Vencedor do Oscar, Daniel Dreifuss produziu o filme que acumulou nove indicações e venceu quatro categorias no Oscar
Redação Publicado em 17/03/2023, às 11h54
Daniel Dreifuss, de 44 anos, esteve no palco da maior premiação de cinema no último domingo, 12, representando o filme alemão Nada de Novo no Front. Agora não esconde a vontade de produzir no país em que cresceu.
"Fico feliz em ser um brasileiro que pode contar histórias pelo mundo e adoraria contar histórias no Brasil", afirma o produtor, em entrevista exclusiva à CARAS Brasil.
Apesar de morar há 20 anos nos Estados Unidos, Dreifuss adianta que já tem três projetos preparados para o país, sendo um longa-metragem - com inspiração na sociedade brasileira, e as séries baseadas em obras de Fernando Molica, jornalista brasileiro - e duas minisséries.
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"Os últimos quatro anos foram um desastre para a cultura, apoio zero, a indústria [do cinema brasileiro] é muito dependente do governo."
Daniel Dreifuss nasceu na Escócia enquanto seu pai, o cientista político René Dreifuss, fazia um doutorado. Mas foi em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, que ele cresceu e passou a admirar o cinema. Passou a assistir filmes clássicos do cinema europeu ao lado de sua mãe e isso abriu uma janela em sua vida, mas não determinou logo de cara o trabalho com o cinema.
"Desde pequenininho eu falava que seria gemólogo, depois que ia fazer biologia marinha e na faculdade fiz publicidade, achando que queria marketing."
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Sua relação com a indústria cinematográfica começou quando trabalhava com planejamento estratégico. Com o fim do curso e a morte de seu pai, em 2003, ele resolveu juntar o que tinha em duas malas e se mudar para Los Angeles.
"Vim realmente sozinho", acrescenta o artista.
Nada de Novo no Front acumulou nove indicações e venceu quatro categorias. Além disso, o longa-metragem bateu recordes no BAFTA, levando sete prêmios. O filme é baseado no romance do escritor Erich Maria Remarque, de 1929, e conta a história do jovem soldado alemão Paul (Felix Kammerer), que se alista para lutar na 1ª Guerra Mundial.
Para o artista, produzir o filme "pacifista e antibélico" como classifica, foi o encerramento de um ciclo da história de sua família. Seu avô, um judeu alemão, foi enviado para um campo de concentração na 2ª Guerra Mundial e conseguiu fugir para o Uruguai, país onde nasceu René, pai do produtor.
Dreifuss conta que o filme originalmente seria feito em inglês, mas, como as produtoras dos Estados Unidos rejeitaram a ideia, ele sugeriu voltar para a Alemanha, em 2019, e trabalhar no país.
"É um sonho maior do que eu poderia ter sonhado, ser produtor de um filme que ganhou quatro Oscars. Vou ser para sempre produtor de um filme que ganhou Oscar. É o filme mais premiado da história da Alemanha e da Netflix. É o reconhecimento de um trabalho de anos de dedicação. É um bonito fim de um ciclo," finaliza.
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