Depois de turnê pelo Brasil, rapper segue em ascensão e busca o topo: no hip-hop, no pop e até no rock and roll
Pedro Antunes Publicado em 17/01/2013, às 17h36 - Atualizado às 19h51
No dia 12 de dezembro de 2012, quando cerca de dois bilhões de pessoas assistiram ao show beneficente para auxílio das vítimas da tempestade Sandy, com Paul McCartney ao lado dos remanescentes do Nirvana, Rolling Stones e muitos outros, a cidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, respirava ares diferentes. A prefeitura da cidade decidiu estabelecer aquele como o “Wiz Khalifa Day”, em homenagem ao rapper de 25 anos. A história, um mês depois, ainda arranca gargalhadas do rapaz. Seria uma espécie de feriado? “Pode-se dizer isso. No meu dia, todo mundo fuma maconha o dia inteiro”, diz Khalifa, com voz bastante grave e profunda, depois de alguns segundos rindo. “Cara, falando sério, isso é enorme, não é?” Mais gargalhadas de satisfação. Wiz Khalifa sabe que ter a cidade onde nasceu sob seus pés é apenas o começo.
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O rapper fala com a Rolling Stone Brasil em São Paulo, prestes a começar o segundo show da turnê que passou por Florianópolis (no dia 10 de janeiro), São Paulo (11/1) e Rio de Janeiro (12/1). “O público me pareceu bastante interessado”, afirma ele, em análise sobre a performance em Santa Catarina. “Eles conheciam meus versos, foram pacíficos.”
Wiz Khalifa, nascido Cameron Jibril Thomaz, acaba de colocar nas prateleiras seu segundo disco pelo selo Atlantic. O.N.I.F.C., lançado no Brasil pela Warner Music, sucede o elogiado Rolling Papers, que tirou o rapper da cena underground e escancarou seu rosto nos veículos especializados com canções como “Black Yellow”, “Roll Up” e “On My Level”. Os dois discos soam quase como se tivessem sido feitos juntos, apenas divididos em dois. Khalifa se tornou pop, mas isso não mudou a temática usual: versa confiantemente sobre maconha (muita!), dinheiro, enriquecimento e trabalho. “Eu tenho erva suficiente para a porra da minha vida toda” é a primeira frase do disco, em "Paperbond”. As vinte faixas, incluindo duas de bônus, seguem nessa mesma linha.
Khalifa entende como se joga o jogo e se rodeia de músicos que também sabem fazer o ir e voltar entre o hip-hop e o pop, como Akon (na melódica “Let It Go”), Berner (“Bluffin”), Cam’ron (“The Bluf”), Courtney Noelle (“Got Everything”), Pharrell (“Rise Above”) e The Weeknd (“Remember You”). Entre elas, “The Bluf” se tornou a sua faixa preferida de O.N.I.F.C. justamente pela participação do veterano Cam’ron. “Ouço esse cara desde que eu era criança. É um sonho realizado ter ele no meu disco”, conta, pela primeira vez saindo do alto de uma enorme escada ególatra. “Não queria que a música chegasse até ele e soasse uma merda. Mas levei e ele adorou. Foi uma experiência perfeita.”
O disco, assim que lançado, chegou ao segundo lugar das paradas norte-americanas e só não se viu no topo porque bateu de frente com a poderosa (em vendas) Taylor Swift e seu Red. “Quando comecei a gravar esse disco, no fim de 2011, tentava pensar nas coisas que estavam acontecendo na música naquela época, para fazer algo diferente. Continuar sendo eu mesmo e ser relevante”, explica Khalifa sobre O.N.I.F.C.. “Acho que encontrei o meu caminho aí, unindo os temas que eu falo com as batidas do álbum. Isso deixou o disco diferente de todos os outros lançados no ano passado.”
As perambuladas mais ousadas pelo pop e pelo rock vieram com parcerias com Maroon 5 e Black Keys. Com o grupo liderado por Adam Levine, ele criou “Payphone”, indicada na categoria Melhor Performance Pop de Dupla ou Banda. “No momento em que estávamos no estúdio – porque gravamos juntos, no mesmo lugar – sabíamos que seria um hit”, disse ele. Já a colaboração com o Black Keys faz parte do projeto Blakroc, de Dan Auerbach e Patrick Carney com outros artistas do hip-hop. “Eles são meus compadres”, diz o rapper. “Se eu estarei no próximo disco do projeto, não sei, mas fui lá e gravamos algumas coisas. Dei algumas ideias, vamos ver.”
Não há preconceitos para Khalifa – e talvez esse seja o grande segredo. “Eu gosto de todos os tipos de música pop. Às vezes, não sei qual é a banda, mas gravo o tipo de música que eles fazem. Ouço rock clássico, soul, R&B. E, então, vejo como isso se encaixa na minha própria música.”
Khalifa vem seguindo em uma boa fase e, agora, irá enfrentar um desafio ainda mais difícil e duradouro do que gravar um disco: ser pai. Ele e a noiva Amber Rose estão esperando o primeiro filho, que deve nascer em breve. “Sei que as coisas vão mudar, mas quero que seja feito de maneira suave e não drástica. Meu pai é um ótimo pai e quero fazer isso também, mal posso esperar para começar logo”, conta, de novo animado com a temática.
As coisas parecem voar numa velocidade diferente para Wiz Khalifa. Também em 2012, por exemplo, ele foi indicado como uma das 30 maiores estrelas com menos de 30 anos pela poderosa Forbes. “Foi um longo tempo de trabalho, cara”, comemora. “Fui fazendo as coisas e simplesmente indo com a maré. De repente, o trabalho duro começou a mostrar resultados. Acho que foi uma progressão natural. Fiz o melhor que eu pude fazer e qualquer um que me conhece sabe que estou apenas só começando”, brada o rapper, tão confiante quanto nos textos das suas músicas. “E é um bom começo.”
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