- Shrek e Burro (Foto: Divulgação/DreamWorks), cena de Spirit: O Corcel Indomável (Foto: Reprodução/DreamWorks) e pôster de Kung Fu Panda (Foto: Divulgação/DreamWorks)

Por dentro da DreamWorks: animador brasileiro conta como é trabalhar no icônico estúdio [ENTREVISTA]

Alex Simões trabalhou em Abominável (2019), O Poderoso Chefinho 2 (2021) e outras animações da DreamWorks

Felipe Grutter (@felipegrutter) Publicado em 11/07/2021, às 16h40 - Atualizado em 12/07/2021, às 11h54

Dona de animações icônicas, como Shrek (2001), Spirit: O Corcel Indomável (2002), Kung Fu Panda (2008) e Como Treinar o Seu Dragão (2010), DreamWorks é um dos estúdios de animação mais renomados da indústria e fonte de inspirações para diversos profissionais da área. Em 27 de outubro de 1994 por Steven Spielberg, Jeffrey Katzenberg e David Geffen criaram a empresa.

O animador brasileiro Alex Simões, de São Paulo, falou, em entrevista à Rolling Stone Brasil, como foi trabalhar no estúdio, a rotina na produção dos filmes da empresa, aprendizados e referências na indústria.

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Simões trabalhou na DreamWorks por dois anos e meio. Saiu em maio de 2021 por conta de outras propostas profissionais. Animou Como Treinar o Seu Dragão: Homecoming (2019), Abominável (2019), O Poderoso Chefinho 2 (2021) e The Bad Guys, cujo lançamento está programado para 2022.

Antes do estúdio, foi empregado da Sony Pictures Animation, onde animou Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas (2018) e Homem-Aranha no Aranhaverso (2018). Também teve experiência profissional em Um Espião Animal (2019), da Blue Sky Studios. De acordo com o animador, ambos estúdios foram “legais e acolhedores.”

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Como é trabalhar na DreamWorks?

Trabalhar na DreamWorks, para Alex Simões, foi um grande diferencial porque a empresa o deixava bastante a vontade para trabalhar - e tornava a experiência menos parecida com um trabalho em si. “O campus parece um spa. Tem lago, rio, animais, e os prédios são menores, com espaços abertos com fonte no meio. O ambiente te inspira,” explicou.

O estúdio trabalha com uma equipe pequena, cerca de 35 pessoas (na Sony, por exemplo, eram mais de 100). Como Simões explicou, isso é “um pouco assustador” porque é um time mais exclusivo, mas todos ajudavam em qualquer aspecto das produções: “Foi minha melhor experiência em emprego e equilíbrio de rotina de trabalho.”

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No entanto, com a chegada da pandemia, o animador precisou se adaptar a trabalhar de casa, mas não demorou para se adaptar, precisou de duas semanas. DreamWorks mandou pacotes de aplicativos de animação para os funcionários os instalarem nos computadores.

No início da pandemia, o estúdio produzia O Poderoso Chefinho 2, e mesmo com esse atraso de duas semanas, os animadores conseguiram fazer cerca de 80% do filme seguindo o mesmo cronograma das atividades presenciais.

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Rotina no estúdio

Durante a produção de um filme, os animadores pegam uma sequência de “shots,” equivalente a uma parte das cenas. Em Poderoso Chefinho 2, pegavam sequência de cinco shots de 20 a 30 segundos por vez. Essas filmagens passaram por outros departamentos antes: os de áudio e câmera.

“Após isso, você se encontra com o diretor, quem te explica o que acontece com os personagens no momento. Com o storyboard [desenhos em quadrinhos responsáveis por pré-visualizar as cenas], explica como quer a cena,” revelou Simões. “Por exemplo: aqui ela pratica guitarra e não sabe tocar bem, aí você tenta fazer ela mais insegura, como alguém leigo no instrumento. O personagem vai ter uma expressão menos confiante.”

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Depois da conversa com o diretor, o animador voltava para a estação de trabalho e começava a gravar uma referência dele mesmo com um violão, enquanto falava o diálogo da personagem: “Isso me ajuda a ter ideia da anatomia, nuances e noção da atuação dos dubladores. No Instagram, Alex Simões publica alguns desses processos.


Experiência na DreamWorks e Poderoso Chefinho 2

“Foi um estúdio muito importante. Aprendi algo muito importante, porque, mesmo estando no topo com Disney e Pixar, não se sentem confortáveis nessa posição; tentam fazer algo melhor cada vez mais, com o intuito de deixar a animação mais interessante,” explicou Simões. “Existe esse pensamento de fazer o melhor sempre.”

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Exemplificou isso ao falar sobre Luca (2021), da Pixar, e The Bad Guys, os quais contam com um estilo novo e diferente. Em quesito de melhorar habilidade em animação na DreamWorks, o animador ressaltou como isso vem mais com o tempo e outras experiências.

Personagens de The Bad Guys (Foto: Divulgação/DreamWorks)

 

Um dos últimos trabalhos de Alex Simões no estúdio, O Poderoso Chefinho 2 foi um ótimo filme para se trabalhar. O longa teve um certo desafio, porque a equipe de animadores precisaram seguir a linha do filme anterior, diferente das outras produções (Abominável e The Bad Guys), as quais eram totalmente novas.

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“Na verdade, apenas temos uma base para os personagens feitos antes,” afirmou sobre Poderoso Chefinho. Mas, não reusam nada do primeiro. Como muda a tecnologia, você precisa atualizar toda animação feita antes. Questão de estilo você já tem noção e temos um material melhor sobre o que funciona e conseguimos fazer.”

Um dos momentos mais marcantes para o animador foi Tabitha, interpretada por Ariana Greenblatt, filha do protagonista Tim (James Marsden). Como era uma personagem inédita, o desafio em fazê-la diferiu dos outros conhecidos pelo público.

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“[As franquias inéditas] Abominável e Bad Guys são mais complexas, porque tem um trabalho de pré-produção de 7/8 meses para descobrir o que funciona ou não,” continuou. “Em sequências, você usa esse tempo para explorar os personagens novos. Poderoso Chefinho foram 5 meses de pré, nos quais fiz testes de personalidades, ter ideia de como cada um anda quando está triste ou feliz, quando fala, etc.”

Da experiência em Poderoso Chefinho 2, Alex Simões gostou da experiência como o todo, porque a equipe de animadores era pequena, formada por cinco profissionais. Cresceram até chegar em 38. O brasileiro participou do ponto zero ao final e ficou próximo dos personagens.

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