Originalmente popularizado pelas estações de rádios piratas de Londres, o gênero respira no underground, mas se sobressai pela sonoridade própria construída pelos MCs nacionais
Nicolle Cabral | @NicolleCabral Publicado em 26/08/2020, às 07h00
“Grime não é para quem quer ser, é para quem é”, aponta SD9, um dos MCs cariocas que vem ganhando notoriedade no gênero no Brasil. Com beats metálicos, BPM (batidas por minuto) acelerado e rimas frenéticas, o Grime surgiu na capital inglesa no início dos anos 2000 sob o farol das rádios piratas e a estreia de Dizzee Rascal com o Boy in Da Corner, lançado em 2003.
Referência máxima para quem acompanhou a chegada do gênero londrino ao Brasil, como Vandal de Verdade, um dos pioneiros do movimento, Dizzee ampliou as perspectivas musicais de quem ansiava por batidas mais agitadas. “Foi o primeiro disco de Grime que eu tive”, conta o MC em entrevista à Rolling Stone Brasil. “Não me identificava tanto com o rap, achava que faltava algo. Quando ouvi [o Boy in Da Corner], eu tive o estalo de que era possível ser e soar diferente”.
+++ LEIA MAIS: Como o Brasil Grime Show levanta a cultura de rua mesmo durante a pandemia
Amparado pela efervescência cultural da Bahia, ao lado de Russo Passapusso, vocalista do Baiana System e Lord Breu, pesquisador musical, Vandal presenciou o primeiro intercâmbio entre Salvador e Londres, antes do Grime palpitar em outros estados, com o projeto Bass Culture Clash. “Por meio de um edital aqui da cidade, aconteceu uma troca entre artistas londrinos e o Ministereo Público Sistema de Som [grupo baiano influenciado pelo reggae e dub] e OQuadro”. Segundo o MC, músicos e produtores trocaram referências dos países e essa passo foi essencial para fomentar a cena do Grime que conhecemos hoje.
Diferente da métrica encontrada no boom bap e no trap, por exemplo, o gênero bebe de fontes como o UK garage — que une as influências do hip-hop com batidas eletrônicas —, Drum and Bass, Dubstep e o Riddim, presente no reggae e dancehall. Como Vandal explica, em Salvador, o público se assemelhou com o ritmo por causa do soundsystem [sistema de som que surgiu na década de 1950 na Jamaica e prestou um papel fundamental na evolução da música]. “O que ligou a Bahia a Londres foi o lance Jamaicano. O jeito que a gente sente o bass. O público em Salvador parece que já estava pronto para isso”.
Com a inserção das batidas do Grime em Salvador, Vandal começou a fazer intervenções com o Ministereo Público e rimar por cima das faixas em festas do Largo da cidade. A partir daí, construiu a própria identidade e se consolidou como uma das figuras mais importantes quando traçamos uma linha do tempo do gênero no país.
Quando, no início dos anos 2010, surgiu uma segunda onda de artistas influenciados pelo Grime que chegaram ao mainstream, entre eles, Wiley, Stormzy e Skepta. O barulho das obras liderou o topo das paradas no Reino Unido e o ritmo conquistou, pela primeira vez, uma colocação na Billboard 200 com o disco Konnichiwa, do Skepta.
Isso, mais uma vez, respingou no território nacional, e, no final de 2018, inspirados pelo ritmo e pelo formato de disseminação dos conteúdos produzidos em Londres, Antonio Constantino (ANTCONSTANTINO), Mateus Diniz (diniBoy), Yvie Oliveira, Rennan Guerra, Lucas Sá e Diego Padilha criaram o primeiro projeto online destinado a fomentar o grime no país: o Brasil Grime Show.
+++ LEIA MAIS: O BEAT DELAS (PARTE 1)
Sediado no Rio de Janeiro, o programa se tornou uma vitrine para os MCs que depositam as energias no flow ríspido e beats acelerados. De lá, vários outros artistas ganharam visibilidade e a cena do Grime chegou ao nível nacional pelo fácil acesso no YouTube. Agora, o gênero que chegou com uma roupagem londrina, já ganhou elementos fundamentais da cultura brasileira e vem conquistando o próprio espaço.
Sendo assim, a Rolling Stone Brasil buscou alguns dos principais artistas que alimentam o Grime do Brasil para discutir sobre referências, provocações, novos projetos e o futuro do ritmo. Entre eles estão: SD9, KBRUM, N.I.N.A, Vandal, Leall e Fleezus.
