“Eu convenci ela a entrar no carro, garantindo que a estrada era segura. E não era”, confessa o diretor
Rolling Stone EUA Publicado em 06/02/2018, às 13h31 - Atualizado às 18h14
Em uma entrevista publicada pelo site Deadline na última segunda, 5, Quentin Tarantino finalmente se esclareceu sobre o acidente de carro envolvendo a atriz Uma Thurman, durante as gravações de Kill Bill. No depoimento, o diretor também aborda questões como as acusações de abuso sexual contra Harvey Weinstein, as consequências do acidente, e acusações de crueldade feitas por Uma Thurman em artigo publicado pelo New York Times no último sábado, 3.
No artigo, Uma revela que sofreu diversos ferimentos na batida, após ser pressionada a dirigir o carro para a cena. A atriz diz ter deixado claro que não se sentia confortável em pilotar o veículo. Para piorar a situação, o estúdio responsável pelas filmagens, com medo de um processo, supostamente negou o pedido do advogado da atriz para ter acesso às imagens do acidente.
Conversando com o Deadline, Tarantino conta que Uma, 15 anos depois do ocorrido, pediu para ele as filmagens. “Tivemos que procurar em depósitos, mexer em caixas… Nem acreditei. Não achei que conseguiríamos encontrar. Era claro, e mostrava a batida e os momentos seguintes. Fiquei muito feliz de finalmente entregar à Uma”, conta o diretor. Ele diz também que sabia que o New York Times publicaria o vídeo, mas não imaginava que seria visto como o vilão da história.
Após a divulgação do vídeo, Tarantino foi imediata e energeticamente criticado por seu envolvimento no acidente. Contudo, ele diz ao site hollywoodiano que a forma como o artigo do New York Times foi escrito, faz parecer que a atriz o culpa pela batida, enquanto na realidade ela esperava que a gravação acusasse os produtores do filme. Uma publicou o vídeo em seu Instagram, na última segunda, 5, e na legenda deixa claro que o diretor não deve ser culpado pelo fato, mas que “Lawrence Bender, E. Bennet Walsh e o evidente Harvey Weinstein são exclusivamente responsáveis.”
No post ela continua dizendo que “Quentin Tarantino se mostra ainda hoje extremamente arrependido, e me entregou o material anos depois para que eu pudesse expor essa história, apesar de ser um ocorrido ao qual a justiça nunca será feita”. Ela completa afirmando que Tarantino “entregou a gravação com o total conhecimento de que isso poderia lhe prejudicar, e estou orgulhosa dele, por fazer a coisa certa e pela coragem que teve.”
O diretor explicou ao site Deadline toda a situação por trás do acidente de carro. “Comecei a ouvir do gerente de produção, Bennet Walsh, que a Uma estava apreensiva em relação à cena no volante. Nenhum de nós considerava a cena como uma manobra que necessitava de dublê. Era apenas dirigir. Tenho certeza que fiquei irritado quando fiquei sabendo da situação, mas também tenho certeza que não fiquei com raiva ou furioso. Não entrei explodindo no trailer dela, gritando para ela entrar no carro”.
Ele ainda acrescenta que, na cena, Uma precisava apenas dirigir reto em uma estrada no México. “Não tinha nenhuma descida estranha, nenhum barranco. Uma tinha carteira de motorista. Eu sabia que ela era uma motorista insegura, mas tinha a carteira”. Ele continua dizendo que ele e a atriz tiveram problemas após a batida, e que “ela me culpou por isso, e teve todo o direito de me culpar. Não era o que eu queria. Eu convenci ela a entrar no carro, garantindo que a estrada era segura. E não era. Até o carro possivelmente era duvidoso, mesmo que eu não soubesse disso na época. Tivemos nossos problemas em relação a isso”. O diretor ainda afirmou que este é "o maior arrependimento da minha vida".
Mais à frente na entrevista, Tarantino conta que, antes das filmagens de Kill Bill, a atriz havia contado para ele sobre o abuso que sofreu de Weinstein, e que o produtor já havia agido de forma similar com Mira Sorvino, namorada do diretor na época. “Enquanto nos preparávamos para começar a rodar Kill Bill, ela me contou sobre o assédio. Foi aí que percebi que havia um padrão nos ataques de Harvey, então fiz ele pedir desculpas à Uma. Ele deveria pedir desculpas e ela precisava aceitar, se quiséssemos fazer Kill Bill juntos.”
Quanto às acusações de que Tarantino cuspiu e enforcou Uma durante certas do filme, o diretor explica que “Naturalmente, eu fiz. Quem mais deveria fazer isso? Primeiro, eu não confiava no Michael Madsen para fazer isso. Se ele cuspisse, eu não teria como saber aonde o cuspe iria. Eu amo Madsen, ele é um ótimo ator, mas eu não confiava nele para esse detalhe. Então a ideia foi: eu faço. Eu assumo a responsabilidade.”
Veja abaixo o post de Uma Thurman no Instagram.
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