- Ricos de Amor e Coisa Mais Linda (Fotos: Reprodução)

Qual será o futuro das produções originais da Netflix Brasil?

O conteúdo nacional tem ganhado destaque mundialmente, além de aproximar o público do audiovisual brasileiro

Isabela Guiduci Publicado em 08/07/2020, às 07h00

A Netflix é um serviço de streaming que se destaca por investir em conteúdos originais locais. Essa postura incentiva a produção audiovisual em diversos países, inclusive o Brasil. Ainda, por ser uma plataforma internacional, aproxima o público de culturas que, muitas vezes, são distantes de uma determinada realidade. 

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No início de 2020, de acordo com uma matéria da Valor, foi divulgado que o streaming investirá 350 milhões de reais em conteúdo audiovisual brasileiro - seja em séries, filmes, reality shows, stand-ups ou documentários - entre 2020 e 2021. 

"Percorremos um longo caminho desde o lançamento de 3%, nosso primeiro original brasileiro, em 2016, e hoje temos produções como O Matador (2017), Samantha! (2018), O Mecanismo (2018), Vai Anitta (2018), Whindersson Nunes: Adulto (2019), Lugar de Mulher (2019), O Escolhido (2019), Ninguém Tá Olhando (2019), Irmandade (2019), Sintonia (2019), Coisa Mais Linda (2019), Ricos de Amor (2020), Modo Avião (2020) e Reality Z (2020) para mencionar alguns. Este é um dos nossos maiores mercados no mundo e estamos comprometidos com o Brasil ao longo prazo", explicou Francisco Ramos, Vice-Presidente de Conteúdo Original Netflix para a América Latina, em entrevista à Rolling Stone Brasil.

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O primeiro lançamento de uma produção original brasileira da Netflix foi a série 3%, como comentou Francisco - tão bem-recebida pelo público nacional e internacional que ganhou mais três temporadas. Em agosto de 2019, o streaming anunciou que o seriado seria renovado para uma quarta e última temporada. 

Coisa Mais Linda, Sintonia e Irmandade também são séries lançadas pelo serviço de streaming que foram muito bem-sucedidas ao pautarem temas sociais brasileiros importantíssimos. Com tamanho sucesso, todas foram renovadas para uma segunda temporada.

Em junho, Coisa Mais Linda ganhou os novos episódios e passou mais de uma semana entre os títulos mais assistidos do país - na ferramenta disponibilizada pela plataforma, “Top 10”,  na qual mostra as produções mais vistas naquele dia pelo público local.

Ainda, em 2020, dois longas brasileiros de comédia romântica foram lançados na plataforma e conquistaram o público - para além do Brasil. Logo no início do ano, Modo Avião, estrelado por Larissa Manoela e André Luiz Frambach, se tornou o filme de língua não inglesa mais visto da Netflix - e foi muito assistido em países como Estados Unidos, México, França e Alemanha.

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Ricos de Amor foi a segunda aposta da Netflix em uma comédia romântica brasileira. Estrelada por Giovanna Lancellotti e Danilo Mesquita, a produção foi tão bem-recebida pelo público que entrou no Top 10, e permaneceu por vários dias, em diversos países além do Brasil, como Honduras, México, Argentina e outros da América Latina. 

Sobre a audiência, Francisco Ramos disse: "O Top 10 mede a popularidade em todo o país e é atualizado diariamente no serviço, então é um grande feito aparecer ali por vários dias seguidos. Nossa plataforma é única em trazer conteúdo de um país para o resto do mundo e nossa experiência personalizada permite que filmes ou séries locais viajem do Brasil para o mundo inteiro. Vimos isso acontecer com Modo Avião, Sintonia e, mais recentemente, com Ricos de Amor. Autenticidade é a palavra-chave, quanto mais uma produção ressoa em seu país de origem, mais ela tende a viajar."