Natural de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio de Janeiro, SD9 participa do coletivo independente TBC Mob e é um dos MCs em ascensão no Grime. Com um disco recém-lançado, 40˚.40 — um dos grandes trabalhos nacionais lançados em 2020 —, o artista se destaca com um flow elástico e rimas que evidenciam as texturas cortantes por trás do idealismo do Rio de Janeiro.
As primeiras rimas surgiram aos 18 anos com funk proibidão, ainda que não estivesse focado em construir uma carreira por meio da música. "Nunca levei muito a sério, sempre foi um hobby. Meu negócio era ser jogador de futebol". No entanto, em 2015, ao conhecer a equipe da TBC Mob, as coisas mudaram. "Eles botaram na minha mente que eu era bom e falavam para eu focar na música. Até que me mandaram 'Shutdown', do Skepta', e acabou. De 2015 para cá, é só Grime", conta. Segundo ele, por causa do Grime, aprendeu a ouvir outros gêneros musicais que antes, não era tão fã. "Odiava música eletrônica e hoje em dia sou doido para em uma rave porque nunca fui, papo reto".
Me conta como foi fazer o disco, chegar no conceito? E da recepção na gringa?
Costumo falar que o disco tem 28 anos, a minha idade. E é verdade, porque o disco é o meu primeiro trabalho mais sólido. Eu já tinha um EP, com três faixas, mas ir de um EP para construir um disco com 13, que tem uma história por trás, todo um conceito, é muito diferente. Não que o EP não tenha, mas o disco é uma parada que envolve muita gente. São muitas pessoas trabalhando em uma parada só para fazer aquilo fluir.
Para criar ele eu já tinha algumas letras, Sexo, B.O, Astra 1.8 e eu tinha uma outra que era sobre verão e carnaval só que não entrou no disco. Então, essas faixas deram o tema do disco e eu trabalhei o restante baseado nelas e o que tinha no meu EP — foi como um prelúdio para o álbum. Eu já tinha certeza de como eu queria começar e como ia terminar o disco.
[O 40˚.40 ] está gravado desde o meio de 2019. Deixamos todas as tracks gravadas e fomos trabalhando aos poucos. Os feats entraram depois, a N.I.N.A, Leall, VND e D r o p e. Coloquei os feats com quem eu sentia certa identificação, por exemplo, a galera da minha área e aí acabou casando tudo. A "40˚.40" eu tinha em mente outro MC, mas não fluiu. E aí eu falei que o VND que ia responder o que eu queria na faixa. A "Stop Time", que é com a N.I.N.A, a gente escreveu junto na casa dela.
Foi maneiro para caralh*, é difícil construir um disco. Tive duas principais referências para criar o meu: Ready to Die, do Notorius B.I.G e Good Kid, M.A.A.D City, do Kendrick Lamar. Os dois discos me rementem muita história, do nada, no meio do disco, existe um diálogo. No do Kendrick tem uma ligação da mãe dele e eu quis fazer dessas paradas referências, mas fazer do meu jeito. Foi aí que eu encontrei essa questão dos áudios do Whatsapp, da minha rapaziada aqui da área. E quando bateu lá na gringa [o disco recebeu 7.8 pela Pitchfork], fiquei: 'caralh*, fiz O disco'. Todo mundo está de parabéns, graças a Deus tem uma equipe boa por trás, o Rennan, produtor do disco, da Casa do Meio. Ele é paciente e impaciente, e eu sou a mesma coisa, batemos a cabeça direto, foi maneiro.
Fundador e idealizador do coletivo Jamaicaxias, referência dos bailes de dancehall de Duque de Caxias no Rio de Janeiro, KBRUM foi um dos primeiros participantes do Brasil Grime Show e despontou na cena. "Whisky no Copo", "Jamaicaxias" e "Black Pantha" são alguns destaques do trabalho feito pelo MC. No início, conta que teve dificuldades de encontrar beats para se aprofundar no Grime, visto que a cena ainda era muito nova, mas hoje, "vira e mexe, recebo beat da galera gringa pedindo para gravar uma coisa ou outra". Segundo ele, quando entrou em contato com o gênero, encontrou o próprio estilo de rima muito fácil. "Quando eu ouvi Grime, já entendi".
Como aconteceu seu primeiro contato com o Grime?
