Cantora pop e eletrônica tem o seu segundo disco, Halcyon, lançado no Brasil
Pedro Antunes Publicado em 21/02/2013, às 19h17 - Atualizado às 19h19
Ellie Goulding vive em outra velocidade. Mais rápido do que o normal, ela vê os últimos três anos como uma longa distância. Com ela, tudo acontece de forma tão acelerada que o primeiro disco, Lights, lançado em fevereiro de 2010, já não condiz com nada que ela vê, vive e sente. “Não consigo me relacionar mais com essas músicas”, conta a britânica de 26 anos, por telefone, à Rolling Stone Brasil. “Elas tinham um momento, uma razão, eu era adolescente. Mas agora tudo parece ter sido há muito tempo.” É com o segundo trabalho de estúdio dela, Halcyon, lançado nesta semana no Brasil (Universal Music, R$ 28), que ela se sente realmente conectada.
De fato, o tempo é mesmo algo relativo para a cantora. Nada funciona dentro da normalidade dos dias, meses e anos. Antes mesmo de Lights ser lançado, ela foi selecionada para ocupar a primeira posição do prêmio Sounds of 2010, da BBC, e foi escolhida pelos críticos para receber o Brit Awards – a segunda artista na história a conseguir a façanha de ganhar os dois prêmios no mesmo ano. Já em 2011, ela foi escolhida para cantar na recepção do casamento real inglês entre o príncipe William e Kate Middleton.
Ao mesmo tempo em que tudo ia rápido em sua terra natal, nos Estados Unidos, a música dela escalava as paradas de forma vagarosa. “Lights” levou 33 semanas para atingir o topo do Hot 100 da Billboard norte-americana. “Eu sequer imaginava que essa música seria popular”, disse a cantora. Na época que chegou ao primeiro lugar, a cantora havia dito que não sabia se era bom ou ruim tê-lo feito depois de tanto tempo. “Nunca pensei que justamente essa seria uma dessas músicas, entende?”
E, de súbito, o eixo do mundo de Ellie mudou. Na Inglaterra, ela é uma artista pop fofa, enquanto, na América, mesmo depois de tanto tempo, ela se tornou uma espécie de “deusa da música eletrônica”. “É muito bizarro. Eu tenho esses vários rostos para cada parte do mundo. Alguns lugares gostam mais de uma música, outros de outra”, diz. Gêneros e categorias são arremessados a esmo na direção à música que ela faz, quase como um jogo de adivinhações – ela já ouviu rótulos que vão de folk eletrônico a indie pop. Ellie se diverte. “Sabe qual é mesmo a parte boa?”, ela pergunta, para uma resposta positiva deste lado da linha. “Assim eu acabo fazendo todas as coisas. Posso tocar num festival de música eletrônica, e outro de pop”, explica.
Para esse segundo trabalho, lançado no exterior em outubro de 2012, ela se disse mais focada e certa do que queria e a sonoridade que gostaria de alcançar. Não que ela se ponha limites e barreiras na hora da composição. “Comecei a saber o que soa bem, o que soa mal. Existem músicas pop e músicas eletrônicas. Presto atenção em cada detalhe, sou bastante preocupada como artista pop.”
Segundo Ellie, a melhor maneira de tentar entender o tipo de música que ela faz é por meio de sua performance ao vivo. Com isso, a deixa é clara: e a vinda ao Brasil? Ela desvia com a polidez tipicamente britânica. “Eu sempre pergunto para o meu agente quando vamos para o Brasil. Estou desesperada para ir até aí. Ouço que vocês são o melhor público. Mas eu não sei quando exatamente.”
Ellie e os homens
Ainda que fisicamente ela esteja longe do Brasil, a cantora garante que as canções contidas em Halcyon, são como um pequeno diário de experiências, sensações e energias que ela guarda dentro de si e, com a música, consegue colocá-las para fora. “Eu quero que as pessoas saibam dessas coisas, que entendam”, diz ela, ao ser questionada sobre o fato de ter letras tão pessoais percorrendo o mundo. “Quero que as pessoas se sintam próximas a mim. Não tenho medo disso, não.”
A temática envolvendo o sexo masculino, recorrente em seu trabalho, é alvo de atenção por parte dela desde a infância. “Tenho me apaixonado por garotos desde muito pequena”, diz, abaixando a voz, envergonhada. “E sempre gostei muito de observar as coisas. Tenho um cérebro muito ativo. Escrevia em um diário quando pequena.”
“I Know You Care”, do segundo disco, por exemplo, é sobre o pai distante, garante ela. Uma balada de piano cuja letra abre para outras interpretações. “A fascinação masculina, eu acho, pode ter a ver com o meu pai, com essa coisa dos meninos. Mas é algo que eu faço faz tempo.”
Observadora atenta, de fala rápida – o que sugere um pensamento mais rápido ainda –, não é de se estranhar a posição que ela ocupa, hoje, no centro de um turbilhão onde os anos passam mais depressa. Tudo aumentou ainda mais quando ela pulou a barreira dos sites e revistas musicais para ser manchete também em colunas e veículos especializados em celebridades. Durante sete meses, ela foi a namorada do DJ e produtor Skrillex, expoente do dubstep. “As pessoas parecem se preocupar mais com a minha vida amorosa”, diz ela, comparando antes e depois do namoro com o músico norte-americano, cujo nome verdadeiro é Sonny Moore.
Ainda que acostumada ao ritmo frenético que a vida artística lhe impôs, a britânica precisa de minutos só para ela. E encontrou isso na corrida de rua. Durante o exercício, com os fones de ouvido, ali quem corre não é a cantora, garante ela. É quando Ellie Goulding pode sair e se desligar de tudo. “É algo estritamente físico”, diz. E, nestes momentos, o tempo gira na velocidade certa. “É um alívio.”
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