“Todos nós queremos saborear a queda de Frank” afirma o ator Michel Gill; “E é isso que fazemos todos os dias com nossos próprios políticos"
Erika Berlin Publicado em 14/02/2014, às 13h25 - Atualizado às 14h53
“Mas é claro que vão lançar no Valentine's Day!”, ri Michel Gill, que retorna na segunda temporada de House of Cards como o Presidente Garret Walker. “Por mais que não seja classificado como uma comédia romântica, é uma coisa subliminar. É apenas uma comédia romântica sobre Frank.”
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É uma forma interessante de analisar o drama político da Netflix, que lançou a segunda temporada na última madrugada. E embora Gill esteja brincando a respeito da natureza de comédia romântica de Frank Underwood (Kevin Spacey), esse chefão cheio de negociações por debaixo dos panos e assassinatos de congressistas, talvez ele tenha alguma razão.
“A Netflix provavelmente conectou o algoritmo da paixão de Claire e Frank com a paixão das pessoas que estão ansiosas há um ano para assistir à nova temporada,” Gill explica. “Frank e Claire formam um time formidável, e as pessoas querem realmente estar por dentro da sujeira deles.”
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De fato. Ano passado, a Netflix fez sucesso com House of Cards, sua primeira investida em programação original. Eles lançaram a temporada inteira de uma vez, dando aos telespectadores a escolha de assistir a tudo de uma só vez ou prolongar o suspense por quanto tempo quisessem. Embora a Netflix não dê informações de audiência sobre suas séries, é seguro dizer que eles ficaram satisfeitos com os resultados: a primeira temporada virou um Golias nas redes sociais, e a série acumulou nove indicações ao Emmy (incluindo para Kevin Spacey e Robin Wright) e faturou três prêmios.
E, como Gill aponta, alguns de nós estamos esperando um ano inteiro para ver como Frank vai explorar seu novo trabalho como vice-presidente. “Todo mundo pisa em ovos com Frank,” segundo Gill. “Ele tem algo contra todo mundo. De um jeito muito shakespeariano, ele apenas quer matar todo mundo que o incomode de alguma forma.”
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Claro, já vimos que Frank não tem problemas com assassinatos: depois de prometer ajudar um deputado dependente de drogas em recuperação a subir na vida política, Frank se livrou dele em uma jogada de poder que poderia ter sido tirada de Macbeth. Mas será que ele iria atrás do posto de presidente, agora que – como disse no trailer da segunda temporada – “está a um passo da presidência, e não tem nenhum voto computado no meu nome”?
“Quero dizer, veja nossa história” diz Gill. “Nós estamos tão cínicos, como sociedade, que você prefere dizer, ‘acho difícil de acreditar’ em vez de ‘acho impossível’. Sabemos que há sempre a possibilidade [de haver um golpe interno] porque lemos todos os livros de conspiração, e sabemos que as pessoas acreditam que Johnson tem tudo a ver com a morte de Kennedy. Com Frank, é só uma questão de calcular”.
House of Cards, série política feita para a Netflix, estreia seus 13 episódios de uma só vez.
Dito isso, Gill não parece estar preocupado com a possibilidade de morte do seu personagem. “Presidentes são muito isolados, e Frank é apenas uma pessoa que aparece e dá uma opinião,” Gill explica. “A série é criada cirurgicamente, então o público tem uma experiência específica com o personagem de Frank – eles não veem a quantidade de consultores que vêm para o Salão Oval. Mas todo mundo está cuidando da própria carreira, incluindo o Presidente Walker.”
No fim, não importa se você vê House of Cards como uma comedia romântica desconexa ou uma tragédia moderna, Gill sabe que continuamos assistindo porque há algo em como a ficção reflete nossa realidade. “Todos nós queremos apreciar a ascensão e saborear a queda de Frank” afirma Gill. “E é isso que fazemos todos os dias com nossos políticos.”
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