariamente por bases de violão/guitarra e piano. O repertório do primeiro show da cantora no Brasil, como não poderia deixar de ser, será baseado no álbum único dela.

Sondre Lerche (21h30)

Segundo a subir ao palco principal, Sondre Lerche é a principal atração indie do dia. Norueguês, ele é multi-instrumentista, além de cantor e compositor, e já lançou sete álbuns de estúdio – além de um ao vivo e a trilha sonora de Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada (de 2007).

Lerche chamou atenção de público e crítica em 2014, com o lançamento do disco Please, incursão pelo indie pop com intervenções de guitarras e músicas extremamente familiares com as pistas de dança. Em cima do palco, o norueguês se destaca com performances tecnicamente impecáveis – principalmente em se tratando de vocal.

Emicida (23h)

Após uma sólida carreira no underground do rap paulistano – com diversas mixtapes lançadas –, Emicida foi alçado ao mainstream com o primeiro disco cheio da carreira, O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui (2013). E ele segue a ascensão com ainda mais contundência, na sequência Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa, que saiu este ano. Prova do tamanho do rapper é que ele vai tocar no segundo horário mais concorrido do dia, mesmo em meio a diversas atrações internacionais.

O novo disco de Emicida foi resultado de uma viagem de cerca de 15 dias por Luanda, em Angola, e por Praia, capital de Cabo Verde, além de um Réveillon na paradisíaca ilha de Madagascar, no sudoeste africano. O nome do álbum, inclusive, é a síntese do que mais marcou o MC durante esse período.

“Quando olhei aquelas quebradas pobres pra caralho, desiguais, violentas, eu falei: ‘Mano, meus parceiros vivem um pesadelo aqui’”, disse o rapper em entrevista para a matéria de capa da Rolling Stone Brasil. “Só que mesmo no meio desse pesadelo está cada um cuidando de sua família, cuidando de seus amigos, fazendo um mufete [prato de comemoração típico de Angola feito à base de peixe e comido comunitariamente].”

Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa segue a lógica do primeiro trabalho de Emicida, unindo refrões e melodias acessíveis a contestações e críticas sociais afiadas nas letras. No repertório dos shows – que contam com uma banda numerosa e entrosada –, as faixas das mixtapes mais antigas ficam de lado (há exceções como “Cê Lá Faz Ideia”), em detrimento das canções mais recentes. Em algumas ocasiões, o rapper faz citações musicais a artistas que o influenciaram, podendo tocar de “Haiti” (Caetano Veloso) a “Preciso Me Encontrar” (Adoniran Barbosa).

Iggy Pop (0h30)

Verdadeira lenda viva da história do punk rock norte-americano, Iggy Pop esteve no Brasil no começo deste ano. Ele veio ao país para participar de uma ação na São Paulo Fashion Week, na qual quebrou com uma marreta um par de óculos gigantes. Na ocasião (foto abaixo), em entrevista exclusiva à Rolling Stone Brasil, ele comentou os novos projetos musicais, dizendo que estaria com um “projeto secreto”.

“Tenho duas coisas diferentes rolando”, disse ele nos camarins da Chilli Beans, grife responsável por trazê-lo ao país. “Tenho um projeto secreto, pelo qual já estou gravando, e tenho uma banda – uma boa banda – para fazer shows”. Até o começo de 2015, Pop estava sem grupo para acompanhá-lo e o último disco solo dele (composto por regravações que valorizam o lado crooner do cantor), Après, foi lançado em 2012.

Até então, nenhum disco ou single novo foi lançado por Pop, mas ele realmente voltou a fazer shows e, como prometeu, com uma nova banda. Como ele também havia adiantado na ocasião, a primeira apresentação da nova empreitada ocorreu abrindo para o Foo Fighters em Wembley, Londres (Inglaterra), no último mês de junho.

Quando esteve na SPFW, ele já fazia preces para voltar ao país. “Será uma turnê mundial e eu quero muito, muito, tocar aqui no outono [do hemisfério norte, que equivale ao período entre setembro e dezembro deste ano]”, assumiu, fazendo um pedido em seguida: “Espero que alguém arrume um show para mim. Quero realmente tocar por aqui.”

Aparentemente, o Popload Festival fez este “favor” ao ex-vocalista do Stooges, trazendo-o para ser a principal atração do evento – tocando no primeiro dia de festival. Em cima do palco, a idade pode frear o ímpeto autodestrutivo e eufórico famoso de Pop (nos anos 1970, ele fez de tudo nos shows da ex-banda), mas, mesmo assim, um repertório recheado de pérolas não diminui a espera pela performance.

Em São Paulo, ele mostra tanto o lado pioneiro – protopunk –, com faixas do Stooges como “No Fun”, “I Wanna Be Your Dog” e “1969”, como também uma seleção do que de mais relevante ele fez nos anos oscilantes de carreira solo. “The Passenger” e “Lust For Life” são obrigatórias na apresentação de Iggy Pop, que ganha características peculiares por acontecer em um ambiente relativamente pequeno para o tamanho da atração: o Audio Club.

Na recente entrevista à Rolling Stone Brasil, o Sr. Pop, prestes a completar 68 anos de idade, falou sobre as rugas e a passagem dos anos. “Me dou muito bem com ela [a idade]”, diz. “Mas tem algumas coisas: vou dormir mais cedo agora [risos]. E há mais sabedoria. Não faço muitas das coisas que tomam muito minha energia.” Por exemplo? “O básico: sexo e drogas”, confessa ele, soltando uma saudosa gargalhada. “Sexo, drogas e violência.”

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