Músico dá um tempo nas gravações do novo álbum para se apresentar como DJ em São Paulo, no Festival Cultura Inglesa
Pedro Antunes Publicado em 20/06/2013, às 12h16 - Atualizado às 12h45
Carl Barât seguiu o próprio caminho. Depois de fazer história no rock britânico contemporâneo ao lado de Pete Doherty e o Libertines, durante poucos e alucinantes anos na década passada, o inglês partiu para novas experiências sonoras e, atualmente, é considerado um veterano do rock por parte da imprensa do país dele. E são apenas 34 anos de vida.
Foram dois discos com o Libertines e outros dois com o Dirty Pretty Things, até que ele decidisse realmente partir em carreira solo, em 2010, com um disco que levava o nome dele. Foi um trabalho mais erudito do que o rock de garagem que todos estavam acostumados a ouvir. Carl Barât funcionou como uma fórmula para o desprendimento da imagem e de uma sonoridade que acompanhava o inglês como uma sombra. E, agora, ele está pronto para ligar a distorção dos instrumentos novamente.
Barât aceitou a falar com a Rolling Stone Brasil ao telefone, uma grande exceção para o músico, que sabe que o sotaque carregado e embolado é de difícil compreensão. Ele volta ao Brasil logo depois de ter dado início às gravações do segundo disco solo. O músico é uma das atrações da 17ª edição Festival Cultura Inglesa, que trará diversas atrações culturais vindas da terra da rainha a São Paulo, Campinas, Santos, São José dos Campos e Sorocaba até o próximo dia 30.
O roqueiro não pegará em instrumentos no festival, contudo. Ele será o DJ headliner de uma edição especial da festa mensal Green Sunset, no MIS (Museu da Imagem e do Som), na zona sul de São Paulo, em 22 de junho. Discotecar em vez de tocar propriamente foi difícil no início, conta ele. “Costumava achar estranho”, confessa o músico. “Obviamente, não é fácil. Mas é divertido também. Afinal, é tudo sobre deixar as pessoas loucas, não é verdade?”
Reproduzir as próprias músicas como uma espécie de espectador também foi um desafio interessante para Carl Barât como DJ, mas ele afirma que tentará incluir no set algumas canções novas. Do novo disco, talvez? “É, tocarei algumas coisas novas”, garante. Algumas poucas pessoas também terão a chance de vê-lo tocando instrumentos: depois desta entrevista, foi anunciado um show acústico para cem pagantes em Campos dos Goytacazes, interior do Rio de Janeiro, ao lado de ninguém menos que Gary Powell, ex-baterista do Libertines.
O músico inglês conta que depois que o segundo álbum solo, ainda sem nome, estiver pronto, ele pretende voltar ao Brasil, desta vez com banda, para uma nova apresentação. A relação dele com o país começou a ser construída em 2004, quando o Libertines tocou em São Paulo, no Tim Festival. Em 2011, Carl voltou e fez uma apresentação solo em Pirenópolis, em Goiás. No ano seguinte, se apresentou novamente na capital paulista, no Beco 203, ao lado da banda brasileira Black Drawing Chalks. “Foi maravilhoso. O Brasil é realmente um lugar muito excitante de se estar. São muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo”, ele diz sobre o país. Já São Paulo, para ele, “é, culturalmente, muito parecida com Londres”. “Sim, definitivamente vou conversar com o meu empresário para tentarmos marcar um novo show por aí.”
Até o momento, o músico revelou duas demos de faixas que devem integrar esse novo trabalho, “War of Roses” e “Victory Gin”, na página dele do Soundcloud (ouça nos players abaixo). Não são as versões definitivas, mas elas já apontam para um retorno às guitarras. Enquanto Carl Bârat (2010) soava como um álbum pós-rehab, mais carregado de linhas de piano do que de distorção, o segundo disco terá mais peso. “Definitivamente, será um disco mais baseado em guitarras”, ele revela. “Terá mais energia. Um álbum mais rápido. Soa muito como a música que eu estava acostumado a fazer.”
Para o disco, Carl chamou o veterano Johnny Marr, ex-guitarrista de The Smiths, Modest Mouse, The Cribs e atualmente em carreira solo, para participar de uma faixa. Andy Burrows, antigo baterista do Razorlight, foi recrutado para ajudá-lo a escrever algumas das canções dessa nova safra. “Devo lançar o álbum um pouco depois de junho”, garante.
Aos 34 anos, Carl Barât exibe um grau de maturidade que não existia nos tempos de Libertines. Para ele, foi chocante ver a reação do público ao documentário There Are No Innocent Bystanders e aos shows de reunião da banda no Reading and Leeds Festival, em 2010. “Acho que nunca percebemos isso enquanto estávamos juntos”, diz ele. “É algo extraordinário, na verdade.”
O Libertines esteve oficialmente na ativa por pouco tempo. Naquele mesmo ano de 2004, as tensões entre Barât e Pete Doherty ficaram insustentáveis. Cada um tinha a própria batalha contra vícios e a banda chegou ao fim. Assistir ao documentário que registrou o reencontro deles foi doloroso, conta ele. “A primeira vez que assisti foi aterrorizante”, diz. “Achei bastante triste, mesmo que tenha gostado. Ainda é difícil de assistir.”
Após uma breve revisão da carreira do músico inglês, é possível entender a razão de a palavra “veterano” o acompanhar. Ela, contudo, ainda lhe causa mais estranheza do que qualquer outra coisa. “Eu tenho muito orgulho das coisas que fiz”, diz Carl Barât. “Mas o melhor ainda está por vir.”
Ouça “War of Roses”:
Ouça “Victory Gin”:
Carl Bârat em São Paulo
Dia 22 de junho, sábado, das 16h às 22h
Festival Cultura Inglesa – Green Sunset
MIS (Museu da Imagem e do Som) - Av. Europa, 158 - Jardim Europa
Preço: R$ 14 (capacidade para 2 mil pessoas)
Compra: Bilheteria do MIS ou pelo site do Ingresso Rápido
Carl Bârat em Campos dos Goytacazes
Dia 23 de junho, domingo, das às 23h
The Underground Pub – R. Marcílio Dias, 29, Parque Tamandaré.
Preço: R$ 100(capacidade para 100 pessoas)
Compra: (22) 9267-2169 e pelo email: playmoboys2000@hotmail.com
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