Osama Bin Laden foi morto em operação militar dos Estados Unidos no Paquistão - AP

Qual será o próximo passo da Al Qaeda?

Osama Bin Laden foi morto; veja algumas das opiniões de grandes veículos da imprensa internacional e de especialistas no assunto com relação ao futuro da rede terrorista criada por ele

Por Julian Brookes Publicado em 02/05/2011, às 14h03

O que a morte de Osama Bin Laden (leia aqui) significa para a Al Qaeda? Leia abaixo um conjunto de opiniões de alguns dos principais veículos e especialistas internacionais:

Paul Cruikshank, especialista em terrorismo da Universidade de Nova York, à CNN: "A ameaça da Al Qaeda não desaparecerá, como foi demonstrado na semana passada por meio de planos da rede contra a Alemanha [três suspeitos foram presos em Duesseldorf, planejando detonar um dispositivo em um local lotado de pessoas]. A ideologia de Bin Laden se espalhou de forma muito intensa. Mas agora, sem as mãos de seu fundador para guiá-la, a organização pode começar a se enfraquecer."

Daveed Gartenstein-Ross, especialista em terrorismo, à Foreign Policy: "A morte de Bin Laden não encerra este capítulo da história. É preciso ter em mente duas coisas. Primeiro, a ideia de combater um superpoder permeou sua organização e é fortemente defendida por todos os afiliados da Al Qaeda. Segundo, uma lição de 2001 é que nós não devemos permitir que a morte de Bin Laden nos faça perder de vista a contínua ameaça que a Al Qaeda representa."

Nicholas Kristof, colunista do jornal The New York Times: "É bom, para a reputação, influência e poder dos Estados Unidos, que tenhamos pego Bin Laden. Dito isto, matá-lo não significa acabar com a Al Qaeda. O médico egípcio Ayman al-Zawahri há tempos desempenha um papel crucial como número dois. E a Al Qaeda é mais uma rede frouxa do que uma organização bem estruturada - e isso se tornou ainda mais verdadeiro nos últimos anos. (...) E também é fato que a morte de Bin Laden teria importado mais em 2002 ou 2003. Durante os anos a opinião popular se moveu contra ele, e você não vê mais camisetas com a estampa de Osama à venda nos supermercados."

John Lee Anderson, da revista New Yorker: "Independente do que aconteça, e independente de quão maligno seja o desafio lançado por Ayman al-Zawahiri, provável sucessor de Bin Laden, a Al Qaeda se enfraquecerá, talvez terminalmente. Com a morte de seu líder, a vontade de muitos por aí que querem ser como Bin Laden deverá ser reduzida - porque uma das coisas que alimentava a adoração era a imagem dele como alguém invencível. Cultos de morte verticais e religiosos como este sempre se apoiam no líder, porque a sobrevivência dele é a chave para a perpetuação da crença de que a utopia é possível. De agora em diante, todos saberão que a Al Qaeda está finalmente condenada. Poderá continuar a dar trabalho. Mas com Bin Laden morto, poderá ser mais fácil ver o caminho a seguir; o fim está, se não à vista, no mínimo perceptível em algum lugar."

Lara Logan, correspondente internacional da CBS: "Os líderes do núcleo do grupo no Paquistão procurarão permanecer com uma postura mais discreta no que se refere à recente morte de seu líder, dizem oficiais. O restante muito provavelmente tentará arrecadar mais dinheiro e recrutar mais seguidores. O perigo é que a morte de Bin Laden possa ter, de fato, acelerado a tendência dos últimos anos que é a da Al Qaeda se tornando cada vez mais descentralizada e, portanto, mais difícil de ser combatida."

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