Música sempre mexeu comigo, meus pais eram da Igreja. Mas aí, em determinado momento, sai daquele meio e fui traçar o meu caminho. Na época, o hip-hop dos anos 1990 e 2000, todo aquele movimento, foi muito influente para mim. Me envolvi com toda a cultura do break, de b-boy, sempre estive na rua pegando esse som underground. Quando fiz uns 17 anos, conheci o reggae e o soundsystem. Eu já conhecia o Bob Marley, claro, mas aí eu conheci a cultura e comecei a ficar apaixonado pelo baile de soudsystem, esse paredões e som, muito grave batendo, o MC cantando ali numa base que o DJ tocava. A partir daí, comecei a entrar nesse mundo e uns anos depois de pesquisa e frequentando esses bailes, montei o meu coletivo [Jamaicaxias] e aí passei a estudar o Dancehall, que abriu um outro laque de referências para mim.
Depois conheci a cena de Londres, com o Ska, o movimento punk, o UK Garage. Mas ainda assim, eu me via muito apegado ao Dancehall. Anos depois, meu primo, que também participa do coletivo, começou a ouvir muito grime e viajou para São Paulo. A gente tem um amigo em comum, o Jimmy Luv, que se amarra em Grime e começou a passar essa material para a gente.
Não tinha nem como pesquisar isso na época, tá ligado, e aí ele passou um pen drive com umas 30 músicas, de artistas diferentes, e a partir daí a gente foi estudando. No final de 2019, o Brasil Grime Show apareceu e eu já estava ali meio que botando a minha cara como MC, ainda que voltado Reggae e Dancehall — que tem muita referência no riddim, é uma cultura muito semelhante, uma bebeu da fonte da outra. Aí eu participei do programa e fui me sentindo mais a vontade para fazer aquilo, percebi que a galera gostava e era meio diferente do que todo mundo fazia, porque quando o Brasil Grime Show começou, embora já existisse gente que estudasse, pesquisasse o grime, fazia até uns beats, era tudo muito disperso, cada um no seu cantinho. Não tinha essa movimentação no país. O Vandal mesmo, lá na Bahia, já fazia isso há muito tempo. Mas aí, a partir do Brasil Grime Show, as portas foram se abrindo e eu fui me identificando cada vez mais com o estilo.
Hoje estudo mais Grime e Dril do que Dancehall, que é uma parada que fica mais no meu coração, faz parte da minha história, ouço sempre aqui em casa. Mas para estudar, as minhas líricas e letras, elas ficaram mais no formado do Grime, porque eu me identifiquei muito. É uma experiência do caralh*, é um evento, estar ali em uma rádio, aquela vibração e emoção. É uma energia muito forte e eu só tinha sentido isso com coisas que a gente já tem contato, que é o baile funk e tal. Essa coisa de todo mundo estar vibrando na mesma energia. O Grime foi até mais que o próprio hip-hop, já fui em vários festivais de rap, mas não me fez tanto a cabeça o boombap ou o trap, quanto o Grime me dominou. Parece que nasci para fazer esse bagulho.
Além de Scarlett Wolf, Aika Cortez e outras, N.I.N.A é uma das frentes do Grime. Criada em um meio familiar musical e com uma rotina no final de semana embalada por ritmos que iam do rock ao rastafári, N.I.N.A acabou destoando dos gostos pessoais dos pais e irmãos e se encontrou no hip-hop e no funk. "Cresci na favela, o funk me atraía. Tocava em cada esquina que eu passava, e não tinha como não se envolver naquele ritmo", explica.
A artista, primeiramente transitou como DJ e se aventurava ao misturar o funk, com o trap, bossa-nova e reggaeton. "Me voltei muito para a cultura negra". Em uma das festas que foi contratada para tocar, viu o SD9 cantar. "Quando eu vi ele cantando, pensei: 'o que é isso que esse garoto faz?'". N.I.N.A conta que teve um encontro com o Grime em outra ocasião, porém, à primeira vista, não foi uma combinação imediata. "Só que a forma como ele apresentou as letras dele e no palco, me atraiu e fez com que eu buscasse mais".
Segundo ela, quando o MC mostrou o Drill e o Grime, foi um "estalo na cabeça". "É isso que eu estava procurando para fazer a Nina nascer. Ela já existia dentro de mim, eu só não sabia como colocar para fora. Quando eu escutei, foi uma coisa que me tocou e eu pensei: 'ou faço isso ou não vou fazer nada".
Como foi o processo de criar a sua identidade no som?