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"Por mais que soubéssemos que o filme tinha um grande potencial na faixa etária adolescente, nunca imaginávamos que ele fosse fazer tanto sucesso abrangendo todas as faixas etárias. Foi sem dúvida uma surpresa maravilhosa a repercussão", contou Giovanna Lancellotti em entrevista à Rolling Stone Brasil.

A atriz acrescentou: "O contato com o público - ainda mais durante o isolamento social, onde as pessoas acabam gastando mais tempo online - foi incrível e bem intenso. Tenho recebido milhões de mensagens por dia do mundo todo! Estou muito orgulhosa do nosso projeto ter tomado uma força tão grande!"

Vale lembrar que além das séries e filmes, o streaming também investiu em documentários, como Laerte-se e o sucesso dirigido por Petra Costa, Democracia Em Vertigem - o qual teve um retorno tão positivo, inclusive internacional, que foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário na edição de 2020 da premiação. 

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Os reality shows locais também são apostas do streaming - o The Circle Brasil foi um sucesso internacional e, além do público se identificar com os participantes, os mesmos ficaram muito queridos por espectadores de vários lugares do mundo. Para o futuro, a Netflix já prometeu a versão brasileira de Brincando com Fogo e Casamento às Cegas


A importância das narrativas brasileiras em produções audiovisuais 

Não há produção audiovisual que represente o Brasil tão bem quanto as séries e filmes produzidos em território nacional - seja com personagens, narrativas e/ou questões sociais. Investir nestes conteúdos resulta na identificação do público brasileiro e consequentemente no sucesso dos mesmos. 

A cultura das novelas continua muito forte aqui no país por conta da proximidade personagem-telespectador, e essas produções são as responsáveis pelos altos números de audiência da TV Globo, por exemplo.

O interesse do streaming em produções dramatúrgicas é muito importante para ampliar a identificação do público, além de, no caso da Netflix, aproximar espectadores de diversas partes do mundo à realidade brasileira.

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"O público no Brasil e no mundo anseia por ter um vislumbre do que está acontecendo ao redor, e o tecido de conectividade da narrativa é ilimitado. Além disso, uma cultura rica, vasta e diversificada como a do Brasil pode ser precisamente representada pelos filmes e séries que estamos produzindo no país, dando voz a escritores, diretores, produtores e atores locais. E como a cultura brasileira é complexa e diversificada, ninguém é mais capaz de contá-la do que os próprios brasileiros", explicou Francisco Ramos.

Giovanna Lancelotti também falou sobre a importância da identificação e incentivo de produções locais: "É importante valorizar o cinema brasileiro e os profissionais do audiovisual - que são muitos. Algumas pessoas nem imaginam a quantidade de empregos gerados na produção de um longa, por exemplo. Sem falar que, estando numa plataforma mundial como a Netflix, e estamos levando nosso país para o mundo!"

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Especificamente sobre Ricos de Amor, afirmou: "Nosso filme é uma comédia romântica bem brasileira - com direito à Lapa, sertanejo, funk, comunidade... - e é importante retratar a nossa realidade - mesmo sendo relatada com leveza e humor - para os outros países. Além de que, um filme brasileiro fazer sucesso internacionalmente é uma quebra de paradigma para os próprios brasileiros. Recebo muitas mensagens do tipo 'não curto filme brasileiro, mas adorei o de vocês'. O que é uma pena, já que temos tantas produções incríveis brasileiras, elas precisam ser vistas e valorizadas."

Francisco também completou: "Ao contar histórias locais autênticas, podemos construir um senso de comunidade e, a partir daí, por meio de um sentimento de realização, teremos sucesso. Mas insisto que isso só pode acontecer se continuarmos capacitando os criadores locais. Somos veículos para grandes contadores de histórias."

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Os brasileiros nas redes sociais

Os dados da pesquisa The State of Mobile 2020 apontam que o Brasil é o terceiro país que mais consome serviço de streaming no mundo, e fica atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia, respectivamente. De acordo com os dados, os favoritos dos brasileiros são Netflix, YouTube, Amazon Prime e Globoplay

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Ainda, a pesquisa mostra que globalmente houve um aumento de 50%, entre 2017 e 2019, dos consumidores que passam mais tempo em aplicativos de entretenimento nos aparelhos móveis. As opções de download, alta qualidade, entre outras ferramentas facilitadoras do streaming, catalisaram esse avanço. 

