Galeria - Roberto Carlos - Divulgação

Por unanimidade, STF decide liberar a publicação de biografias sem autorização prévia

Decisão libera biografias publicadas em livros, filmes e novelas

Redação Publicado em 10/06/2015, às 20h02 - Atualizado às 20h37

Em votação unânime realizada na tarde desta quarta-feira, 10, o Superior Tribunal Federal (STF) decidiu pela liberação da publicação de biografias sem autorização prévia do biografado ou da família herdeira. A decisão da corte permite que livros e obras audiovisuais sejam produzidas e editadas em território nacional.

Nadando contra a maré, Marcelo Freixo coleciona inimigos e tenta sobreviver ao jogo da política que tenta incansavelmente combater.

A sessão julgou a ação legal movida pela Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel) em 2012, quando a entidade questionou a legalidade dos artigos 20 e 21 do Código Civil. Em vigor desde 2002, as cláusulas impediam que informações pessoais fossem veiculadas quando essas atingissem “a honra, a boa fama ou a respeitabilidade” do biografado.

Ainda que haja pontos positivos na “constituição”da internet, a pressa na busca pela aprovação no Congresso acabou deixando furos no conjunto de regras para o uso da rede no Brasil. Saiba o que muda no dia a dia de quem realmente importa: o usuário.

No ano de 2007, o cantor Roberto Carlos se valeu dos parágrafos para vetar a publicação de Roberto Carlos em Detalhes, biografia escrita por Paulo César Araújo.

No passado, Estado e Igreja cercearam a liberdade de expressão. Hoje, no Brasil, são os próprios artistas que impõem barreiras – desta vez, a biografias não autorizadas.

Consensualmente, os ministros apontaram os artigos como uma forma de censura "contrária a liberdade de expressão”, como manifestou a ministra Carmen Lucia. Para Ricardo Lewandowski, presidente do STF, a decisão pode requerer medidas reparadoras, já que a corte compreende que há a possibilidade de “abuso de poder”. Além de Carmen e Lewandowski, foram favoráveis a liberação os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Maria Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello.

A ata da plenária deverá ser publicada até o dia 15 de junho no Diário de Justiça da União. A liberação, no entanto, garante o julgamento apenas dos casos futuros e daqueles já em andamento. Em caso de difamação, calúnia ou injúria, o autor da obra poderá ser responsabilizado penalmente.

Entenda o caso

Em outubro de 2013, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Djavan e Erasmo Carlos se juntaram à causa de Roberto Carlos, que é contra a publicação de biografias não autorizadas. O grupo fundou o grupo Procure Saber, presidido pela produtora e empresária Paula Lavigne, cuja intenção era batalhar para que fosse mantida a exigência de autorização prévia para a comercialização dos livros.

Anteriormente, Roberto Carlos havia tirado das lojas livros que contavam sobre sua vida sem permissão (leia mais aqui).

O grupo, contudo, entrou em atrito interno pouco tempo depois. “Apanhamos muito da mídia e das redes, ele vem de Rei.” As palavras de Caetano Veloso sobre Roberto Carlos, publicadas na coluna semanal dele no jornal O Globo, evidenciaram um racha na Associação Procure Saber, que reúne artistas em prol da proibição das biografias não legalizadas. A crítica caiu pesadamente sobre o Rei, que decidiu deixar o grupo.

O anúncio de saída foi feito através de Dody Sirena, empresário de Roberto Carlos, que enviou um comunicado para o restante do grupo. "A partir de agora, fiquem à vontade com o andamento do Procure Saber sem a presença direta do Roberto", escreveu ele, de acordo com a Folha de S. Paulo.

A saída de Roberto já era até esperada, principalmente porque ele e sua equipe preferiam uma abordagem mais suave na questão das biografias, que se tornou assunto recorrente e polêmica, com acusações de todos os lados – artistas, escritores, jornalistas, biógrafos e biografados.

A forma como Paula Lavigne vinha tratando as questões – ela é presidente da Procure Saber – também desagradou o músico, de acordo com o a Folha. Em uma reunião com todos os integrantes, foi decidido que a empresária não falaria mais em nome da entidade, pelo menos sobre as questões das biografias.

Caetano, que não teria se oposto na ocasião, expôs certo descontentamento na coluna dominical. O baiano indica que se incomodou com o fato de Roberto ter se mantido em silêncio, apesar de ser um dos principais pivôs da polêmica, quando a associação foi atacada e chamada de “censora”.

“RC só apareceu agora, quando da mudança de tom. Apanhamos muito da mídia e das redes, ele vem de Rei. É o normal da nossa vida. Chico era o mais próximo da posição dele; eu, o mais distante", escreveu Caetano.

roberto carlos Biografias musica supremo tribunal federal Paulo César Araújo não autorizadas

Leia também

Alfa Anderson, vocalista principal do Chic, morre aos 78 anos


Blake Lively se pronuncia sobre acusação de assédio contra Justin Baldoni


Luigi Mangione enfrenta acusações federais de assassinato e perseguição


Prince e The Clash receberão o Grammy pelo conjunto da obra na edição de 2025


Música de Robbie Williams é desqualificada do Oscar por supostas semelhanças com outras canções


Detonautas divulga agenda de shows de 2025; veja