Foi doloroso. Veio em um momento da minha vida que eu tava passando por coisas muito difíceis, quando eu estava meio que perdida sobre mim, e precisei me reencontrar. Para encontrar a minha identidade, precisei voltar as minhas origens, eu tinha saído de onde eu morava por conta de guerra de tráfico e por causa da faculdade. A quilo me desconjuntou de uma forma surreal. Eu estava vivendo de outra forma, deixei de ser a Nina que eu sou para virar a Nina academica, que sempre tinha que estar dando o melhor para ser aceita. Eu meio que tinha me perdido em toda aquela fantasia que a Universidade trouxe pra mim, e aí quando eu voltei pra Cidade Alta, eu encontrei de novo com a Nina que eu era, e foi muito difícil e muito doloroso reconhecer a Nina de novo, tipo: 'Oi, como você tá? Por onde você andou?' A minha identidade foi construída em cima de tudo que eu virei as costas durante três anos, e quando eu voltei a ser eu, percebi que não tinha coisa melhor para mostrar do que o meu verdadeiro eu.
As primeiras dificuldades que senti foi colocar em palavras e em estética a Nina que eu sempre fui. Eu era era muito presa aquela ideia de que eu tinha que agradar a tudo e a todos, de uma forma que todos sentissem que eu era perfeita. E não é assim. A minha estética foi muito complicada para equilibrar, porque, de certa forma, eu ainda estava muito americanizada, achava que só servia o que encaixava nos padrões de lá. A minha música veio junto com a minha aceitação pessoal, então foi bem difícil.
Há mais de 10 anos como MC, apesar de ter despontado as iniciais do Grime no Brasil, Vandal "não se coloca musicalmente em um lugar". E explica o porquê: "Nesse momento, me coloco em um momento musical muito amplo, tenho o Grime, Drill, rap, pagodão baiano, a música baina, nas vertentes mais ilimitadas. Tenho músicos que estão ao meu redor que me deixam completamente solto e criativo". Confortável com a própria trajetória e ciente dos diálogos que abriu, Vandal se destaca pela grande habilidade rítmica.
O MC conta que, no início, quando começou a rimar, precisou entender o público e como transpor as próprias verdades para a música. "Tive que mudar muito o meu flow. As nossas referências daqui do pagode, axé, e do próprio reggae, é um lance mais cantado. Percebi que tive que cadenciar um pouco mais o meu canto para algo mais audível, porque o povo de Salvador clama pela composição e pela letra".
Como funciona o seu processo de composição?
Minha escrita segue o meu próprio nome: de Verdade. O meu lance de escrita, é o encontro do instrumental com a verdade que eu vivi nesse processo até encontrar o instrumental. Ele sempre me desperta, até por ter uma noção de musicalidade maior, entender que um beat não é apenas um beat, e por ter aprendido a respeitar os produtores e DJs. Minha formação é a do cara que ficava ali esperando no soundsystem a permissão do DJ para conseguir colocar a minha voz. Não tenho uma criação de MC, como a soberba automática que ele tem de 'o show é meu, vou subir e cantar'. Nunca foi isso. Sempre tive que aguardar o momento certo.
Isso influenciou muito na minha escrita, tenho várias histórias na minha mente, até por viver uma vida mais intensa. Aqui em Salvador vivemos com essa troca em uma cidade portuaria, onde tudo acontece tudo rápido. É turística, onde tem muita troca de informação. Tudo é muito latente. E eu tenho todas essas histórias que eu vivi, antigas e atuais. Elas vão sempre circulando na minha mente.
Quando faço as minhas sessões, às vezes, encontro um synth ou uma bateria e isso me desperta uma letra inteira. Às vezes um sample, eu paro e ouço um sample e ele começa a loopar automaticamente na minha cabeça e a processar todas asinformações que eu tinha ali. Uma hora elas se completam.
Por isso, disse em algumas entrevistas que não sou tão fã de feat, por causa dessa minha forma de escrita. Como o próprio Russo [Passapusso] diz: 'Música é Deus, né'. Escrevo a minha vida, tudo que eu vi, tudo que eu vejo, nunca me colocando como o centro das atenções, mas como se eu fosse apenas um espectador de um processo de vida. Tenho as máximas né, sou um homem negro, periférico, sobrevivente, e um pouco desse mundo que me circunda é um prato cheio para que eu escreva sobre a minha vivência na cidade de Salvador.
Desde os 14 anos, Leall vivia dentro de um estúdio rimando e fazendo som. "Saía sexta-feira e voltava na segunda sem dar notícia para a minha mãe. Ela ficava doida, achava que eu tava fazendo qualquer outra coisa menos música", conta rindo ao relembrar das reclamações que ouvia. Ainda que o contato do MC não tenha sido diretamente com o Grime — antes disso, ele gravou vários sons de rap —, flow elástico e talento sempre estiveram presentes.