A América Latina é a mais conectada em diversas redes sociais como Facebook, YouTube, Instagram, Twitter, Snapchat e LinkedIn, segundo dados da Comscore de julho de 2019. Especificamente, 90% dos brasileiros acessam essas plataformas.

Francisco Ramos falou sobre a importância de viralizar nas redes sociais: "O público brasileiro é muito apaixonado e ativo nas mídias sociais. É muito emocionante e divertido podermos nos conectar com os fãs por meio de nossos canais, oferecendo a eles a oportunidade de se sentirem próximos das histórias e dos talentos que amam tanto, além de oferecer um espaço para que eles possam ter conversas reais e aumentar seus fandoms em um momento em que as pessoas estão buscando mais conexão do que nunca."

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Com um público tão conectado, é inegável a responsabilidade dos próprios brasileiros em divulgar o conteúdo nas redes sociais ao comentar sobre ele, por exemplo. Os espectadores usam principalmente o Twitter e o Instagram para falar sobre os conteúdos - locais e internacionais - e catalisam a viralização de uma série ou um filme nacional que, em geral, nos dias em que são lançados, tornam-se um dos assuntos mais comentados no Twitter Brasil. 

"A recepção de conteúdo local é sempre maior no país de origem do que fora e é assim que medimos nosso sucesso, a capacidade de impactar nossos assinantes pelo fato de que, se nosso conteúdo original for excelente e autêntico, eles sentirão que sua experiência com a Netflix é também excelente e única. E depois, boas histórias apenas viajam, essa é a natureza de uma boa narrativa, ela apenas viaja. É universal falar sobre nós mesmos e nos sentirmos refletidos nas histórias que lemos ou assistimos", contou Francisco


Qual será o futuro das produções brasileiras na Netflix?

São mais de 25 produções originais marcadas para serem lançadas até 2021 na Netflix. Neste ano já foram lançadas Onisciente (janeiro), Modo Avião (janeiro), Ricos de Amor (abril), a segunda temporada de Coisa Mais Linda (junho), Reality Z (junho) e outros. 

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"Nosso compromisso com o Brasil está apenas começando, estamos nos estágios iniciais do que nossa oferta ainda alcançará. Serão séries, filmes, reality shows, especiais de comédia stand-up, documentários etc. Entre as novidades que virão, já anunciamos as segundas temporadas de Coisa Mais Linda e Sintonia, o lançamento de Reality Z, nossa primeira série brasileira de zumbis, a temporada final de 3%, o suspense policial Bom Dia, Verônica, o filme Tudo Bem no Natal que Vem, com o ator Leandro Hassum, outro filme com Larissa Manoela chamado Lulli, que será lançado em 2021 e em breve também chegará um novo filme com a Maisa, escrito por Thalita Rebouças", contou Ramos. 

O próximo lançamento de conteúdo brasileiro da Netflix será a série Boca a Boca que apresenta a história de um "vírus do beijo" em uma cidade rural do Brasil. Pensado para o público adolescente, a produção será lançada no dia 17 de julho.

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"Depois de uma festa, uma garota acorda no dia seguinte com uma ressaca um pouco diferente. Ela estava infectada por um vírus transmitido pela boca. Além dos dramas comuns para a idade, os adolescentes de uma cidade rural vivem com o pânico do vírus e o medo de que seus segredos sejam descobertos", diz a sinopse. 

A série, que contará com visuais psicodélicos, drama e muito suspense tem no elenco Denise Fraga, Iza Moreira, Michel Joelsas, Thomás Aquino, Luana Nastas, Esther Tinman, Kevin Vechiatto, Grace Passô, Bianca Byington, Bruno Garcia, Flavio Tolezani e Caio Horowicz.  


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