Durante muito tempo as autoridades norte-americanas investigaram a fundo as atividades do integrante do icônico quarteto
Redação Publicado em 16/03/2020, às 11h03 - Atualizado às 11h04
No final dos anos 1960, os fãs de música lembravam de John Lennon como integrante de um dos mais emblemáticos grupos de todos os tempos, os Beatles. Além disso, a imagem do músico também estava diretamente relacionada aos movimentos de paz e amor que circulavam na época.
No entanto, para aqueles que trabalhavam no FBI, sob o comando de J. Edgar Hoover, podem lembrar da reputação do músico de maneira diferente. Mas como isso aconteceu?
Tempo depois de John e Yoko Ono se casarem, eles convidaram repórteres e colegas notáveis como Dick Gregory e o poeta Allen Ginsberg para o The Queen Elizabeth Hotel, em Montreal. Durante a estadia do casal, eles gravaram "Give Peace a Chance" para o projeto Plastic Ono Band.
A música se tornou mais um canto "anti-guerra" para a comunidade hippie e altamente controversa aos olhos do governo Nixon. Principalmente depois de quase meio milhão de pessoas cantarem a faixa em Washington, durante a manifestação da Moratória do Vietnã em novembro de 1969.
No período após "Give Peace a Chance", o casal investiu ainda mais na comunicação anti-guerra. Quando John se mudou para os Estados Unidos em 1971, a Casa Branca e o FBI já o consideravam uma ameaça, visto que ele e Ono estavam fazendo "ondas" para a revolução em todo mundo e inspirando jovens a questionar as autoridades. Com isso, ao chegar a Nova York, John começou a ser associado a ativistas radicais contra a guerra, e o FBI o colocou sob vigilância.
O Serviço de Imigração e Naturalização dos EUA, inclusive, tentou reportá-lo várias vezes, principalmente após John tera alertado que usaria o rock como um esforço para organizar jovens para votar contra Nixon em 1972 (essas foram as primeiras eleições em que americanos com 18 anos poderiam votar, a idade antes disso era 21).
No livro do historiador Jon Weiner, Gimme Some Truth: The John Lennon FBI Files, existe uma das análises mais profundas da relação entre John e o governo dos Estados Unidos e mostra o quão absurdas foram essas investigações.
A obsessão do FBI por John reuniu uma infinidade de observações triviais que foram classificadas como "ameaça à segurança nacional". Inúmeros outros exemplos de abuso de poder aparecem em cerca de 300 páginas descobertas por Weiner, inclusive planos de condená-lo.
No entanto, nos três anos seguintes, John perdeu a visão e energia artística, o relacionamento com Ono chegou ao fim e ele abandonou a política radical. Sendo assim, o FBI conseguiu neutralizar Lennon e impedi-lo de impactar a reeleição de Nixon, mas não de inspirar milhões de jovens ao redor do mundo.
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