“É como sonhar de olhos abertos”, descreve Alma Har'el, diretora do vídeo de “Fjögur Píanó”, que conta com a participação de Shia LaBeouf
Pedro Antunes Publicado em 09/01/2013, às 17h24 - Atualizado em 10/01/2013, às 12h29
Sete minutos e 50 segundos de um ciclo autodestrutivo pontuado pelo choque titânico entre desespero e esperança: assim é o vídeo da música “Fjögur Píanó”, do Sigur Rós. Amor, ódio, destruição, paixão, vício, obsessão, caos e paz são fundidos nos rostos e corpos pouco ou nada cobertos de Shia LaBeouf e Denna Thomsen, na lente viajante da diretora israelense Alma Har'el e na música do sexto e novo disco do grupo islandês, Valtari.
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A improvável reunião é fruto de um projeto da banda chamado The Valtari Mystery Film Experiment, cujo objetivo era simples: a banda e seu empresário selecionaram doze diretores experimentais, deram-lhes uma verba de US$ 10 mil e falaram: “Escolham uma faixa do novo disco e virem-se”. Cada um tinha liberdade completa para criar o que quisesse. O resultado, interessantíssimo, será exibido de uma só vez em salas de cinema em nove cidades pelo mundo – Haifa (Israel), Jerusalém, Tel Aviv, Leipzig (Alemanha), Amsterdam, Belfasto (Irlanda do Norte), Nova York, Buenos Aires e São Paulo. Na capital paulista, o filme completo (com todos os curtas-metragens) integrará a programação do m-v-f- (Music Video Festival), nesta quinta, 10, às 19h, no anfiteatro e hall de entrada do MIS (Museu da Imagem e do Som).
A proposta da banda, conta a diretora Alma Har'el, foi irrecusável. Ao telefone em entrevista à Rolling Stone Brasil diretamente de Nova York (o clipe foi filmado em Los Angeles), ela tenta explicar o turbilhão de emoções e sentimentos que germinam do curta. Mas é tão difícil quanto acertar a pronúncia do título da música “Fjögur Píanó”. “É como sonhar de olhos abertos”, tenta ela em dado momento. “É estar dentro de algo, uma relação amorosa, um vício, sem conseguir sair. É dor e o medo da perda, ao mesmo tempo que é esperar ansiosamente que a outra pessoa acorde de manhã. No fundo, é aquela sensação de querer que aqueles momentos durassem para sempre e, quando percebemos que é impossível, tudo rui em pedaços”, completa Alma, em nova tentativa. "Já outros acham apenas que é sobre estar preso em um aquário. Tudo depende".
É justamente por isso que foi tão fácil para ela dizer “sim” para o projeto. “Essa música foi aquela que mais falou com o meu íntimo”, explicou. O tema instrumental fecha o disco Valtari de um jeito capaz de emular tanto felicidade quanto tristeza em meio a notas melancólicas e doloridas no piano, e frases mais solares de sintetizadores e violinos. Daí o ciclo-vicioso que se encontra na tela. “A música me fez sentir muitas coisas de uma vez só”, conta a diretora, que precisou mergulhar na canção para criar o conceito do vídeo. “Ouvi repetidas vezes nos fones de ouvido. É como eu costumo trabalhar, a todo o momento, até quando saía para passear com o meu cachorro.”
“As primeiras coisas que vieram na minha cabeça foram o casal e as borboletas.” E os três se tornaram, de fato, os grandes personagens do curta. “A borboleta é o exemplo da beleza pura, mas que acaba rápido. Algumas borboletas passam um tempo enorme até se tornarem assim e vivem apenas 24 horas, outras, uma semana”, diz.
Sobre Shia LaBeouf e Denna Thomsen, Alma diz que os personagens foram pensados já com seus rostos. Foi o astro da franquia Transformers, por exemplo, que procurou a diretora após assistir ao documentário Bombay Beach, dirigido e produzido por ela, vencedor no Tribeca Film Festival. “Ele queria conversar, tomar alguma coisa. Como já estava pensando no filme, expliquei a ele, que aceitou na hora", conta Alma. “Foi algo inédito para os dois, já que Shia nunca havia dançado e Denna estava atuando daquela forma pela primeira vez.”
Veja abaixo o curta-metragem, mas fica o aviso: há algumas cenas de nudez e sangue (para ver os outros curtas, acesse o site oficial da banda Sigur Rós ou compareça exibição que acontece nesta quinta em São Paulo):
The Valtari Mystery Film Experiment em São Paulo
Quinta-feira, dia 10 de janeiro, às 19h
MIS (Museu da Imagem e do Som) – Avenida Europa, 158 – Jardim Europa
Entrada gratuita (retirar a senha com uma hora de antecedência).
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