O cineasta britânico "não apenas criou o horror moderno, como o validou"
Lorena Reis Publicado em 01/06/2020, às 07h00
"Phoenix, Arizona. Sexta-feira, 11 de dezembro. Duas e quarenta e três da tarde."
É assim que Alfred Hitchcock introduziu o público ao que - mais tarde - se tornaria um dos maiores clássicos do cinema: Psicose. Por mais que você nunca tenha assistido à renomada obra de 1960, provavelmente já leu ou entreouviu conversas que comprovassem sua importância para a sétima arte.
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Não há a menor dúvida de que Hitchcock foi um dos pioneiros do cinema moderno. A partir de filmes que, na época, manipulavam toda uma audiência, ele quebrou as barreiras entre terror e suspense, desvendando, ainda, partes obscuras da psique humana.
De acordo com o website norte-americano Rotten Tomatoes, o cineasta é “imortal”, pois contribuiu imensamente com o terror e seus subgêneros. “Hitchcock não apenas criou o horror moderno, ele o validou”, consentiram os especialistas.
Enquanto o filme foi disponibilizado pela Netflix no final de maio, a Rolling Stone Brasil listou os principais motivos para você assistir (ou relembrar) Psicose. Confira abaixo:
Antes de falar sobre Psicose, precisamos, é claro, falar sobre o homem que esteve por trás da obra: Alfred Hitchcock. Conhecido como o “Mestre do Suspense”, ele comandou os maiores filmes de mistério da história e, portanto, foi eleito o maior cineasta do mundo pela revista Entertainment Weekly em 1996 e o maior cineasta da Grã-Bretanha pelo jornal The Telegraph em 2007.
Do movimento calculado das câmeras às trilhas sonoras assustadoras, Hitchcock revelou técnicas surpreendentes (muitas delas inéditas) à Academia, que serviram e ainda servem de base para cineastas do mundo todo.
A princípio, o roteiro de Psicose seria adaptado pelo escritor da série Alfred Hitchcock Presents (1955-1965), James P. Cavanagh. No entanto, Hitchcock não se impressionou com o rascunho de Cavanagh, que lhe parecia “monótono” demais, como revelado a um assistente. Assim, após uma conversa inspiradora, Hitchcock contratou o escritor Joseph Stefano, que era novo no ramo, mas havia assinado o roteiro de A Orquídea Negra, em 1958.
Hitchcock produziu Psicose com um caixa de US$ 800 mil (o equivalente a cerca de R$ 4 milhões). O valor era baixo para os filmes de Hitchcock - e extremamente baixo em contraponto ao faturamento de US$ 50 milhões (mais de R$ 260 milhões) que ele obteve. Sem dinheiro, o cineasta contratou uma equipe reduzida de TV e assumiu as filmagens em preto e branco, apenas para diminuir as despezas.
A atriz Janet Leigh sempre foi a primeira escolha de Hitchcock para o papel de Marion Crane, mas ela receberia um quarto do salário ao qual estava habituada. Como plano b, c, d, nomes como Angie Dickinson, Shirley Jones e Lana Turner foram considerados, mas, felizmente, Leigh embarcou no projeto. En
quanto isso, Norman Bates, que, no livro, era um homem obeso, foi vivido por Anthony Perkins, pois Hitchcock o queria mais bonito e menos assustador. O olhar inocente do ator desmentiam a natureza violenta do personagem, levando o público a simpatizar com ele.
Vera Miles, John Gavin e Martin Balsam também fazem parte do elenco.
O filme Psicose é baseado no romance homônimo de Robert Bloch, que acompanha uma história verídica. A trama de Norman Bates, na verdade, foi baseada na vida de Ed Gein, um assassino em série responsável pelo desaparecimento de vizinhos e mulheres inocentes na cidade rural de Plainfield.
Condenado pelo homicídio de duas pessoas, o tribunal o considerava mentalmente incapaz. Em 1968, Gein foi transferido para um hospital psiquiátrico em Wisconsin, onde faleceu em 1984, vítima de falha cardíaca e respiratória.
Norman Bates é considerado o segundo maior vilão do cinema pelo Instituto Americano do Cinema (AFI) - atrás apenas de Hannibal Lecter em O Silencio dos Inocentes, que, curiosamente, também foi inspirado em Ed Gein. Ele revela um grande desvio em seu desenvolvimento psicossexual, desenvolvendo uma obsessão patológica pela figura materna. Impossibilitado de tê-la como objeto de desejo, o gerente do hotel desenvolve um transtorno mental aparentemente irreversível, passando a divir a própria personalidade com a de Norma Bates.
O projeto de Hitchcock foi inicialmente rejeitado pela Paramount Pictures, que se recusou a comprar os direitos do livro de Bloch. Sentindo-se desprezado, o cineasta adquiriu o material por US$ 9,5 mil e contratou Cavanagh para roteiriza-lo. Pouco tempo depois, já com Stefano na equipe, Hitchcock se voltou à Paramount novamente, aceitando produzir o filme por uma pequena fração de seu custo habitual. Mesmo assim, o estúdio hesitou em atendê-lo. Ainda mais frustrado, ele fechou um acordo com a Universal Pictures, enquanto sua própria empresa, Shamley Productions, assumiu US$ 1 milhão do custo do filme.
Além de ser um recurso mais acessível, como mencionado anteriormente, a fotografia em preto e branco certamente define a qualidade visual de Psicose. Hitchcock também acreditava que algumas cenas teriam sido violentas demais para o público caso fossem coloridas, como a famosa “cena do chuveiro”, principalmente porque eram evocativas o suficiente para que muitas pessoas preenchessem os detalhes do filme com a própria imaginação. É considerada até hoje uma das cenas mais aterrorizantes do cinema, muito pela sucessão de corte rápidos, trilha sonora e som da faca. O terror, aqui, está no oculto, pois em nenhum momento vemos a faca tocar a vítima, mas temos a sensação de que ela foi dilacerada.
É quase impossível lembrar de Psicose sem a icônica trilha sonora de Bernard Herrmann. O AFI concorda, classificando-a como a quarta das melhores trilhas já feitas - atrás de Star Wars, E o Vento Levou e Lawrence da Arábia. A parceria foi perfeita. De acordo com Herrmann, Hitchcock queria que a cena de Janet Leigh tomando banho - ou seja, o clímax da história - fosse desenvolvida em som ambiente. O músico discordou e compôs o segmento enquanto o cineasta estava na Europa. Hitchcock voltou para os Estados Unidos e disse: “Bem, claro, você está certo!”
Desde o início, Alfred Hitchcock queria que as reviravoltas de Psicose fossem mantidas em segredo. Por isso, ele pediu à sua assistente, Peggy Robertson, que comprasse o máximo de cópias possível do romance de Bloch - e ela o fez. No primeiro dia de filmagens, a equipe inteira teve que fazer um juramento, no qual se comprometiam a não comentar sobre o filme com ninguém que não fizesse parte da equipe e, mesmo assim, o final do roteiro foi revelado somente no último segundo. O melhor de tudo é que Hitchcock proibiu que qualquer pessoa entrasse nas salas de cinema depois que o filme tivesse começado, pois a experiência deveria ser vivida do início ao fim.
Psicose foi inicialmente subestimado pelos críticos, que não pouparam as ofensas. Bosley Crowther, do The New York Times, classificou o filme como "um trabalho obviamente sem verba", enquanto outros veículos disseram que ele "manchava a carreira honrosa de Hitchcock". Por outro lado, o público formava filas milimétricas para vê-lo, fazendo de Psicose o filme, de longe, mais lucrativo da carreira do cineasta.
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