O astro de 42 anos fala sobre atuar com chroma key e o uso do humor dos irmãos Coen em Fargo, estreia dele na TV norte-americana
Rolling Stone EUA Publicado em 18/12/2013, às 08h50 - Atualizado às 17h10
Tem sido um ano cheio de missões para Martin Freeman, esteve ocupado salvando a Terra Média de orcs e dragões, na franquia de Peter Jackson O Hobbit, e salvando a Terra de ser invadida por androides em Herois de Ressaca de Edgar Wright. No novo filme da trilogia de Tolkien, O Hobbit: A Desolação de Smaug, o personagem de Freeman, Bilbo Bolseiro, tem muito trabalho, seja tirando seus amigos da prisão dos elfos na fuga pelo rio a bordo de barris (uma das sequências de ação mais emocionantes na memória recente) ou confrontando o cuspidor de fogo Smaug (dublado pela co-estrela de Freeman em Sherlock, Benedict Cumberbatch). O astro de 42 anos ligou para a Rolling Stone EUA da casa dele, em Londres, para falar sobre as críticas feitas à franquia, discutir os pontos mais delicados de atuar em frente a uma tela verde (o chroma key) e comentar sobre a série de TV norte-americana que será a sua nova jornada inesperada.
Antes de os anões chegarem, com o que Bilbo trabalha?
[Risos] Boa pergunta. Eu acho que não é dito. Ele é provavelmente um ator sem trabalho. Ele gosta de comida e roupas. Ele deve ser da minha espécie.
Você e Benedict Cumberbatch chegaram a estar no mesmo lugar para filmar as cenas de Bilbo e Smaug?
Nós não estávamos nem no mesmo continente. Não houve nenhum encontro. Nem estou imaginando Ben. Eu estou imaginando o dragão. Obviamente, eu conheço Ben muito bem, e eu ouvia a voz dele na minha cabeça. Mas tendo um relacionamento de trabalho com ele ou não, o processo teria sido o mesmo.
O que te surpreendeu mais no filme pronto?
A computação gráfica sempre me surpreende – o que eles fizeram com as cenas nas quais você estava apenas olhando para uma bolinha de tênis em uma sala verde. Eles transformaram aquilo em algo verdadeiramente espetacular.
A sequência do barril parece tão difícil; não faço ideia de como você fez aquilo.
Nem eu. Foi uma semana interessante. Eu estava uma água gelada, escura e horrível. Você está em um barril tentando impedir as suas pernas de serem esmagadas por rochas. Foi a única vez em que eu rezei todas as manhãs antes de ir pro set, porque eu sabia que eu teria que estar mentalmente preparado. Tinha uma equipe de dublês incrível – e foi uma situação razoavelmente segura – mas ainda sim era possível se machucar. Felizmente, não aconteceu comigo, mas você fica focado quando sabe que poderia ser esmagado por uma rocha ou se afogar.
O que os espectadores devem esperar do último filme, ano que vem?
Para aqueles que estão familiarizados com o livro, podem esperar ver tudo que está nele. Para aqueles que não estão, ainda tem duas horas e meia de emoção, ação e tudo isso. Tem mais coisa pela frente, no quesito relacionamento, entre mim e os anões e Gandalf – Bilbo cresce ainda mais como personagem. Está soando como thirtysomething. Imagine thirtysomething, mas com espadas.
Como você responde aos fãs fervorosos de Tolkien que se ressentiram com as coisas adicionadas à história, ou aos críticos que acham os filmes são longos demais?
Eu concordo sinceramente com ambos – diz ele, e nunca mais trabalhou com Peter novamente. É justo. Eu não cresci fanático por Tolkien. Eu abordo de um jeito mais "isso funciona neste filme?" Porque um filme não é um livro – e jamais poderá ser, nunca foram o mesmo veículo. Então eu entendo que você tenha um investimento emocional enorme neste escrito sagrado. Mas funciona para você nas duas horas que você passa sentado no cinema? Se sim, sim, senão, não. É tudo subjetivo. Eu não sei se precisa ser preenchido, do ponto de vista financeiro. Eu acho que se Peter não estivesse tão bem resolvido no quesito "ter dinheiro" – ele precisa tanto de dinheiro quanto precisa de um buraco na própria cabeça. Eu não conheço Peter como um irmão, mas eu o conheço razoavelmente bem, e não o vejo como uma pessoa motivada por grana. A) Ele não precisa, e B) Ele não precisa gastar mais tempo na vida dele em algo em que ele não esteja investindo totalmente artisticamente. Não é essa impressão que ele passa. Não é como ele dirige. Você já o viu? Ele ainda é o menino de 12 anos que ele foi, apenas apaixonado por filmes. Eu não acho que ele estaria transformando o filme em trilogia a não ser que ele realmente quisesse.
Entre O Hobbit e Herois de Ressaca, como tem sido esse ano para você?
O Hobbit é um grande papel. É um circo enorme do qual você faz parte. Herois de Ressaca foi divertido porque é uma coisa de família, uma reunião de antigos amigos. Nós acabamos de acabar a terceira temporada de Sherlock também, que é sempre muito agradável. Tudo passa muito rápido. Eu não acredito que há um ano eu estava em Tóquio e na Nova Zelândia promovendo o primeiro filme de O Hobbit. Passa assustadoramente rápido.
Qual o próximo papel?
Eu vou fazer a série Fargo para FX, um canal da TV norte-americana. Nós vamos filmar em Calgary, que vai se passar por Minnesota. É ótima. Vamos fazer dez episódios, escritos por Noah Hawkey (Bones, The Unusuals), e ele captou bem o humor negro dos irmãos Coen. É potencialmente um trabalho fantástico.
Haverá uma sequência da sua versão de O Guia do Mochileiro das Galáxias?
Teria tido se tivesse gerado mais dinheiro. Se saiu muito bem – chegou ao topo no Reino Unido e nos Estados Unidos, mas não rendeu o suficiente. Para os padrões de hoje, tem que fazer uma quantia catastrófica para ganhar uma sequência. Mas todos nós nos divertimos. Foi, provavelmente, um dos meus trabalhos favoritos, na verdade, pela experiência. Foram tempos felizes.
Deve ter sido daí que você aprendeu a técnica de atuar em frente ao chroma key usado em O Hobbit.
Foi aí que ganhei experiência, baby.
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