Celeste & Jesse Para Sempre - Divulgação

Pós-felizes para sempre

Celeste e Jesse Para Sempre não subverte o conceito de comédia romântica, mas traz novos e bem-vindos ares a ela

Stella Rodrigues Publicado em 30/11/2012, às 08h59 - Atualizado às 11h21

Talvez Celeste e Jesse Para Sempre não subverta tanto assim o conceito de comédia romântica quanto gostaria – ou quanto acha que faz. Mas não tem como negar que a produção, de roteiro e execução tipicamente indies, manteve apenas alguns dos clichês e exageros essenciais do gênero, em geral conhecido por sua pouca inventividade. Porém, neste caso, esses ares refrescantes para o pós-felizes para sempre precisa trazer consigo dor e sofrimento, no lugar do habitual final feliz selado com um beijo apaixonado (idealmente sob a chuva). “Amo o gênero e sempre procurei uma maneira de fazê-lo de maneira diferente, o que não é fácil, porque tem algo básico que é que as pessoas têm que se apaixonar”, explicou a protagonista, coprodutora e corroteirista Rashida Jones. “Peguei algo que amo e respeito muito e inverti. Mostro o casal terminando”, contou a filha do lendário produtor musical e compositor Quincy Jones e intérprete da adorável Ann Perkins da série Parks and Recreation.

Na trama, a analista de tendências Celeste (Rashida) e o artista Jesse (o igualmente ótimo Andy Samberg) encerram seis anos de casamento. Mas continuam tão, mas tão próximos, que nos primeiros minutos o espectador tem certeza que aquele é um casal dos mais apaixonados (ok, se você ler a resenha ou assistir ao trailer antes, não terá esta surpresa). Ela é a típica mulher determinada, responsável e focada na carreira. Mas que, ao mesmo tempo, tem noções quadradas do que é ser tudo isso (a frase “o pai meu filho tem que ter um carro” é o que melhor exemplifica isso). O senso prático e o jeito resoluto dela são transformados pelo roteiro em um ranço mandão que é o que atrapalha a vida da personagem. Jesse, o contraponto, age como se fosse filho dela, um garoto doce, com olhar de cachorro perdido. “Vivemos mais, então a adolescência dura mais. Temos mais tempo de explorar fases por mais tempo. Eles criam uma dinâmica entre eles e Jesse gosta de que Celeste seja mandona, haja como a mãe dele. Fica claro que eles nunca vão conseguir mudar isso e, infelizmente, não é o melhor dos modelos de casamento.”

De fato, não é. E a soma da relação de ex-marido e mulher, mãe e filho e, acima de tudo, amigos, acaba ficando confusa demais para a cabeça deles, de forma que, como em todo namoro que vira amizade, as boas relações se balançam quando uma das partes conhece um novo interesse romântico.

Ainda integram o elenco Graynor e Eric Christian Olsen, que vivem um casal de amigos em comum de Celeste e Jesse que é atormentado pela falta de definição na interação entre os protagonistas; Will McCormack, que escreveu o roteiro ao lado de Rashida com base em um namoro de verdade vivido pelos dois, encarna o melhor amigo de Jesse; Emma Roberts faz a artista teen por quem Celeste não tem o menor respeito, mas com quem tem que trabalhar e com quem acaba aprendendo muito; o incrível Chris Messina, pretendente de Celeste, e Elijah Wood, sócio dela, que tenta ser uma espécie de voz da razão. A direção é de Lee Toland Krieger, de The Vicious Kind.

O texto é agradável, mas o aspecto fofo e terno que sempre faz parte desse tipo de filme indie fica calcado mais na trilha sonora, gostosa de ouvir, despretensiosa e que casa bem com a trama. “Não queria que fosse algo indie, com músicas que ninguém vai saber quais são ano que vem. Acabou ficando um indie soul, tem hip-hop, queríamos um mix atemporal”, contou Rashida.

O filme estreia nesta sexta, 30, apenas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

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