Mesmo anônimo, ele se transformou em uma figura de destaque na arte internacional
Camilla Millan I @camillamillan Publicado em 10/11/2020, às 20h29
Talvez “quem é Banksy” não seja o título perfeito para a matéria, uma vez que a identidade do artista permanece um segredo. Contudo, o britânico conquistou o mundo com obras satíricas, críticas e repletas de significados - e mesmo sem saberem o nome verdadeiro, ele não deixa de ser uma figura de destaque na arte internacional.
Com recusas de entrevistas e identidade em anonimato, Banksy dá o devido foco às obras de arte dele - que, além de revolucionárias, podem ser consideradas controversas. Espalhados pelas ruas, nas paredes e murais de Bristol, Londres e outras cidades do mundo, os grafites do artista pretendem transmitir uma ideia, criticar, propor reflexões e, inclusive, chocar.
Muitos acreditam que o artista é o músico Robert Del Naja, da banda de trip hop Massive Attack. Contudo, a identidade dele ainda não foi confirmada. O que se sabe é que ele nasceu em Bristol, é um pintor de grafites, telas, ativista político e diretor de cinema britânico.
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Além disso, Banksy usa a técnica do estêncil nas obras dele - o que seria a aplicação do desenho por meio de um corte no papel por onde passa a tinta, como uma moldura.
Tal técnica garante rapidez no seu trabalho, preservando a identidade do artista - e para não ser descoberto, o grafiteiro também aparece sempre de capuz e conta com diversos colaboradores que o ajudam a não ser identificado.
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As obras de Banksy fazem sucesso pelo conteúdo crítico. Tanto em murais quanto telas, o artista critica conceitos de autoridade, poder e provoca os observadores, debochando também do próprio mercado das artes. Para isso, muitas vezes, ele recorre a obras agressivas e sarcásticas.
Essa agressividade e sinceridade nas obras de Banksy fizeram dele um artista muito famoso. Além disso, o estilo peculiar das obras faz com que, independente do local onde você esteja, seja possível identificar as peças icônicas.
Seja com críticas ao capitalismo, guerras, às figuras policiais ou deboches à fama, o artista incomoda - e esse é o objetivo. Afinal, se não causasse desconforto, ele não seria tão popular assim.
Em uma emblemática obra, por exemplo, Banksy retratou uma das vítimas mais famosas da Guerra do Vietnã de mãos dadas com Mickey Mouse e Ronald McDonald - símbolos do capitalismo e domínio dos Estados Unidos.
Talvez um dos momentos emblemáticos da carreira de Banksy tenha sido em outubro de 2020, quando uma pintura icônica do artista, "Girl With Balloon" (Garota com Balão), foi leiloada pela Sotheby’s, em Londres. Assim que foi vendida, a tela passou por um triturador que estava escondido na moldura, como explicou o G1.
Leiloada por £1,04 milhão e picotada logo em seguida, a arte se tornou ainda mais valorizada após o ocorrido - e se transformou em um símbolo da crítica à própria indústria artística. Detalhe: Banksy assistiu tudo de dentro da sala, como foi divulgado depois.
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Após a surpresa e popularidade do acontecimento, a transação não deixou de ser concluída pela compradora, que ficou com a obra picotada. Por isso, alguns acreditam que as atitudes de Banksy tenham o objetivo de valorizar o trabalho dele, mais do que uma crítica.
Muitos se mantém céticos quanto ao real objetivo do artista, já que ele se mantém inserido no mundo da arte -e, inclusive, ganha (muito) com isso.
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Mesmo com o debate, é inegável o legado dele para a arte. Inclusive, popularizou-se o termo “efeito Banksy” para nomear o interesse em outros artistas de rua que desviaram do olhar tradicional das galerias de arte e pegaram carona com a popularidade do anônimo.
Além de grafites, e mensagens incômodas, Banksy conseguiu ir além. Ele trocou CDs da Paris Hilton por versões remixadas e com encartes adulterados – em um, ela acompanhava mendigos.
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O artista também produziu notas de £10 substituindo a rainha Elizabeth pela princesa Diana, hoje vendidas por £ 200, como explicou o site da Super Interessante. Além disso, ele burlou a segurança do parque de diversão da Disney, em Los Angeles, para colocar uma réplica em tamanho real de um prisioneiro da base americana na Baía de Guantánamo.
Por isso, arte e ativismo político são intrinsecamente relacionados para Banksy. O artista consegue fazer intervenções incômodas e surpreendentes quando o público menos espera, além de chamar atenção para importantes questões sociais.
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