Marcado por influências claras do Grime e do Drill, Leall rima sobre o lifestyle das ruas, "camisa de time, boné da Lala", criminalidade e violência. Os beats marcados que o acompanham — desde 2018, quando aterrizou no Brasil Grime Show —, aparecem nos trabalhos lançados até hoje, "Criminal Influencer", "Moda Síria Anti-Adidas", "Baile" e "Cachorrada", e em breve, em um disco. Leall, inclusive, participa de um dos programas mais assistidos do BGS até hoje.
Me conta como tá sendo fazer o seu disco? O que você tem ouvido de referências? Vai ser mais grime, mais drill?
Eu tinha uma música que escrevi em 2018 e ela ficou guardada porque eu não tinha muito público ainda, aí decidi não lançar, deixei guardada para esperar por uma oportunidade. E aí escrevi mais três sons, do final de 2019 para o início de 2020, com um conceito já. Pensei em fazer um EP, mas aí aproveitei para criar um disco para desenvolver melhor. Mudei várias coisas, o fim da história que eu queria ter. Porque é um processo difícil demais [o de escrever um disco]. Eu nunca nem tinha parado para escrever um EP, só lancei single, e aí quando parei para fazer, ainda mais de quarentena, sem fazer show, dentro de casa. O bagulho é mó doidera, são várias sensações, estou ansioso e confiante.
Para fazer, pensei em muita Música Popular Brasileira. Tentei evitar muito o rap, porque quis estudar outras coisas: Jorge Ben Jor, Milton Nascimento, toda essa galera. São músicas que eu gosto e que os discos são muito fortes, principalmente os do Milton, que foi o que peguei de referência, no sentido de como colocar as músicas, qual é a sensação que eu quero passar em tal música. Clube da Esquina e Maria, Maria, do Milton. Em estilo, vai ter um pouco de tudo, mas vai ter mais drill.
Em "1990 O Início De Uma Era", Fleezus rima sobre uma das principais conquistas do time do coração, o Corinthians. Como parte da campanha de lançamento do novo uniforme do time para a temporada de 2020, o rapper foi convidado para dar o tom — e a cara — do projeto. "Foi uma experiência que vai marcar a minha vida. Tive que conter a emoção", conta sobre os bastidores da gravação do clipe da faixa.
Além do projeto, Fleezus, ao lado de Febem — que também tem trabalhos fortes dentro do Grime — e Cesrv, marcou um ponto importante na trajetória do gênero no Brasil em março de 2020. Com o lançamento do EP, Brime!, o trio — de sintonia imensa —, evidenciou a identidade brasileira ao misturar as batidas de funk com o eletrônico para rimar sobre a cultura de rua, os bailes, futebol e superações.
Agora, em vôo solo, o rapper se prepara para o lançamento do disco Eskibaile, marcado para outubro. No registro, promete explorar novos gêneros e mostrar uma visão do Morro para além. "É sobre uma mudança de vida em todos os aspectos", explica.
Como você enxerga o Grime daqui para frente?
Tenho pra mim que o gênero que tem tudo para crescer. É algo novo ainda, é uma novidade na cena, vejo que a galera está começando a entender como funciona. Não acho que vai caminhar em passos largos, porque é um gênero que requer um pouco mais de conhecimento, de saber qual é a origem e tudo mais. Quando isso começar a ser levado mais em conta, acho que a cena vai criar uma estabilidade e aí todo mundo que já fazia, vai começar a ter uma notoriedade na cena e o bagulho vai começar a crescer muito mais.
Vejo que vai dar muito bom no cenário brasileiro, porque a gente pode conversar muito sobre o nosso cotidiano, sobre o que é o brasileiro, sobre as comunidades, sobre as camadas da sociedade que a gente pertence, e o Grime vindo pro Brasil dá voz para quem quer ter voz e não quer fazer mais do mesmo.
Blake Lively se pronuncia sobre acusação de assédio contra Justin Baldoni
Luigi Mangione enfrenta acusações federais de assassinato e perseguição
Prince e The Clash receberão o Grammy pelo conjunto da obra na edição de 2025
Música de Robbie Williams é desqualificada do Oscar por supostas semelhanças com outras canções
Detonautas divulga agenda de shows de 2025; veja
Filho de John Lennon, Julian Lennon é diagnosticado com câncer